O AVIÃO QUE CONDUZ A DISCÓRDIA
Um pequeno avião Regente vem causando discussão em Passo Fundo. Doada para ser transformada em monumento para homenagear um dos pioneiros da aviação no interior do Estado, a aeronave está há quatro anos à espera de uma definição sobre seu destino.
Aproposta de erguê-la em um pedestal na principal avenida da cidade divide opiniões e aquece o debate sobre intervenções urbanas em espaços públicos.
Desde que foi doado pela Força Aérea Brasileira (FAB) para homenagear o passo-fundense Ruy Della Méa (veja box), o avião está guardado em um hangar do aeroporto de Passo Fundo. O jornalista Muryllo Della Méa, 62 anos, filho do aviador, batalha para erguer a homenagem ao pai. Inconformado com a demora em resolver o problema, reclama do descaso com a memória do município.
– A gente vê monumento de tudo que é jeito por aí. Podemos valorizar pessoas que fizeram coisas importantes para nossa cidade e Estado – diz.
A discussão inicia-se no momento em que o jornalista indica o lugar onde deveria ser erguida a homenagem, a Avenida Brasil. Repleta de canteiros verdes e largos, a imponente via rasga de leste a oeste o principal centro urbano do norte gaúcho e já é palco de outras obras como a estátua do cantor Teixeirinha.
Para o universitário Felipe Bastos, 25 anos, o monumento deixaria poluído um dos principais cartões-postais da cidade.
– Um avião no meio da avenida? Não vejo sentido. Acho feio. Além do mais, isso já existe em outras cidades. Acho que ele deveria ser erguido em algum parque – opina.
Para o empresário Dimas Froner, a construção de um espaço para abrigar a aeronave dependeria de um estudo anterior. Para ele, o monumento poderia ser erguido na avenida desde que houvesse um planejamento adequado para deixar o local agradável aos moradores. A polêmica já rendeu assunto até na Câmara de Vereadores. Em 2008, os legisladores decidiram pela construção do monumento, mas sem local definido. A professora da Universidade de Passo Fundo (UPF) Carla Vasconcelos, mestre em planejamento urbano, explica que a polêmica ajuda a legitimar ou não esses espaços.
– Tudo que tem um impacto na paisagem deveria ser discutido de uma maneira mais ampla. Não acho que a avenida seja um lugar interessante. Ela já está repleta de outros elementos, que acabaram sumindo em meio à vegetação. O caso exige discussão.
A prefeitura informou que planeja erguer o avião em um pedestal desde o ano passado. Dificuldades orçamentárias teriam deixado o projeto para depois. A previsão é de que um monumento com o avião seja erguido em uma praça, que fica junto ao aeroporto da cidade, no início de 2010. O local não é o preferido pelo filho do homenageado, que deve continuar lutando pela obra no Centro. Até lá, o assunto deve render muita conversa pelas esquinas e ruas de Passo Fundo.
MAIS
O Regente
- Capacidade para quatro pessoas
- É monomotor
- Tem 10m50cm de envergadura
- O corpo tem 6m
- Pesa 750 quilos
QUEM FOI RUY DELLA MÉA
- Ruy Della Méa nasceu em Passo Fundo em 1918. Aos 20 anos, foi para São Paulo estudar aviação. Aos 25 anos, tornou-se comandante e começou a trabalhar em empresas aéreas, inclusive como piloto de voos internacionais. Ele abriu uma escola de pilotos em Passo Fundo e foi um dos fundadores dos aeroclubes de Carazinho e Passo Fundo. Morreu aos 57 anos.
fonte/Zero Hora foto/Jean Pimentel
Aproposta de erguê-la em um pedestal na principal avenida da cidade divide opiniões e aquece o debate sobre intervenções urbanas em espaços públicos.
Desde que foi doado pela Força Aérea Brasileira (FAB) para homenagear o passo-fundense Ruy Della Méa (veja box), o avião está guardado em um hangar do aeroporto de Passo Fundo. O jornalista Muryllo Della Méa, 62 anos, filho do aviador, batalha para erguer a homenagem ao pai. Inconformado com a demora em resolver o problema, reclama do descaso com a memória do município.
– A gente vê monumento de tudo que é jeito por aí. Podemos valorizar pessoas que fizeram coisas importantes para nossa cidade e Estado – diz.
A discussão inicia-se no momento em que o jornalista indica o lugar onde deveria ser erguida a homenagem, a Avenida Brasil. Repleta de canteiros verdes e largos, a imponente via rasga de leste a oeste o principal centro urbano do norte gaúcho e já é palco de outras obras como a estátua do cantor Teixeirinha.
Para o universitário Felipe Bastos, 25 anos, o monumento deixaria poluído um dos principais cartões-postais da cidade.
– Um avião no meio da avenida? Não vejo sentido. Acho feio. Além do mais, isso já existe em outras cidades. Acho que ele deveria ser erguido em algum parque – opina.
Para o empresário Dimas Froner, a construção de um espaço para abrigar a aeronave dependeria de um estudo anterior. Para ele, o monumento poderia ser erguido na avenida desde que houvesse um planejamento adequado para deixar o local agradável aos moradores. A polêmica já rendeu assunto até na Câmara de Vereadores. Em 2008, os legisladores decidiram pela construção do monumento, mas sem local definido. A professora da Universidade de Passo Fundo (UPF) Carla Vasconcelos, mestre em planejamento urbano, explica que a polêmica ajuda a legitimar ou não esses espaços.
– Tudo que tem um impacto na paisagem deveria ser discutido de uma maneira mais ampla. Não acho que a avenida seja um lugar interessante. Ela já está repleta de outros elementos, que acabaram sumindo em meio à vegetação. O caso exige discussão.
A prefeitura informou que planeja erguer o avião em um pedestal desde o ano passado. Dificuldades orçamentárias teriam deixado o projeto para depois. A previsão é de que um monumento com o avião seja erguido em uma praça, que fica junto ao aeroporto da cidade, no início de 2010. O local não é o preferido pelo filho do homenageado, que deve continuar lutando pela obra no Centro. Até lá, o assunto deve render muita conversa pelas esquinas e ruas de Passo Fundo.
MAIS
O Regente
- Capacidade para quatro pessoas
- É monomotor
- Tem 10m50cm de envergadura
- O corpo tem 6m
- Pesa 750 quilos
QUEM FOI RUY DELLA MÉA
- Ruy Della Méa nasceu em Passo Fundo em 1918. Aos 20 anos, foi para São Paulo estudar aviação. Aos 25 anos, tornou-se comandante e começou a trabalhar em empresas aéreas, inclusive como piloto de voos internacionais. Ele abriu uma escola de pilotos em Passo Fundo e foi um dos fundadores dos aeroclubes de Carazinho e Passo Fundo. Morreu aos 57 anos.
fonte/Zero Hora foto/Jean Pimentel
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