RESPONSÁVEIS POR AVIÃO QUE MATOU CAMPOS OFERECEM ACORDO A VÍTIMAS
Advogados representando os empresários João Carlos Lyra de Melo Filho e
Apolo Santana Vieira, que arrendaram o avião que caiu matando o candidato à Presidência da República Eduardo Campos (PSB), em Santos (litoral de São Paulo), têm oferecido acordos financeiros a moradores da área atingida.
Em troca do acordo, os afetados pela tragédia deverão abrir mão do direito de processarem os arrendatários .A situação legal do avião está sendo investigada pela Polícia Federal.
Neste sábado (13), o acidente que matou ex-governador de Pernambuco
completa um mês. Além de Campos, outras seis pessoas, entre assessores e
tripulação, morreram.
O avião caiu no terreno de uma casa no bairro Boqueirão, área
residencial de Santos. Destroços da aeronave atingiram uma academia,
casas e apartamentos. Algumas construções ainda estão interditadas.
Oficialmente, o avião, um Citation XL560, pertence à fabricante Cessna. Lyra e Vieira estão envolvidos em uma série de denúncias relacionadas à posse, uso e empréstimo da aeronave ao PSB.
A Cessna repassou o avião mediante um acordo de leasing (aluguel ou arrendamento com opção de compra) à empresa AF Andrade.
Por meio de seus advogados, a AF Andrade informou que negociou a aeronave com os empresários Lyra e Vieira, mas a transação não chegou a ser homologada pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) antes do acidente.
A Polícia Federal investiga o uso de empresas-fantasma na transação
envolvendo a AF Andrade e a dupla de empresários. Foram eles que,
segundo o PSB, autorizaram o uso do avião pela campanha de Campos.
Segundo o jornal "Folha de S.Paulo", policiais que investigam o acidente suspeita que a aeronave foi comprada com recursos de caixa dois de empresários ou do partido.
O advogado Carlos Gonçalves Júnior, do escritório Gonçalves e Bruno
Sociedade de Advogados, procurou moradores afetados pelo acidente e
ofereceu acordos extrajudiciais.Ele afirmou que, ainda que oficialmente
Lyra e Vieira não constem como arrendatários do avião junto à Anac, a
dupla já era responsável pelo avião.
"De fato, eram eles os responsáveis e por isso que eles querem ressarcir esses prejuízos", afirmou o advogado.
Sobre as denúncias envolvendo o uso de empresas-fantasma na negociação
do avião, o advogado negou qualquer irregularidade. "O que existem são
denúncias na mídia", disse.
"Conversei com algumas pessoas diretamente. Com outras, falei apenas por
meio dos seus advogados, mas acredito que já contatamos a maioria dos
atingidos", diz Júnior.
Júnior disse que pediu aos afetados que fizessem uma relação dos danos
causados pelo acidente e que os empresários Lyra e Vieira estariam
dispostos a pagar o valor "justo" pelos prejuízos.
O advogado afirmou ainda não foram feitas propostas financeiras aos
afetados pelo acidente, mas indicou que a ideia é evitar que o caso
chegue à Justiça.
"Não tem sentido fazer acordo e ir para à Justiça. O objetivo do acordo é
resolver extrajudicialmente. Nossa intenção é resolver isso com a maior
brevidade possível sem ter que submeter os atingidos ao calvário do
judiciário", disse o advogado.
O estudante e sushiman Rafael Tomaiozi, 26, que morava em um dos
apartamentos atingidos por destroços do avião, disse estar desconfiado
da iniciativa dos advogados.
"Conversei com um amigo que me disse que se a gente topar esse acordo, a
gente perde o direito de processar os responsáveis. Acho isso muito
estranho. Em todo caso, agora temos um advogado e eles vão ter que
resolver isso entre eles", afirmou.
FONTE/uol
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