ÁGUIA BRANCA INVESTE PARA SER MAIOR ACIONISTA DA TRIP
Mais conhecido por ser um dos três maiores do país no transporte rodoviário interestadual de passageiros, o grupo capixaba Águia Branca resolveu reforçar sua aposta na aviação comercial, setor que neste ano registra, até novembro, expansão de 15,6%.
Sem fazer qualquer barulho, usou verba própria para aumentar sua participação acionária na Trip Linhas Aéreas e passa a ser o maior acionista individual da companhia.
Em outubro, por R$ 32 milhões, comprou 8% das ações da Trip que pertenciam à Total Linhas Aéreas, e tem, agora, 44% do capital da maior empresa aérea regional do país. A alteração está sob análise da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
O grupo Águia Branca é sócio do grupo Caprioli, também do setor de transporte rodoviário de passageiros, na Trip. Os dois conglomerados têm, juntos, 72% do capital da empresa por meio da Trip Participações, sendo 36% para cada um. A compra dos 8% adicionais realizada pelo Águia Branca, que o põe na posição de maior acionista individual, foi efetivada pela Rio Novo Locações, empresa pertencente ao grupo do Espírito Santo.
Em novembro de 2007, quando a Trip comprou a operação de voos regulares de passageiros da Total, o pagamento foi efetuado parte em dinheiro, cujo valor não foi revelado, e outra parcela em ações, conta o diretor do grupo Águia Branca e presidente do conselho de administração da Trip, Renan Chieppe. Segundo ele, a Total tinha prazo até 2012 para decidir se permaneceria com as ações da Trip ou se venderia essa participação. Atualmente a operação da Total está concentrada no transporte de cargas.
"Nós antecipamos essa negociação. Para nós, o valor da operação foi mais atraente. Para eles (Total) gerou recursos para o financiamento de outros projetos", diz Chieppe. O executivo não divulgou qual foi o deságio com a antecipação da venda das ações que eram da Total, por causa de uma cláusula de confidencialidade. Ele acrescenta que o crescimento da aviação animou o grupo a aumentar seus investimentos nesse setor.
A companhia aérea americana regional SkyWest deterá os 20% restantes do capital da Trip até março de 2010. Esse prazo foi estabelecido num cromograma divulgado quando essa negociação foi fechada, em setembro do ano passado. Foi quando a empresa regional americana adquiriu 6,7% do capital da Trip e se comprometeu a investir US$ 30 milhões na companhia até obter o limite estabelecido pela legislação brasileira do setor aéreo, de 20% de capital estrangeiro em companhia aérea nacional. Esse teto está próximo de ser ampliado para até 49%, pois o projeto de lei que prevê essa mudança foi aprovado pelo Senado e será encaminhado à Câmara.
"O grupo vai fechar o ano com faturamento ao redor de R$ 2,35 bilhões, o que vai representar um crescimento de 7% em relação a 2008. Parte disso se deve ao crescimento do faturamento da Trip, que neste ano deve ficar em cerca R$ 480 milhões", afirma o presidente do grupo Águia Branca, Nilton Chieppe, tio de Renan.
Segundo ele, a Trip assumiu recentemente o posto de terceiro maior faturamento do grupo, respondendo por 20,5% do resultado total. Em primeiro está o comércio de automóveis e comerciais leves, com receita de R$ 1 bilhão. Na segunda colocação, estão os R$ 600 milhões da Vix, empresa de logística que crescerá 8,6% neste ano. Em 2010, a Trip deverá se tornar a segunda maior fonte de recursos para o Águia Branca.
O transporte rodoviário de passageiros do grupo deverá ter em 2009 receita de R$ 300 milhões, o mesmo patamar do ano passado. Em novembro, a Trip foi a quinta maior empresa aérea brasileira, entre um total de 19 companhias que operam voos domésticos regulares, com 1,89% da demanda.
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