PARA PERITOS, FLAPS PODEM ELUCIDAR MOTIVO DA QUEDA
As primeiras
análises dos restos das peças do Cessna Citation que caiu na
quarta-feira, matando o ex-governador de Pernambuco e candidato à
Presidência pelo PSB Eduardo Campos e mais seis pessoas, apontaram que
os flaps do avião estavam recolhidos.
O dado sobre o flap é considerado fundamental para a avaliação das causas do acidente. Quando um piloto vai aterrissar, é preciso “baixar os flaps”, que são como extensões das asas e ajudam na sustentação e frenagem do avião no solo.
Mas no manual de instrução do jato há uma
restrição segundo a qual os flaps não podem ser recolhidos se o avião
estiver em velocidade acima de 200 nós, ou seja, acima de 370 km/h.
Assim, se o piloto acelera com os flaps
abertos, baixados, depois de uma eventual arremetida com a potência do
motor no máximo e acima desse patamar, a recomendação é para que se
reduza a velocidade, baixando a altitude, recolha os flaps e aí retome o
voo normalmente. A constatação dos peritos não é ainda conclusiva e
terá de ser mais detalhada na análise das peças pelos técnicos do Centro
de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).
Baque.
Segundo a instrução do Cessna, se os flaps forem recolhidos com o avião a mais de 370 km/h, ocorre um “put down” (baque) violento, movimento que puxa o avião para baixo, tirando a estabilidade da aeronave a ponto de desorientar o piloto.
Segundo a instrução do Cessna, se os flaps forem recolhidos com o avião a mais de 370 km/h, ocorre um “put down” (baque) violento, movimento que puxa o avião para baixo, tirando a estabilidade da aeronave a ponto de desorientar o piloto.
Portanto, para os investigadores, se os
flaps estão recolhidos é porque há duas opções imediatas: o procedimento
pode ter sido realizado no tempo certo, com velocidade certa ou o flap
foi recolhido após a arremetida, em alta velocidade.
Como o Cessna se acidentou e explodiu ao
se chocar ao solo, a análise dos peritos se volta agora para a
possibilidade de um eventual “put down”, tendo sido motivado por suposto
recolhimento do flap acima de 370 km/h, contribuindo, desta forma, para
o acidente.
O problema é que, em momentos de decisão e
tensão, as operações não são todas feitas seguindo as recomendações. E
para dificultar as investigações, na definição das diferente velocidades
adotadas pelo avião quando se aproximava da Base Aérea, o Cessna não
tinha, como equipamento de série, um gravador de dados, com informações
sobre altitude do avião no momento de suas operações cruciais, como
pouso e decolagem e comandos efetuados pelo piloto. Também não foram
gravadas as conversas mantidas pelos piloto e copiloto na cabine.
Os investigadores ainda consideram um
problema o fato de não existir torre de controle em Santos, que
centraliza e armazena vários dados do voo, mas apenas uma estação de
rádio controlada por um operador.
Segundo o operador da Base Aérea de
Santos, que já foi ouvido informalmente pela comissão de investigação, o
piloto da aeronave estava absolutamente tranquilo quando lhe informou
que estava arremetendo, assim como quando respondeu que ia esperar o
tempo melhorar para tentar nova aterrissagem. Mas há especulações de que
ele pudesse estar em uma altitude baixa, que não deu sustentação ao
avião, na hora de arremeter. Tudo isso, agravado pelo mau tempo na
região.
Segundo informações da Força Aérea, se o
avião possuísse um gravador de dados do voo seria possível apontar
exatamente a velocidade e altura do avião na hora da arremetida. Mas os
militares envolvidos ressaltam que há técnicas na investigação do
acidente que permitem que se chegue a uma precisão considerável de
importantes dados no momento do impacto, mas não da arremetida.
Segundo os técnicos, até agora, o único choque registrado do avião foi contra o solo, deixando uma cratera de quatro metros.
fonte/Estado
Comentários