INFRAERO DESPEJA AEROCLUBE DO BRASIL, FUNDADO POR SANTOS DUMONT
Em
uma semana triste para a aviação do Brasil, o setor recebeu duas
notícias trágicas no mesmo dia, na quarta-feira (13): a morte do
presidenciável Eduardo Campos (PSB) e, sem alarde, a sentença judicial
de despejo do Aeroclube do Brasil, entidade secular fundada por Alberto
Santos Dumont, em processo movido pela estatal Infraero, que administra
aeroportos.
A Justiça do Rio determinou na quarta a desocupação em
até 30 dias do Aeroclube do Brasil (ACB), em hangares do Aeroporto de
Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.
A sentença do juiz Paulo Espírito
Santo, da 2ª Vara Federal (processo nº 9444-9720144025101) vem da ação
de despejo que a Infraero move contra o Aeroclube há mais de um ano.
Fundado
por Santos Dumont em 1911, o centenário Aeroclube tornou-se ícone da
aviação civil, escola de milhares de pilotos e agora cederá lugar a
funcionários da Infraero remanejados do Aeroporto Internacional do Rio
(Galeão), que serão afastados de suas atividades com a concessão do
terminal para a iniciativa privada.
TRÂMITES
Interventor
do ACB, José Alberto Parreira informou ontem à Coluna que a 'questão
está com os advogados' e que eles vão recorrer da sentença.
Os
hangares são cedidos desde a década de 70 para o ACB, ‘porém não foi
possível a regularização da ocupação por meio de convênio não oneroso’,
explicou a Infraero. Ou seja, de cessão, a estatal negociou contrato de
aluguel, cujos valores não foram divulgados.
SEM NEGOCIAÇÃO
A
Infraero informa que ‘parte da área será utilizada para realocar
aproximadamente 189 empregados’ que atuavam no Galeão. Na sentença, o
juiz determinou que a estatal prove este remanejamento de pessoal.
O
despejo gerou comoção entre aeronautas e historiadores do País. ‘O ACB
foi o verdadeiro berço primordial de uma multidão de aeronautas, desde
sua criação no Campo dos Afonsos, por Santos-Dumont, passando por
Manguinhos, e vindo para Jacarepaguá no início da década de 70 por ordem
do Ministério da Aeronáutica’, diz o decano comandante Hamilton
Lourenço.
Em fevereiro do ano passado, a coluna revelou o
impasse judicial entre a Infraero e o ACB. À época, a estatal informara
que não havia interesse em renovação do contrato de cessão, que expirou
em 2008. Desde então, a estatal e os sócios-pilotos do ACB entraram
numa turbulência judicial, com derrotas seguidas para os aviadores.
fonte/foto/UOL/ColunaEsplanada
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