AVIÃO ACIDENTADO EM RORAIMA NÃO TEM SERVIÇO AEROMÉDICO, INFORMA SESAU
Avião Cessna, U206G, matrícula PP-FFR, foi encontrado na quinta-feira (30) (Foto: Divulgação/FAB)
Avião que havia desaparecido em 26 de outubro, na região Sul de Roraima, encontrado na quinta-feira (30)
não possui atendimento aeromédico, segundo Álvaro Túlio Fortes, da
Coordenação-Geral de Urgência e Emergência (Cegue), da Secretaria
Estadual de Saúde (Sesau). Um dia depois de militres da Força Aérea
Brasileira localizarem a aeronave, piloto e passageiros foram resgatados com vida a alguns quilômetros da área do suposto pouso forçado.
O avião de pequeno porte Cessna, U206G, matrícula PP-FFR, sob
responsabilidade do Gabinete da Casa Militar do estado, foi localizado
em uma área de lavrado, a 200 quilômetros de Boa Vista, quatro dias após
desaparecer. O transporte aéreo, denominado 'Saúde no Ar', e pintado
nas cores branca e vermelha, é usado para se deslocar em áreas remotas
onde não há possibilidade de resgates fluvial e terrestre.
"Nós estamos implantando ainda o atendimento aeromédico em Roraima. Por
enquanto, ainda não temos. O avião que usamos para fazer o transporte
de pacientes pertence ao governo do estado e é usado para atividades de
urgência e emergência, pois há lugares onde só se chega de avião. Temos o
compromisso de atender a pacientes em qualquer situação,
independentemente do local em que esteja", explicou Túlio Fortes.
De acordo com ele, o processo de implantação do serviço aeromédico está
em andamento, porém não há data prevista para vigorar em Roraima.
"Teremos médicos e enfermeiros credenciados e capacitados para prestar
serviço aeromédico, conforme determina a legislação do Sistema Único de
Saúde (SUS). Por isso, estamos recorrendo ao Ministério da Saúde para
instituir essa atividade no estado", disse Túlio Fortes, acrescentando
que neste mês os profissionais de Saúde da capital e interior receberão
capacitação.
Legislação
Conforme a legislação do SUS, há requisitos para a tripulação de
profissionais da Saúde em aeronaves. Para os casos de atendimento
pré-hospitalar móvel primário não-traumático e secundário, deve contar
com o piloto, um médico e um enfermeiro. Para o atendimento a urgências
traumáticas em que sejam necessários procedimentos de salvamento é
indispensável a presença de profissional capacitado.
Segundo o coordenador da Central de Regulação do Samu, o médico
Francisco Miranda, os profissionais de Saúde que prestam atendimento
pré-hospitalar móvel em Roraima são capacitados para atendimento de
urgência e emergência.
Miranda citou o caso do técnico em enfermagem Teixeira que estava no avião desaparecido
e retornava de Santa Maria do Boiaçu para Boa Vista. Ele foi prestar
assistência a duas pacientes, uma grávida de nove meses e outra com
problemas na placenta.
"Ele estava fazendo 'acompanhamento sanitário' e tem habilidades como
profissional da Saúde. O atendimento que ele foi fazer não era de
urgência. O próprio piloto falou que ele havia levado medicamentos que
ajudaram os ocupantes do avião", relatou, acrescentando que Teixeira
sempre se dispôs a a atender pacientes em lugares distantes.
O coordeandor ressaltou que o trabalho de atendimento em locais ermos
vão continuar sendo feitos por profissionais do Samu. "Há 20 anos
fazemos este trabalho [aéreo de pacientes] e continuará sendo feito com
aviões mais modernos. Seria um crime deixar de atender um paciente em
lugares onde não há atendimento adequado e não trazendo para Boa Vista",
enfatizou.
A assessoria do Ministério da Saúde informou que cabe à Sesau aderir ao
serviço aeromédico para a atividade ser oferecida em Roraima. "O
serviço é um programa de adesão, logo a Secretaria de Saúde tem de
procurar o Ministério da Saúde que avaliará se o pedido do estado será
aceito. Caso seja, recursos serão transferidos para investimento em
estrutura e capacitação de profissionais", esclareceu a assessoria.
Casa Militar
De acordo com o chefe da Casa Milita, coronel Amaro Júnior, o avião
estava sendo adaptado para o 'Saúde no Ar'. Ele destacou que a aeronave
foi homologada pelo governo e recebeu manutenção para prestar um serviço
já oferecido antes pelo estado.
"A única coisa que mudou no avião foi a pintura diferenciada e uma maca
para poder facilitar o trabalho. A aeronave passou pela homologação da
Anac [Agência Nacional de Aviação Civil] e estamos aguardando para
atuar com uma equipe específica [profissionais da saúde]", esclareceu.
Ele disse ainda que FAB está apurando o suposto pouso forçado do avião e as possíveis variações da aeronave.
"Estamos esperando um resultado e o nosso papel é auxiliar no que for
preciso. Vamos aguardar o laudo inicial para tomar as providências",
concluiu, acrescentando que pacientes continuarão sendo transportados em
aeronaves do estado. "Se for esperar o transporte fluvial ou terrestre,
há chances de dificultar o socorro à vítima", argumentou.
Conforme a assessoria de comunicação da FAB, a perícia está sendo feita
pelo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes
Aeronáuticos (Seripa). "Dois militares foram ao local do acidente para
os primeiros procedimentos. Tudo deverá ser estudado para saber as
causas", informou a assessoria.
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