IATA QUER REDEFINIR LUGAR DA AVIAÇÁO

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O poder dos clientes – eleitores Presstur 08-06-2010 (09h25) Levar os passageiros a serem “activistas” das causas da aviação, nomeadamente na exigência de que os governos desbloqueiem os estrangulamentos do sector, é o cerne da “agenda 2050” apresentada ontem à Assembleia Geral da IATA reunida em Berlim pelo seu director-geral e CEO, Giovanni Bisignani, que anunciou ser este o seu último ano na liderança da Associação.
O “racional” que Bisignani apresentou ontem à 66ª Assembleia geral da IATA reunida em Berlim, parte de um pressuposto: a aviação evoluiu drasticamente, designadamente em matéria de segurança, e tem conseguido enormes ganhos de produtividade, mas continua a ser um sector vulnerável às crises e choques que abalam o mundo e, sobretudo, apresenta margens de lucro irrisórias.

É tempo de dizer “basta”, disse e repetiu Bisignani, que mais do que um balanço de quem acabou por anunciar que considera chegada a hora de dar por “completadas as funções” que assume desde 2002, definiu uma “agenda” a 40 anos de distância.

“Chegou o tempo de pensarmos em grande”, disse Bisignani, que, parafraseando o “yes we can” de Obama, apontou o caminho do que definiu como um futuro sustentável, em que o sector passe de uma margem de 0,5% (como é a estimativa da IATA para este) para 10%.

“Em apenas uma década vejo cem mil milhões de lucros em um milhão de milhões de receitas. E quando nos aproximamos de 2050, esta margem de 10% será muito mais robusta”, previu Bisignani, que lembrou outras “ideia malucas” que liderou e que hoje são realidades, como o bilhete electrónico e os bio-combustíveis.

“Esta visão pode ser o nosso futuro”, frisou o director-geral e CEO da IATA, que lembrou às centenas de executivos da aviação mundial presentes em Berlim que na última década o sector conseguiu “enormes mudanças”, como cortar para um terço a taxa de fatalidades em acidentes aéreos, sobreviver com o barril de jet fuel a 144 dólares, aumentar a produtividade do trabalho em 63% e levar as alianças “da infância e 56% do tráfego”.

A questão levantada por Bisignani é que a despeito destas realizações e da recente crise da nuvem de cinzas na Europa ter evidenciado quão essencial é aviação nas nossas sociedades, o sector é ainda um “mal-amado”.

“Os governo regulam em excesso o nosso sector e estimam de menos o nosso papel”, acusou Bisignani, que colocou os passageiros como agente essencial para uma mudança.

“Quem pode mudar a atitude dos Governos”, questionou para enfatizar que são os eleitores e que os eleitores são os passageiros das companhias aéreas.

“Hoje temos 2,4 mil milhões de potenciais defensores da indústria e este número cresce rapidamente”, sublinhou Bisignani, para quem o que falta é que esses passageiros sejam “activistas” das causas do sector, o que passa por a aviação melhorar a proposta de valor, em termos de preço, rapidez e qualidade.

Quanto a preço, Bisignani considerou que o trabalho está feito.
Voar custa actualmente menos 40% que antes da liberalização do sector e o transporte aéreo é mais acessível que alguma vez tinha sido.

Mas já quanto à rapidez e qualidade, Bisignani defendeu que há uma evolução a fazer, porque, disse, a infra-estrutura não acompanhou o desenvolvimento do transporte aéreo, provocando atrasos tanto em terra como em voo.

“Agora o nosso desafio é ganhar o apoio dos nossos clientes para responsabilizar os governos pelas suas acções”, preconizou Bisignani, que uma vez mais centrou as suas críticas nas legislações que limitam os investimentos de capital.

“Numa década em que as companhias aéreas perderam [em média] cinco mil milhões de dólares por ano, 574 companhias aéreas começaram a operar e menos de 200 desapareceram”, referiu, para enfatizar que são “muito baixas” as regras para uma companhia iniciar operações e “muito altas” quando se trata de sair do mercado.

O resultado, frisou, é que actualmente existem 1.061 companhia aéreas e o sector é, a nível mundial, “o mais fragmentado”, com os 20 principais grupos a representarem apenas metade do sector, mesmo depois da recente onda de fusões, levando a fracos níveis de rentabilidade e a que qualquer choque assuma as proporções de luta pela sobrevivência.

Para Bisignani, a solução passa por as companhias terem um quadro regulador que lhes permita ganhos de eficiências transfronteiriças, o que, por sua vez, só é possível quando os governos assumirem que a sua responsabilidade é assegurar a segurança e criar condições de concorrência justa, bem como quando todas as actividades relacionadas, dos aeroportos à navegação aérea, compreenderem que são as companhias aéreas a espinha dorsal da cadeia de valor do transporte aéreo.
Na “visão” que apresentou, e que também ela é “cíclica” na aviação, são os aeroportos que pagam às companhias aéreas, por lhes levarem clientes para as suas actividades comerciais, em lugar de cobrarem às transportadoras por movimentos e por passageiro.

E também são os aeroportos a financiarem a gestão da navegação aérea, que por sua vez também precisa de uma “mudança radical”, por forma a permitir os ganhos de produtividade e eficiência de que as transportaras necessitam.

fonte PressTur
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