AEROPORTOS PRECISAM DE R$ 25 BI DE INVESTIMENTOS EM 17 ANOS, DIZ ESTUDO
Em 2030, o Brasil terá uma demanda anual de 312 milhões de passagens
aéreas por ano, segundo estudo da Fundação Getulio Vargas divulgado
nesta segunda-feira. Para poder atender a esse fluxo serão necessários
investimentos entre R$ 25 bilhões e R$ 34 bilhões, de acordo com o
trabalho elaborado pelo Grupo de Economia da Infraestrutura &
Soluções Ambientais da instituição. Atualmente a oferta dos 20
principais aeroportos do País é cerca de 130 milhões de passageiros por
ano.
O estudo leva em consideração o crescimento expressivo do setor, que a
partir de 2004 começou a expandir o número de passageiros em taxas
superiores a 10% ao ano. "O Brasil, pela primeira vez, teve um sinal de
massificação do transporte aéreo", disse o coordenador do grupo, Gesner
Oliveira, ao indicar o aumento da renda, o aumento da oferta de crédito e
a redução real dos preços das passagens como fatores responsáveis pelo
fenômeno.
O grande crescimento no número de usuários não foi
acompanhado, no entanto, por uma expansão da infraestrutura
aeroportuária. O levantamento cita, por exemplo, que no Brasil são
feitos em média 38 pousos e decolagens por hora, apenas 43% da média
internacional.
Por isso, para viabilizar os investimentos que preparem
os terminais para o tamanho da demanda, o estudo aponta para a
necessidade de um modelo de concessões de aeroportos que garanta a
concorrência no setor. Foram analisados dois modelos de privatização: o
adotado pelo Reino Unido e pela Austrália.
A pesquisa aponta que no caso britânico, em 1987,
optou-se por uma concessão em bloco que transferiu para uma única
empresa o controle de 60% dos passageiros do Reino Unido. "O órgão de
investigação da concorrência (Office if Fair Trading) constatou que a
concentração no setor aeroportuário era prejudicial. Verificaram-se
baixos investimentos, saturação dos terminais, altas tarifas e piora da
qualidade do serviço", diz a pesquisa, que acrescenta que a situação fez
com que o órgão regulador determinasse a venda de três aeroportos. A
última venda foi feita neste ano.
Em 1997, a Austrália privatizou os quatro principais
terminais aéreos do País, porém, restringiu a participação dos agentes
que arremataram um dos outros aeroportos nas outras concessões. O estudo
diz que em 2011 os aeroportos do País registrou tarifas abaixo da média
internacional e investimentos elevados.
Oliveira defende um modelo semelhante para as próximas
concessões no Brasil, que restrinja a participação de grupos que já
administrem outros terminais como forma de estimular a concorrência.
"Não é uma proibição absoluta, porque pode haver alguma aplicação de
capital. Não pode haver uma ingerência estratégica sobre dois complexos
aeroportuários", diz.
Na Austrália os grupos podiam participar com no
máximo 15% do capital em outra concessão, sem direito a participação na
gestão.
O conselheiro do Conselho de Desenvolvimento Econômico
(Cade) Ricardo Ruiz ressaltou que os problemas de infraestrutura nos
aeroportos se refletem na concorrência entre as empresas aéreas.
"Dependendo da estratégia de negócios, a companhia pode trombar com
algum estrangulamento de infraestrutura", disse ao lembrar que as
modificações da malha aérea, por exemplo, depende de disponibilidade dos
terminais. "Para criar uma nova rota precisa do aeroporto, do slot, da
pista e do pátio."
fonte/AgenciaBrasil/Terra
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