JATO KC-390 PODERÁ VOAR JÁ EM 2016
A implementação de uma metodologia inovadora reduziu pela metade o tempo de certificação do jato de transporte militar KC-390, o maior avião desenvolvido pela Embraer. Já adotada mundialmente por agências reguladoras de aviação como a Easa (European Aviation Safety Agency), a nova metodologia vai permitir que o KC-390 entre em operação no segundo semestre de 2016, dois anos e meio antes do prazo previsto anteriormente.
"A nova metodologia, que delega
parte das atividades de engenharia de certificação para a Embraer, já é
uma tendência mundial, mas no Brasil representa uma mudança de paradigma
nos processos de certificação que eram seguidos até então para
aeronaves militares", disse o diretor do Instituto de Fomento à
Indústria (IFI), órgão responsável pela certificação do KC-390, coronel
Marcelo Franchitto.
O diretor ressalta que a transferência de
atividades tipicamente realizadas pelas autoridades de certificação só
pode ser feita para empresas com alto nível de maturidade tecnológica e
gerencial, como é o caso da Embraer. "Dessa forma conseguimos manter a
qualidade e a confiabilidade do processo elevadas", afirmou.
Segundo o diretor, a nova estratégia de
certificação foi adotada para evitar que qualquer tipo de gargalo no
desenvolvimento do KC-390 acarretasse atraso no projeto e prejudicasse a
janela de oportunidade comercial do novo avião no mercado mundial. A
aeronave vai disputar um mercado de 728 unidades para 77 países, nos
próximos 20 anos. A empresa espera abocanhar entre 15% e 20% desse
mercado.
O avião já recebeu uma encomenda de 28
unidades da Força Aérea Brasileira (FAB) e ainda conta com um total de
32 cartas de intenção de compra feitas pela Argentina, Portugal,
República Tcheca, Chile e Colômbia. Equador, Peru e Emirados Árabes
também estão discutindo a possibilidade de compra do avião com a
Embraer.
O K-390, que tem seu primeiro voo
previsto para o próximo mês, só tem autorização para operar após a
emissão do certificado de tipo (do projeto), feita pelo IFI. O certificado é uma garantia da segurança de operação da aeronave e do cumprimento dos requisitos de projeto.
Para garantir o cumprimento dos
prazos previstos no cronograma de trabalho da certificação do KC-390, o
IFI está pedindo autorização para a contratação de 34 servidores
temporários. A Divisão de Certificação de Produtos Aeroespaciais do IFI,
de acordo com Franchitto, conta hoje com 90 engenheiros civis e
militares. O pedido de contratação está sendo analisado pelo Ministério
do Planejamento, que já enviou uma comitiva ao IFI para conhecer de
perto o trabalho de certificação e as necessidades do Instituto.
"A nossa expectativa é que até janeiro já
tenhamos a aprovação dessas contratações, que serão feitas com base na
Lei 8745/03", disse o coronel. O diretor explica que o KC-390 tem dois
processos de certificação em andamento, sendo um no IFI, que cuida da
versão militar do avião e outro na Anac, responsável pela certificação
civil da aeronave.
O plano de certificação do KC-390 (com
600 páginas), apresentado pela Embraer em maio, encontra-se em fase de
avaliação no IFI. Para assumir algumas atividades do processo de
certificação, como a confecção de relatórios, pareceres técnicos,
simulações e ensaios, a Embraer submeteu à aprovação do IFI um manual de
credenciamento. O documento habilitou a empresa como Organização de
Projeto Credenciado (OPC).
Segundo o assessor técnico do IFI,
tenente coronel José Renato de Araújo Costa, 624 requisitos do KC-390
deverão ser certificados pelo Instituto. A previsão é que num período de
dois anos o processo de certificação da aeronave utilize um total de
47.202 homem/hora.
O projeto do KC-390 envolve hoje a
participação de 1500 funcionários, sendo mil engenheiros. A Embraer
informou que as atividades da produção seriada da aeronave já foram
iniciadas. A primeira entrega está prevista para o fim de 2016 e a FAB
deverá receber um avião por trimestre.
O diretor do IFI estima que o
desenvolvimento do KC-390 tenha um consumo da ordem de 16 milhões de
homem/hora num prazo de oito anos. O certificado de tipo para a
plataforma básica do KC-390, também conhecida como Green, e que será
emitido pela Anac, está previsto para sair no primeiro semestre de 2016.
fonte/ValorEconomico
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