BRASIL DISCUTE TRASNFERÊNCIA DE TECNOLOGIA COM OS NOVOS CAÇAS
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação iniciou tratativas com a
fabricante sueca Saab para elaborar plano de transferência de tecnologia
associada ao desenvolvimento dos aviões de combate Gripen NG,
anunciados em dezembro como futuros caças da FAB (Força Aérea
Brasileira).
O ministro Marco Antonio Raupp se reuniu em Brasília, no dia 18 de
fevereiro, com o presidente da empresa, Hakan Buskhe, para tratar do
assunto.
O MCTI vai colaborar no processo em conjunto com o Ministério da Defesa.
Raupp disse a O VALE que a transferência de tecnologia se dará
principalmente com a cadeia produtiva aeronáutica, liderada pela Embraer
--empresa sediada em São José dos Campos.
“A Embraer e as demais empresas da cadeia é que vão receber essa
transferência”, afirmou o ministro, ex-diretor do Parque Tecnológico de
São José.
Fomento.
Segundo Raupp, o MCTI estuda a possibilidade de criar um
programa especial para essa finalidade, a exemplo dos implantados para
apoiar a indústria de Defesa, o Inova Aerodefesa.
“A minha proposta é criar um programa específico para cuidar da
transferência de tecnologia dos caças para a indústria nacional”,
frisou.
Na reunião com os executivos da Saab, Raupp definiu o secretário de
Desenvolvimento Tecnológico e Inovação, Alvaro Prata, como interlocutor
nas discussões com a fabricante sueca.
Também determinou ao secretário executivo do ministério, Luiz Antonio
Elias, e ao chefe da Assessoria de Assuntos Internacionais da pasta,
Franklin Netto, que acompanhem de perto os desdobramentos da cooperação.
“A Saab tem muita tradição em investir em pesquisa e desenvolvimento,
com um portfó-lio muito grande associado a invenções”, disse Prata após a
reunião, ao citar como exemplo o ‘air bag’ concebido pela companhia
sueca, inicialmente para uso militar.
No âmbito do Ministério da Defesa, o programa de transferência de tecnologia da Saab será tratado pelo Comando da Aeronáutica.
Contrato.
Denominado como F-X 2, o programa de renovação da frota de
caças da FAB foi finalizado em dezembro do ano passado, após mais de 15
anos de lançamento.
A presidente Dilma Rousseff (PT) bateu o martelo em favor do caça sueco.
Também estavam na disputa o francês Rafale, da Dassault, e norte-americano F-18 Super Hornet, da Boeing.
O valor da compra de 36 caças será de US$ 4,5bilhões.
As bases e o detalhamento do contrato do Brasil com a Saab serão
formatados ao longo deste ano. A previsão inicial do governo é que ele
seja assinado até o final do ano.
Os primeiros caças serão entregues a partir de 2019. A entrega
prosseguirá até 2023. A primeira aeronave tem previsão de chegada em
torno de 48 meses após a assinatura do contrato de financiamento, em
dezembro de 2014.
Montagem.
A Saab vai montar uma parte dos caças no Brasil. A previsão é
que isso seja feito em parceria com a Embraer, na fábrica de Gavião
Peixoto, onde está sediada a linha produtiva da Embraer Defesa e
Segurança.
A Saab também vai produzir parte a aeronave na fábrica que irá construir em São Bernardo do Campo.
Abimde acompanha o processo
A Abimde (Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de
Defesa e Segurança) acompanha, do ponto de vista institucional, o
processo de compra dos caças.
Em nota, o presidente da entidade, Sami Youssef Hassuani, informou que
ainda não conhece as propostas, uma vez que o processo é sigiloso.
“Confiamos plenamente que a Força Aérea Brasileira fez a escolha que
melhor atenderá o Brasil, tanto do ponto de vista operacional quanto
industrial”, afirmou o presidente da Abimde, que também comanda a
Avibras, de São José.
Na avaliação da entidade, a transferência de tecnologia e seu impacto
nas empresas do setor ainda serão definidos durante as negociações da
FAB com a empresa vencedora.
Hassuani avalia que esse será um processo longo.
“Diversas empresas estão envolvidas neste processo e a Abimde tem feito um acompanhamento institucional.”
Especialistas fazem ressalvas a projeto
O especialista em assuntos militares Expedito Bastos tem
dúvidas quanto à transferência de tecnologia do programa F-X2. “Acho
difícil, pois muitos equipamentos do Gripen são importados dos EUA”.
Para Ozires Silva, ex-presidente da Embraer, o Brasil, “em vez de
comprar os caças, deveria incentivar o desenvolvimento de um modelo
nacional”.
SAIBA MAIS SOBRE O GRIPEN NG
Fabricante: Saab (Suécia)
Comprimento: 14,1 metros
Altura: 4,5 metros
Envergadura da asa: 8,6 metros
Peso máximo: 16,5 toneladas
Alcance máximo: 4.000 quilômetros
Velocidade: 2.200 km/h
Armamento: 1 canhão de 27 mm, 6 toneladas de bombas e mísseis
Custo de voo: US$ 4.700 por hora (aproximadamente R$ 11.000)
Características: O Gripen foi desenhado para fazer
pousos e decolagens em pistas pouso pavimentadas de comprimento
limitado, com até 1.000 metros. É equipado com o radar multimodo
Ericsson PS-05/A, com funções de busca e rastreamento de alvos
múltiplos, navegação, mapeamento do terreno e ataque.
fonte/OVale
Comentários