PILOTO QUE FOI DERRUBADO NO PERU JÁ TINHA HISTÓRICO DE ACIDENTE, DIZ ANAC
O
piloto paranaense que teve o avião derrubado durante um voo particular
em Satipo, no Peru, Asteclínio da Silva Ramos Neto, já tinha sofrido um
acidente envolvendo outra aeronave no Paraná. O acidente foi em Foz do Iguaçu, na região oeste, em maio de 2014, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Na ocasião, segundo a Anac, Asteclínio
tinha saído de um aeroporto particular da cidade em um monomotor
brasileiro de prefixo PT-SNI para transportar quatro paraquedistas que
pretendiam fazer saltos na região. No retorno do voo, ele precisou fazer
um pouso de emergência em uma plantação de milho após ter verificado
falhas no motor. Ninguém ficou ferido.
Ainda de acordo com a Anac, desde a
época desse acidente, Asteclínio teve a habilitação e o Certificado
Médico Aeronáutico (CMA) suspensos e não renovou. Sem a renovação, ele
não poderia fazer voos em terrirórios brasileiros.
Para exercer a função no exterior, ele
precisaria de outra autorização das autoridades do país a ser
sobrevoado. O G1 não conseguiu confirmar se o piloto paranaense tinha ou
não essa autorização para fazer o voo no Peru.
A importância da renovação do CMA,
informa a Anac, é assegurar, via laudo médico, que após o
incidente/acidente o piloto continua possuindo todas as capacidades
físicas e mentais para prosseguir na operação de aeronaves, visando a
segurança das operações.
O paranaense teve o avião derrubado pelo
exército peruano por suspeita de tráfico de drogas, de acordo com o
advogado Rodrigo Faucz, que foi contratado pela família para cuidar do
caso. O incidente ocorreu no dia 15 de abril.
Mãe acredita em engano "Eu acho que houve
um grande engano. Meu filho é um piloto. Ele não fez nada de errado"
afirmou Vera Lúcia de Moura, de 71 anos, antes de embarcar ao Peru no
fim da manhã deste domingo (31). Vera é mãe de Asteclínio.
Vera estava bastante emocionada e chorou
ao falar do filho, que ainda se recupera de um ferimento após ser
atingido por um tiro. A bala está alojada no abdômen dele, segundo o
advogado.
"Ele precisa de assistência médica. Ele
precisa de assistência psicológica. Ele precisa retomar a vida dele. Lá
não é o lugar dele", disse.
"Eu espero, se Deus quiser, que a gente
resolva (...) Não tem prova contra ele. Meu filho é inocente. Não existe
nada", afirmou Vera. "Que meu filho possa voltar com o nome limpo,
honrado porque ele é um homem honrado, um homem digno. Ele é um homem de
caráter, ele é uma pessoa idônea", defende.
Vera e o advogado devem voltar à capital
paranaense na quinta-feira (4). Ela mora nos Estados Unidos, mas veio ao
Brasil por causa da situação envolvendo o filho.
Entenda o caso
Com os disparos, o avião caiu em uma área
de mata e, em seguida, foi revistado pelos atiradores. Ainda de acordo
com o advogado, as equipes não constataram nenhum resquício de drogas e,
em seguida, prenderam o piloto.
Um colombiano, que não teve o nome
divulgado, era passageiro da aeronave e também ficou ferido e foi preso.
O paranaense não conhecia o colombiano, segundo Faucz. O caso está
sendo investigado pelas Forças Armadas do Peru.
"Nós não entendemos ainda o porquê de
terem aberto fogo contra essa aeronave e de terem efetuado a prisão. Meu
cliente nunca se envolveu com qualquer situação ilícita", relatou o
advogado, que declarou ainda que Asteclínio concluiu o curso de piloto
civil em 2013.
Asteclínio tinha ido até a Bolívia para
verificar a possibilidade de cursar medicina. O homem que o contratou
fez o pagamento adiantado do serviço, explica Faucz.
Rodrigo Faucz disse ainda que o piloto
decolou com o colombiano de Santa Rosa, na Bolívia, em direção ao Peru.
"O avião pousou em Satipo para pegar um terceiro passageiro, mas ele não
estava no local. Foi então que os atiradores derrubaram a aeronave.
Isso não deu nem dois minutos depois da decolagem", acrescenta Faucz.
O caso aconteceu no dia 15 de abril. O
paranaense teve ferimentos no braço e no abdômen e ficou hospitalizado
sob custódia da polícia peruana por três semanas. Ele recebeu alta no
dia 14 de maio e foi transferido para um presídio de Satipo.
O governo peruano foi procurado para
comentar a situação, mas as autoridades locais informaram apenas que
estão tratando o caso diretamente com o Itamaraty.
O Ministério das Relações Exteriores
informou ao G1, em nota, que a Embaixada do Brasil, em Lima, foi
informada pelas autoridades peruanas no dia 17 de abril sobre a prisão
de Asteclínio por “estar pilotando aeronave que seria utilizada para
transporte de quantidades consideráveis de drogas, destinadas ao mercado
internacional”.
"No Peru, o nacional conta com defensor
público designado para acompanhar o processo. O Ministério das Relações
Exteriores, por meio da Divisão de Assistência Consular e da Embaixada
em Lima, segue prestando ao Sr. Asteclínio da Silva Ramos Neto toda a
assistência cabível. No próximo dia 31, o advogado contratado pela
família do senhor Asteclínio no Brasil deverá chegar a Lima com familiar
do brasileiro, e receberão assistência do Consulado brasileiro durante a
estada no Peru", diz outro trecho da nota.
Nesta segunda, está prevista uma reunião na Embaixada com o advogado da família.
Leia a íntegra da nota do Itamaraty
Informamos que em, no dia 17 de abril, a Embaixada do Brasil em Lima foi
informada pelas autoridades peruanas sobre a prisão do nacional
brasileiro Asteclínio da Silva Ramos Neto, por “estar pilotando aeronave
que seria utilizada para transporte de quantidades consideráveis de
drogas, destinadas ao mercado internacional”. A aeronave foi abatida
pelas forças policiais peruanas naquele país. Na ocasião também foi
detido nacional colombiano.
Na tarde deste mesmo dia, o mencionado
brasileiro foi transferido para Lima, e internado no hospital público
Hipólito Unanue, em razão de dois disparos recebidos no braço e no
abdômen.
Em 20 de abril último, foi realizada
visita ao nacional por funcionários dom Consulado do Brasil em Lima,
verificando-se ser estável seu estado de saúde. Apresentava ferimentos
provocados pelos tiros e estava recebendo alimentação por via
intravenosa.
Em 21 de maio, o Sr. Asteclínio da
Silva Ramos Neto recebeu alta hospitalar e foi transferido para presídio
em Satipo, no Departamento de Junin.
No Peru, o nacional conta com defensor público designado para acompanhar o processo.
O Ministério das Relações Exteriores,
por meio da Divisão de Assistência Consular e da Embaixada em Lima,
segue prestando ao Sr. Asteclínio da Silva Ramos Neto toda a assistência fonte/foto/G1
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