APÓS PERDER MULHER E FILHAS NUM DESASTRE AÉREO, HOMEM MATA CONTROLADOR

Em 2002, um avião russo sobrevoava o Lago Constança, na Suíça. A bordo iam setenta pessoas, das quais 52 eram crianças numa viagem de férias.

A certa altura, o piloto russo percebeu que estava em rota de colisão com outro avião. Solicitou instruções, e foi-lhe dito para descer.

Os instrumentos automáticos do avião - há um sistema interno para evitar esses choques - diziam o contrário. Mas como a torre de controle suíça suíça era peremptória, o piloto resolveu fazer o que dizia. Ao descer, embateu com o outro aparelho.

Morreram todos as pessoas a bordo. Entre elas, a mulher e as duas filhas novas de Vitaly Kaloyev.

Dois anos junto às campas


Kaloyev era um arquitecto com carreira internacional. Nesse momento encontrava-se a trabalhar em Barcelona, onde as três se lhe iam juntar. Quando soube do acidente, correu a Uberlingen, uma cidade alemã onde tinha caído a maioria dos destroços.

Ao receber a confirmação de que perdera a sua família inteira, diria depois, a sua própria vida acabou. Passou os dois anos seguintes junto às campas, alimentando negros pensamentos que um dia se transformaram em acção.

Informado de que apenas um controlador aéreo se encontrava de serviço no momento fatídico, pediu às autoridades suíças o contacto dele. Como recusaram, contratou um investigador privado. Descobriu uma morada em Kloten, ao pé de Zurique. E um dia apareceu à porta de Peter Nielsen, um homem de 36 anos.

Nielsen assumira parte da culpa, mas não toda. Estava sozinho na torre quando o acidente ocorreu. Após o inquérito oficial, retirara-se da profissão. Quando Kaloyev lhe quis mostrar fotos das filhas, terá reagido mal. Foi esfaqueado até à morte, em frente à sua própria mulher e três filhas.

Suíça quer ser reembolsada

Kaloyev consolado por seu advogado


Julgado na Suíça, Kaloyev foi condenado a oito anos. Mas ao fim de dois, um tribunal achou que o seu estado mental não fora tido na devida conta, e libertou-o. Regressado à Ossétia (a sua zona de origem, onde a vingança violenta é um acto apreciado), foi recebido como herói, e nomeado para um cargo oficial importante.

A Suíça ficou indignada, mas de nada lhe valeu. Como não valeram os seus protestos ao saber há dias que Kaloyev recebera um visto para ir a Uberlingen participar na cerimónia comemorativa dos dez anos do acidente.

Inicialmente, ao aperceberem-se da asneira, as autoridades alemãs detiveram o arquitecto. Mas ele insistiu: "A minha família inteira morreu ali". Chegou-se a um acordo com a diplomacia russa. Funcionários consulares acompanharam Kaloyev ao local da comemoração, e ele prometeu deixar o país ao fim de 48 horas.    

Quando ao pedido, que a Suíça continua a fazer-lhe, de a reembolsar pelos custos da sua prisão (o equivalente a uns 157 mil dólares; na Suíça perdoa-se tudo menos o dinheiro, pelos vistos) Kaloyev praticamente cospe: "Mais valia dar o dinheiro a um orfanato. Tudo menos à Suíça".

fonte/foto/Expresso.sapo

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