EXEMPLO DE VIDA - VIA FACEBOOK - NÃO CONFIRMADO O FONE PARA CONTATO

Como Tudo Começou!


SEU ANTONIO - CONSTRUIU MAIS DE 4.000 MAQUETES DE CABO DE VASSOURA
Em Fortaleza passei a odiar os aviões, porque um Xavante deu um rasante na Vila Peri, onde nós morávamos. Eu estava brincando no quintal, levei o maior susto e sai chorando. Eu tinha quatro anos anos.




Depois, um pouco mais velho nós inventamos fazer avião de sabugo de milho. Você sabe o que é sabugo de milho? É onde ficam presos os grãos do milho! Depois que o milho já estava seco, eu debulhava, furava o sabugo e colocava um palito. Fazia as asas de papelão. Tudo isso lá na roça. Nós éramos em quatro irmãos. A ideia foi minha de fabricar o avião de sabugo de milho. Avião de papel nós nunca fizemos.



Fui crescendo fazendo os aviões, do sabugo passei a fazer de cabo de vassoura. Eu fazia por hobby, colocava na minha estante, turbina de cartolina, tudo de cartolina, tudo simples, sem janelas e sem portinhas. Quando eu comecei era só Transbrasil. Depois fiz da Varig, Cruzeiro, Vasp.  Quando enjoava de um avião eu desmanchava e montava de outra empresa. Isso era o enfeite do meu quarto.


Eu nunca tive medo de voar. Meu primeiro foi aos 20 anos de idade, no Braguinha da  VASP, isso lá em 1970, eu trabalhava como vendedor, cobrador e entregador de uma fabriqueta de artesanato de bordados, toalhas, colchas e enxovais de noivas. Tive que fazer uma entrega urgente para meu patrão e fui de avião feliz da vida, coisa de rico naquela época. Pobre não andava de avião não. Eu viajava semanas de ônibus, minha mãe ficava desesperada sem notícias minhas. Naquela época poucos tinham telefone e celular nem existia.

Em 88 eu fiquei desempregado, ai meu irmão Luiz ficou brincando comigo para eu vender meus aviões que estavam na estante, eram dez. Todos sem acabamento, sem  janelas ou portas, tudo com material reciclado. Criei coragem, limpei todos eles e dei uma ajeitadinha e no primeiro sábado coloquei eles em duas sacolas e fui para a esquina  das ruas Jaime Benevulo com Treze de Maio (em Fortaleza perto do Aeroporto) e já no primeiro dia voltei só com dois aviões. Então descobri que vendia bem meus aviões e resolvi fabricar mais para vender.


Então eu fabricava durante a semana toda e vendia no sábado e domingo. Nessa esquina quase dois anos vendendo. Passava carros da tripalução. Fiquei conhecido por muitos funcionários da Varig, da Transbrasil, da Vasp. Muitos me ajudaram e me incentivaram. Outros me deram dicas importantes. Chegaram a me levar para dentro dos aviões mais de uma vez, até minha filha foi junto.


Os comandantes da Varig,   Ribeiro do Vale, Sergio Manfrine, Cleiton (primeiro que me fez entrar num avião, me mostrou todo o avião, detalhe por detalhe) , Bruno, Rubens, Renan (gaúcho) , da Costa, .  Meira, Tio Elói (também  me levou dentro do avião). Eles  incentivaram a ir vender na porta do hotel Faziam pedidos gordos. Fiquei seis anos vendendo na porta do Hotel para a Varig. Tinha a Comissária Silvania, ela chegava a comprar num pedido até 15 aviões. 

Foi nesse período que comecei a aprimorar as maquetes, eles me mostraram os aviões e me sugeriram que eu colocasse as janelas, as portinhas, detalhes das turbinas, do trem de pouso, entre muitas outras coisas.  O Comandante da Costa uma vez levou minha filha de três anos Adna para dentro do avião. E as comissárias  fizeram uma festa com ela a bordo, saímos de lá com uma sacola de lanches para toda família.

Depois do Hotel, passei a vender no saguão do aeroporto, por causa da propaganda da tripulação. Vendia também na Av. na Beira Mar, para os  turistas holandeses, suíças, japoneses, alemães, italianos, americanos, tudo modelos internacionais.


Teve um dia que estava muito ruim de dinheiro. Um comissário da Varig havia feito uma encomenda de 50 maquetes. Passei mais de um mês trabalhando na encomenda. Havíamos marcado a data da entrega. Quando eu menos esperava, ele me passou um telegrama avisando que havia passado para a rota internacional e que faria novo contato. E até hoje estou esperando seu contato.

 Assim, fiquei apertado, peguei uns 30 aviões e coloquei tudo numa sacola e fui tentar vender,  havia acabado o gás e a comida estava no fim também.  Lembro direitinho desses dois dias.  Na quinta feira passei o dia todo e não vendi nenhum. No sexta passei novamente o dia todo e nada de vender, já era noite e vou indo embora. Parou um carro preto ao meu lado,  o rapaz me chamou e pediu para olhar. Começou a olhar um a um. 



Eu fiquei desconfiado e preocupado. Ele pegou no saco, olhava os aviões e jogava dentro do carro, um por um. A primeira sacola foi toda para dentro do carro. Pegou a segunda sacola da minha mão, não deu tempo nem para eu dizer nada, quando eu vi  e lá se foi toda a segunda sacola para dentro do carro também. Fiquei gelado o corpo inteiro e tremendo.  Não tinha mais nenhum avião na minha mão dos 30. 

Então, ele me perguntou quanto era todos os aviões. Perguntou se eu acertava cheque. Eu disse que não porque nem emprego eu tinha. Mandou eu entrar no carro. Foi ao banco, pegou dinheiro, me pagou e me levou até perto da minha casa. Nesse dia, meu filho sou sincero ,  eu cheguei em casa até chorei porque deu para comprar o gás, comprar a comida, pagar a conta do armazém, e fazer uma festinha. Não sei de onde apareceu esse carro preto, mas até hoje eu não esqueço do carro preto.

Depois passei cinco anos sem fazer maquetes. Quando eu tive um infarte. Quando o meu amigo Comissário Gleison Cavalcante viu meus aviões, gostou e começou a negociar na internet. Foi então comecei a fazer no Face, isso em 2012 e 2013, que eu vendi muito avião. Só que tive que parar depois novamente, em razão de uma cirurgia do coração. Mas depois voltei a comecei a voltar a vender.

Em 2014 atendo o telefone, é um maluco. Outro doido apaixonado por avião. Quer me levar para São Paulo de avião. Para um evento, um encontro de construtores artesanais de maquetes de aviões. Na hora não tive a menor dúvida, isso é um GOLPE. Esse cara quer que eu mande umas maquetes para ele, isso sim. Imagina quem é que vai me mandar uma passagem aérea de graça para eu ir a São Paulo de Fortaleza. Maior 171. 

Conversei com ele, mas não dei muita confiança não. Maior vigarista. Isso foi numa quarta feira. Na sexta feira eu havia viajado para um sitio. Quando eu voltei na segunda feira, e liguei meu telefone, haviam dezenas de chamadas para meu celular. Na segunda feira o maluco falou comigo por telefone e me disse que as passagens já estavam adquiridas, que a AZUL – Gianfranco haviam me presenteado. Agradeci muito feliz. Mas ainda achava que era o maior golpe, isso sim.

No outro dia, acordei e fui no aeroporto, na loja da Azul, e qual foi minha surpresa, as passagens estavam lá mesmo. Era tudo verdade. Ai voltei para casa, e contei para todo mundo, eu vou viajar para São Paulo de avião. Vou para um encontro de Construtores de Maquetes de Aviões. 

 

Na véspera da viagem o maluco telefona para combinarmos os detalhes da minha chegada em São Paulo e do encontro no Aeroporto. E aproveita para pedir que eu lhe levasse duas encomendas de Fortaleza. Me pediu uma fruta, tinha que ser grande. Muito grande. Exageradamente grande. E tinha que levar no colo dentro do avião para não estragar. Eu disse que era só me dizer que eu iria lá no Mercado Municipal comprar. Então, ele me pediu uma "melancia"!!!!! Que doido, onde já se viu logo uma melancia!!! Comprei não. E a outra encomenda? Pediu um "bode vivo". O que? " um bode vivo, um carneiro, uma ovelha!! É isso mesmo um bode vivo!!" E também tinha que trazer dentro do avião. Dias depois estava desembarcando em São Paulo, sem bode e sem melancia. Mas levei meu aviõezinhos de recordação.

Conheci pessoas maravilhosas, o Comandante Sérgio Knock e sua esposa  Mari,  o Artesão Juliano Gomes, o Luquinhas, a sua Mãe Maria, a Jornalista  Joyce Ribeiro do SBT, o  astronauta Marcos Pontes e o doido e maluco Jones Rodrigues.
Conheci lugares maravilhosos em São Paulo, andei de Metro e fomos ao Domingo Aéreo no Campo de Marte.

Eu parei de contar o número de maquetes construídas, mas passes folgado das 4.000. Agora eu estou chique em Recife, tenho um atelier, com ventilador, com estante, internet, livros e revistas.

 

O  meu material de trabalho só tem em Fortaleza. O que tem em Recife sobrando é cabo de vassoura, acho tudo na rua. Em Fortaleza eu tinha que comprar. Aqui tem cabo de vassoura para dar e vender, em cada esquina.


Estes dias tive um novo infarte. E estou com um estoque parado de 60 aviões em pronta entrega, em liquidação para poder pagar as despesas do tratamento e hospital. Quem puder me ajudar comprando eu agradeço de coração.


Pedidos pode ser pelo face ANTONIO AUGUSTO 

ou    pelo    zap 81 9952 7290



fonte/Via Facebook

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