EDUARDO CAMPOS ESTAVA SATISFEITO COM O JATO, DIZ PILOTO QUE TESTOU O AVIÃO EM MAIO
Eduardo
Campos voou em aeronave Cessna modelo 560XL em maio durante teste a
ficou muito satisfeito com o desempenho, segundo piloto que o conduziu.
Com manutenção regular válida até fevereiro de 2015, prazo de aeronavegabilidade regular até fevereiro de 2017 e todas as revisões em dia, o jato Cessna 560XL
prefixo PR-AFA, que caiu na manhã da última quarta-feira em Santos
(SP), foi elogiado pelo candidato à Presidência da República Eduardo Campos (PSB), morto no acidente com com outras seis pessoas.
O piloto Fabiano de Camargo Peixoto testou o avião em maio desse ano,
junto com Campos, que se mostrou satisfeito com o desempenho da
aeronave e optou por usá-la durante a campanha presidencial. O avião
está registrado na Anac em nome da AF Andrade Empreendimentos e
Participações Ltda., que pertence ao Grupo Andrade, empresa de Ribeirão
Preto (SP) que atua no setor da cana-de-açúcar. ZH tentou contato
diversas vezes com a companhia, mas não obteve retorno.
De acordo com Fabiano de Camargo, o jato foi adquirido em 2010 para
levar executivos do grupo para viagens de negócios, mas, devido a
dificuldades financeiras, a companhia tentava vendê-lo. A aeronave foi
entregue com 350 horas de voo, número considerado baixo. Camargo
ressalta que o Cessna era ideal para descer em pistas curtas, como a da
Base Aérea do Guarujá, e é um dos melhores modelos do mercado. Confira
trechos de entrevista concedida pelo piloto a Zero Hora.
Quando o senhor voou com Eduardo Campos?
Em maio desse ano. Fizemos um voo com ele para demonstrar a aeronave. Campos estava muito satisfeito com o desempenho. Era um jato novo. O avião foi deixado em São Paulo e fiquei sabendo que novos pilotos foram contratados. Trabalho há 20 anos com aviação executiva e prestei serviços durante um ano e meio para o Grupo Andrade, por isso acabei fazendo o teste.
Ele estava com todas as revisões em dia para voar?
Sim, todas. É uma das aeronaves mais seguras que existem, ideal para pousar em aeroportos de pista curta. Até enquanto a gente voou, no período de um ano e meio, estava perfeita.
O que o senhor acha que pode ter causado o acidente?
Sabemos que há o fator meteorologia presente, o tempo estava ruim, tanto é que ele arremeteu. Não tive a informação de que o piloto declarou emergência, então, acredito que não houve problema na aeronave.
O senhor conhece o aeroporto do Guarujá? Como é para voar?
Já trabalhei algumas vezes lá, é um aeroporto que tem rádio, serviço de informação de voo e opera por instrumentos. Tem recursos, por mais que o procedimento de instrumento não seja de precisão absoluta.
O senhor tem informações sobre problemas financeiros enfrentados pelo Grupo Andrade?
A aeronave já estava à venda há quase um ano. Conheço os donos do grupo e fiquei sabendo que enfrentam uma situação financeira delicada, mas não sei mais detalhes sobre o que foi feito com o jato.
Quem era Eduardo Campos
Nascido em Recife (PE) em 1965, Eduardo Henrique Accioly Campos era o
terceiro colocado na corrida presidencial, atrás de Dilma Rousseff (PT)
e Aécio Neves (PSDB). Na última pesquisa feita pelo Ibope, o candidato do PSB tinha 9% das intenções de voto. Campos era neto e herdeiro político de um dos mais influentes líderes da esquerda nacional, o0 ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes.
Casado há mais de 20 anos com a economista Renata Campos, o
candidato deixa cinco filhos, com idades entre 21 anos e cinco meses. O
mais novo, Miguel, que recebeu o nome em homenagem ao bisavô, nasceu em
janeiro. Na época, Campos publicou uma mensagem em sua página oficial no
Facebook em que diz que "Miguel, entre outras características que o
fazem muito especial, chegou com a Síndrome de Down. Seja bem-vindo,
querido Miguel. Como disse seu irmão, você chegou na família certa!
Agora, todos nós vamos crescer com muito amor, sempre ao seu lado".
Campos governou o Estado de Pernambuco por sete anos. Elegeu-se
governador pela primeira vez em 2006, vencendo Mendonça Filho (PFL) no
segundo turno, com 60% dos votos. Conquistou a reeleição quatro anos
depois, com apoio do presidente Lula, em primeiro turno, com 82% dos
votos. Em 2013, tendo em vista as eleições deste ano, o pernambucano,
que era um dos principais aliados do PT em nível nacional, anunciou a
aliança com o movimento Rede Sustentabilidade, de Marina Silva, para
lançar chapa independente e concorrer ao Planalto.
O início da carreira política de Campos se deu na Faculdade, seguindo
os passos do avô e padrinho político: a militância política começou
durante a faculdade de Economia, quando presidiu o diretório acadêmico
do seu curso na Universidade Federal de Pernambuco. Ingressou no PSB em
1990, acompanhando Miguel Arraes, com quem trabalhava. Elegeu-se
deputado estadual neste mesmo ano.
Em 1994, foi eleito deputado federal pela primeira vez. Reelegeu-se
em 1998 e 2002. Entre 1995 e 1998, esteve licenciado do mandato para
trabalhar como secretário estadual de Governo e depois da Fazenda no
governo de Miguel Arraes.
Uma das principais lideranças da base do governo Lula no Congresso,
Campos foi chamado para comandar o Ministério de Ciência e Tecnologia e
ficou no cargo entre 2004 e 2006. Em 2005, foi eleito presidente
nacional do PSB, cargo que ocupava até sua morte.
fonte/foto/ZeroHora
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