SEGURANÇA REFORÇADA APÓS ATAQUE A RADARES NA MADEIRA
Um
homem só, com uma serra, cortou a vedação da torre de radares da NAV,
na ilha de Porto Santo, e bloqueou as comunicações entre torres de
controlo aéreo durante hora e meia.
A Navegação Aérea de
Portugal (NAV) decidiu criar "medidas de segurança adicionais" nas suas
instalações de radar na ilha de Porto Santo (Madeira) depois de um
ataque às infraestruturas levado a cabo por um homem. O suspeito foi
detido no domingo pela Polícia Judiciária do Funchal, com a colaboração
da PSP, e já está em prisão preventiva.
Trata-se de um homem de 32
anos, com dupla nacionalidade (portuguesa e francesa), que num dia de
setembro se deslocou ao ponto mais alto da ilha, o Pico do Facho, com
516 metros de altitude, onde estão localizadas as infraestruturas de
radar da NAV. Munido apenas de uma serra, subiu a vedação de dois metros
e meio de altura, com arame farpado e sinalizada, e cortou vários cabos
que permitem a comunicação entre aviões. Segundo explicou ao DN o
coordenador da PJ do Funchal, Eduardo Nunes, o suspeito provocou uma
falha completa de comunicações entre as torres de controlo da Madeira e
do Centro de Controlo de Tráfego Aéreo de Lisboa, com implicações nas
comunicações por radar com os aviões que, na altura, sobrevoavam a zona
da Região Autônoma da Madeira.
A PJ concluiu que o homem sabia
exatamente o que estava a fazer e que cabos cortar, apesar de se tratar
de uma pessoa com perturbações do foro psicológico. O ato - isolado e
único, até hoje, nestas instalações da NAV em Porto Santo - configura o
crime de atentado à segurança de transporte por ar. Aconteceu em
setembro mas só no último domingo o luso-francês foi detido, quando
regressou à ilha de Porto Santo, onde tem casa e regressa com frequência
para passar temporadas. No dia do ataque, fugiu no último barco de
serviço na ilha, ao fim da tarde, e seguiu do Funchal para Lisboa e
depois para França.
Com este incidente foi exposta uma grave falha
de segurança em infraestruturas de radares aéreos da (NAV) na ilha de
Porto Santo. Segundo apurou o DN com fontes policiais, as instalações em
causa não têm sistema de vídeo vigilância no seu perímetro nem contam
com a segurança regular da PSP, força que vigia o interior e perímetros
dos aeroportos na Madeira (Funchal e Porto Santo). O suspeito foi
apanhado por câmaras de vídeo vigilância no seu percurso mas não ali. As
infraestruturas da NAV em Porto Santo contêm as antenas dos aeroportos,
da polícia, militares e vários outros sistemas de comunicação mas como
estão vedadas, e localizadas num pico remoto, ninguém vai lá, como
esclareceu uma fonte policial.
A NAV Portugal "está a preparar a
implementação de medidas adicionais de segurança para evitar a repetição
deste tipo de ocorrências", adiantou a empresa pública ao DN. "As
comunicações afetadas foram as realizadas entre as aeronaves e os
serviços de tráfego aéreo, pelo que foram implementadas de imediato as
medidas de contingência previstas para este tipo de ocorrência, de modo a
garantir as comunicações e a segurança operacional. Nenhuma aeronave
teve que aterrar de emergência no Funchal, por este motivo", concluiu.
Se
a falha completa de comunicações incluir radar e voz, há várias
consequências, embora as torres de controlo tenham vários sistemas de
comunicação rádio (redundâncias, como se chama) para permitir
alternativas, adiantou fonte militar. "Quando falham as comunicações por
radar e voz temos um grave problema de segurança", acrescentou a mesma
fonte.
fonte/DN.pt
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