GREVE EM AEROPORTO NA FRANÇA IMPEDE TRANSPLANTE DE CORAÇÃO


Uma greve de operadores de voo em um aeroporto na França impediu a realização de um transplante de coração porque o prazo para a cirurgia não poderia mais ser cumprido. 

O avião com a equipe médica que deveria buscar o coração doado não conseguiu autorização para pousar no aeroporto em greve e teve que retornar ao local de origem sem o órgão. 

O incidente ocorreu no início de abril, mas só foi revelado pela imprensa francesa nesta semana e ganhou grande repercussão no país. 

O avião que transportava a equipe médica havia decolado de Nantes, no noroeste da França, para retirar o coração de uma mulher em estado de morte cerebral na cidade de Metz, no leste do país. 

O avião deveria depois retornar rapidamente a Nantes para implantar o órgão em uma paciente de 53 anos. 

PRAZO
Mas em pleno voo a equipe médica foi informada de que o aeroporto de Metz estava fechado em razão de uma greve e que o avião deveria ser desviado para o aeroporto de Nancy, a 48 quilômetros de Metz. 

O desvio na rota não permitiria aos médicos cumprir o prazo máximo de quatro horas entre a retirada do órgão e a realização do transplante. Eles então desistiram da operação e voltaram a Nantes. 

"O desvio na rota do voo tornou impossível respeitar os prazos de retirada e transplante de um órgão", diz o doutor Olivier Machon, diretor-adjunto do hospital de Nantes. 

A mulher que deveria ter recebido o transplante de coração em Nantes, identificada apenas como Brigitte, já tinha ido ao hospital e aguardava a chegada do órgão para ser operada. 

"O cirurgião me explicou que o transplante não poderia ser realizado devido a um problema técnico. Inicialmente, achei que era algo relacionado ao coração. Só depois soube que foi por causa de uma greve de aeroporto", diz Brigitte. 

JUSTIÇA
Ela entrou nesta quinta-feira com uma ação na Justiça, que está sendo examinada pela Procuradoria de Saint-Nazaire, próxima a Nantes. 

"Quero saber quem é o responsável por essa falha e que me expliquem quais disfunções ocorreram", diz Brigitte. 

O sindicato dos operadores de voo assegura não ter recebido nenhum alerta sobre a chegada do avião e diz que o aeroporto teria sido reaberto por motivos sanitários. 

Os operadores de voo estavam em greve para protestar contra a transferência de pessoal para outra cidade. 

Segundo Deny Etienne, secretário do sindicato CGT do aeroporto de Metz, houve falhas de comunicação: o piloto do avião médico não teria entrado em contato com a pessoa certa, que estava de plantão em Metz e teria autorizado o pouso. 

"Sabemos administrar as prioridades. Casos de resgate de pessoas ou de transporte de órgãos humanos são voos prioritários. Com greve ou não, teríamos aberto o aeroporto para o pouso", diz o sindicalista. 

A família da doadora do coração também se diz chocada. "Minha irmã morreu duas vezes", diz Thierry, que pediu para não ter o nome todo revelado. Ele se refere ao fato de que o coração de sua irmã teve de ser inutilizado. 

fonte/BBCBrasil/Folha SP

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