POR QUE OCORREM ACIDENTES AÉREOS
Queda do jato que levava Campos foi em uma operação de aterrissagem (na foto, a caixa-preta)
Foto:
Cenipa / Reprodução
No caso da queda do jatinho em área residencial em Santos, chovia e
havia nevoeiro no momento da tentativa de pouso. A queda do jato que
levava Campos foi em uma operação de aterrissagem e, mais uma vez, se
enquadra nas estatísticas: 80% dos acidentes aéreos ocorrem durante os
procedimentos de decolagem ou de pouso. Resta saber se a aeronave teve
alguma pane. Se houve isso, é o coquetel de ingredientes clássico para
gerar tragédias. Uma resposta que vai demorar, já que as investigações
estão no início.
O Cessna Citation era novíssimo para os padrões da aviação. A
tripulação, treinada. Então o que deu errado e provocou o acidente que
matou, na quarta-feira passada, o presidenciável Eduardo Campos e mais
seis pessoas em Santos? Só a investigação conduzida pela Aeronáutica
poderá responder, em um trabalho que consome de meses a anos.
Estatísticas comprovam que mais de 60% dos desastres ocorrem por erro humano – do piloto ou de outros envolvidos no processo. É o que mostra um estudo de 2006 da Boeing. Veja a seguir ranking do site Planecrashinfo.com, especializado em segurança na aviação. Com base na análise de 1.843 acidentes aéreos de 1950 a 2006, as principais causas são as seguintes:
1. Erro do piloto: 53%
2. Falhas estruturais: 21%
3. Fatores climáticos: 11%
4. Outros erros humanos (no controle de tráfego aéreo, imperícia no carregamento de carga ou combustível, falha na manutenção, contaminação de combustível ou erro de comunicação): 8%
5. Sabotagem (bombas, sequestros ou abatimentos): 6%
6. Outras causas: 1%
Estatísticas comprovam que mais de 60% dos desastres ocorrem por erro humano – do piloto ou de outros envolvidos no processo. É o que mostra um estudo de 2006 da Boeing. Veja a seguir ranking do site Planecrashinfo.com, especializado em segurança na aviação. Com base na análise de 1.843 acidentes aéreos de 1950 a 2006, as principais causas são as seguintes:
1. Erro do piloto: 53%
2. Falhas estruturais: 21%
3. Fatores climáticos: 11%
4. Outros erros humanos (no controle de tráfego aéreo, imperícia no carregamento de carga ou combustível, falha na manutenção, contaminação de combustível ou erro de comunicação): 8%
5. Sabotagem (bombas, sequestros ou abatimentos): 6%
6. Outras causas: 1%
No Brasil, estudo desenvolvido pela pós-graduanda em Saúde Pública Márcia Fajer analisou 38 acidentes ocorridos em São Paulo entre 2000 e 2005. As principais causas: falha de motor em voo (33,3%), colisão em voo com obstáculo (30,5%), perda de controle em voo (16,7%), perda de controle em solo (5,5%), falha de comando em voo (2,8%), fenômeno meteorológico (2,8%), colisão no solo com obstáculo (2,8%), falha de sistema (2,8%) e desorientação espacial (2,8%).
Os estudos comprovam também que desastres aéreos têm múltiplas causas. Pessoas erram, mas geralmente pressionadas por outros fatores. Problemas climáticos, por exemplo, respondem por 11% dos acidentes da aviação.
Cansaço e causas externas se somam
Grande parte dos erros de pilotos (maior causa de desastres, conforme
estatísticas) ocorre por desatenção, geralmente vinculada ao cansaço. E
disso se queixou o piloto do Cessna Citation que caiu em Santos, Marcos
Martins. Uma semana antes do acidente, ele desabafou no Facebook:
"Cansadaço, voar, voar e voar. E amanhã tem mais. Recife."
Piloto de jato há 24 anos e especialista em fadiga, Paulo Ricatti
representa a Associação Brasileira de Pilotos da Aviação Civil (Abrapac)
no Comitê Nacional de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, formado por
50 entidades da aviação geral, comercial e militar do Brasil. Ricatti
considera a exaustão um dos maiores fatores para acidentes aéreos.
– Sob mau tempo, com pista escorregadia pela chuva, o piloto tem de
arremeter. Isso implica mexer em vários instrumentos, enquanto o
controlador de voo fala com ele. Tudo em altíssima velocidade. Como
fazer isso direito, se tu trabalhas até 14 horas em um dia? Complicado –
descreve Licatti, numa referência às condições de pouso e trabalho
enfrentadas pelo piloto do Cessna Citation que caiu.
O escritor Ivan Sant'Anna, estudioso de temas aeronáuticos, acredita
que a falha humana, mais uma vez, foi responsável pelo ocorrido em
Santos. Ao desistir do pouso e arremeter, o piloto pode ter incorrido no
chamado estol (a velocidade era insuficiente para manter a sustentação
da aeronave) e isso provocou uma queda de bico, avalia.
– Arremeter é complicado. Até um trem de pouso baixado pode tornar o
avião lento e fazê-lo cair – pondera Sant'Anna, que é piloto e escreveu
três livros sobre desastres aéreos.
Nos 10 acidentes analisados por Sant'Anna em suas publicações,
casualmente os fatores externos foram mais responsáveis pelos desastres
do que os pilotos. É o caso do jato Fokker da TAM que caiu em 1996 logo
depois de decolar no aeroporto de Congonhas, em São Paulo: falha em um
motor. A boa notícia é que o Brasil não é destaque mundial em desastres
aéreos. E eles tampouco têm aumentado. O auge foi nos anos de 1960.
fonte/foto/ZeroHora
Comentários