NA FICÇÃO E NA REALIDADE, MINEIROS ENCARAM O SONHO DE FAZER O PRÓPRIO AVIÃO
Na construção, usou
rodas de bicicleta, bambu, tecido e câmara de ar de pneu para dar a
propulsão. Na companhia de seus amigos, o menino iniciou a corrida de
decolagem em uma rua tranquila de Belo Horizonte, no final dos anos de
1930. Conseguiu subir alguns metros, mas o avião caseiro se espatifou em
caixotes de galinhas em uma feira, no fim da rua.
É
com essa travessura, sonhada por tantas crianças na faixa dos 10 anos,
que começa o filme 'O menino no espelho', inspirado no romance homônimo
de Fernando Sabino.
Para
as gravações, foram usados três protótipos idênticos, sendo um deles
'pré-quebrado', usado apenas na cena em que o equipamento bate na feira.
“Enquanto um avião estava gravando, o outro já estava sendo preparado
para o take seguinte”, explicou o técnico de efeitos especiais Guilherme
Steger.
Assista ao making off do filme:
Na
trama, a construção do avião parece ser algo simples e caseiro, mas não
é nada disso. Para chegar ao ponto da gravação, a direção do filme
pediu ao técnico para fazer um projeto de um avião inspirado nas
aeronaves experimentais do início do século passado. Todo o avião é
feito de tubos de ferro de 0,5 polegada com pintura imitando bambu. Para
as asas e leme, foram usados pedaços de lençóis. Projeto terminado,
chegou a hora de concretizar o protótipo. Para as hélices de madeira
continuarem girando durante a gravação, um motor elétrico foi adaptado.
Foram dois dias diretos de gravações na cidade de Leopoldina, na Zona da
Mata mineira. Como a rua é toda calçada com pedras, o técnico teve que
colocar uma suspensão nas rodas para que o conjunto nas despedaçasse
durante as gravações.
Projeto do avião feito para o filme foi inspirado em aviões do início do século passado, como o Demoiselle |
O
motor instalado serve apenas para girar a hélice e para o voo foi usada
uma tirolesa, presa a uma caminhonete no início da rua e a um guindaste
no fim da via. Cada protótipo ficou com cerca de 40 kg e o projeto
completo custou R$ 20 mil.
Brincadeira real de adulto
A
história do garoto Fernando no filme 'O menino no espelho', lembra a do
engenheiro mineiro Ronaldo Santiago, que construiu seu próprio avião no
quintal de casa em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Se na ficção, o prefixo 'PT-P.E.I.D.O' foi apenas um detalhe da
brincadeira, na realidade, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac),
homologou o prefixo PU-RST no avião do engenheiro, que pilota pelo
Brasil afora.
Com autonomia para voar até sete horas, o Zodíaco pode ir de Belo
Horizonte a Recife, sem escalas, mas o piloto com experiência de 230
horas/voo, ainda não explorou a autonomia total do avião. Seus destinos
mais longe foram as férias em Guarapari (ES) e Porto Seguro (BA) . Por
voar baixo (teto máximo de 14.500 pés, ou 5 mil metros de altura), não
há necessidade da cabine ser pressurizada.
Avião 'caseiro' do mineiro Ronaldo tem autonomia de sete horas e voa em altitude de até cinco mil metros |
Os
primeiros testes foram feitos de forma parecida com o voo do filme.
Ronaldo levou o avião experimental para o Aeroporto de Divinópolis e fez
voos rasantes sobre a pista, com toques e arremetidas, apenas para
conhecimento dos sistemas operacionais. A aeronave começou a voar com
autorização da Anac em 2010, desde então, Ronaldo Santiago vem
aperfeiçoando a aeronave.
Serviço
O
filme 'O menino no espelho' estreia em 15 cinemas de Belo Horizonte no
dia 19 de junho e logo em seguida irá entrar em circuito nacional.
Assista ao trailler do filme:
fonte/foto/EstadoDeMinas.vrum
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