BOEING DA MALAYSIA AIRLINES TERIA DESVIADO CENTENAS DE QUILÔMETROS DE SUA ROTA
Equipes de busca seguem vasculhando o Mar Meridional da China no quarto dia após o desaparecimento
Foto:
HOANG DINH NAM / AFP
A rede americana CNN divulgou nesta terça-feira uma informação que altera o pouco que se sabia até então sobre o desapareciomento do voo MH370, da Malaysia Airlines após partir de Kuala Lumpur,
capital da Malásia, na sexta-feira (madrugada de sábado no horário
local). Segundo um oficial sênior da Força Aérea da Malásia, mas que não
foi identificado por não estar autorizado a falar com a mídia, o último
sinal emitido pelo avião estava a centenas de quilômetros de distância
da rota, viajando na direção oposta a seu destino.
O jornal The New York Times cita um jornal malaio que atribui ao
comandante da Força Aérea do país, Rodzali Daud, a informação de que os
militares receberam "sinais" no sábado de que após a aeronave deixar de
se comunicar com os controladores no solo, mudou de curso abruptamente,
indo do sentindo nordeste para oeste e que voou centenas de quilômetros
cruzando a península da Malásia até alcançar o Estreito de Malaca, antes
de perder o rastro.
Não foi informado que tipo de sinais seriam esses, mas que o último
teria ocorrido às 2h40min de sábado (13h40min no horário de Brasília).
De acordo com o que se sabia até então, as autoridades informavam que
o contato com o avião havia sido perdido uma hora mais cedo, na rota
sobre o Golfo da Tailândia.
Na segunda-feira, as buscas foram ampliadas para oeste, o que coincidiria com a nova informação, afirma o Times.
Segundo o ex-diretor do National Transportation Safety Board Paul
Goelz ouvido pela CNN, esse tipo de desvio de curso é simplesmente
inexplicável e levanta a possibilidade de que alguém na cabine possa ter
alterado a rota deliberadamente.
O Boeing da Malaysia Airlines, que sumiu dos radares no sábado com
239 pessoas a bordo, continuava desaparecido nesta terça-feira, enquanto
a CIA e Interpol divergem sobre a possibilidade de uma ação terrorista.
— Nenhuma reivindicação foi confirmada ou corroborada desde o
desaparecimento do avião — indicou o diretor da CIA, John Brennan,
acrescentando, no entanto, que não se podia descartar um vínculo com uma
organização terrorista, como assegurou a Interpol anteriormente.
O secretário-geral da Interpol, Ronald K. Noble, por sua vez,
minimizou a pista terrorista na investigação sobre o desaparecimento do
avião.
—Quanto mais informações temos, mais nos inclinamos a concluir que não se trata de um incidente terrorista — declarou Noble.
Em referência à presença a bordo do avião de duas pessoas que
viajavam com passaportes europeus falsos, Noble explicou que se trata de
um caso de tráfico de seres humanos.
—Estamos cada vez mais seguros de que estes indivíduos não são terroristas — enfatizou.
O anúncio pela polícia de que um dos passageiros a bordo do Boeing
777 com um passaporte roubado era um iraniano provocou temores de um
ataque terrorista, mas nesta terça-feira a polícia da Malásia lançou a
hipótese de imigração ilegal.
Dois iranianos identificados pela Interpol como Puri Nur Mohammad, de
18 anos, e Delavar Seyed Mohammad Reza, de 29, aparentemente procuravam
imigrar para a Europa. O mais velho planejava ir para a Suécia para
pedir asilo, segundo a polícia sueca, e viajava com um passaporte
italiano sob o nome de Luigi Maraldi.
— Realmente não achamos que seja membro de um grupo terrorista —
afirmou o chefe da polícia malaia, Khalid Abu Bakar, sobre Reza.
Os dois passaportes, um pertencente a um italiano e o outro a um
austríaco, foram roubados em 2013 e 2012 na Tailândia, local
preferencial de diversas organizações criminosas que fornecem documentos
falsos.
Segundo a polícia tailandesa, outro iraniano, chamado de "senhor
Ali", organizou a compra das passagens dos dois homens com a
intermediação de uma agência de viagens da cidade costeira de Pattaya,
sul de Bangcoc.
O "senhor Ali" faria parte de uma "rede de traficantes de seres
humanos", que enviavam cidadãos do Oriente Médio para "trabalhar em
outros países, em especial na Europa", afirmou à AFP o chefe da polícia
da Tailândia, Panya Maman.
Mais de três dias após o desaparecimento do avião, dezenas de navios,
aviões e helicópteros de nove países (principalmente China, Estados
Unidos, Vietnã, Malásia, Filipinas, Cingapura) participam das buscas.
Pequim, destino final deste avião em que viajavam 153 chineses,
acionou 10 satélites de alta resolução para ajudar na navegação,
observação meteorológica e comunicações nos trabalhos de busca em que
participam nove países.
Buscas estendidas
O Boeing 777 desapareceu dos radares na madrugada de sábado em algum
lugar entre a Malásia e o Vietnã, uma hora depois de decolar de Kuala
Lumpur.
Os trabalhos de buscas foram ampliados na véspera no Mar da China
Meridional entre 90 km e 180 km ao redor de onde a torre de controle
perdeu o contato com a aeronave.
Desde sábado, as equipes de busca indicaram a descoberta de possíveis
restos do avião, apesar das verificações posteriores invalidarem essas
descobertas.
O Vietnã anunciou nesta terça-feira que estendeu as operações para o leste e o nordeste e pediu ajuda aos pescadores da região.
Igualmente mobilizados, os Estados Unidos enviaram dois destróieres
transportando dois helicópteros e um avião de observação. O FBI e a
Agência americana para a Segurança dos Transportes (NTSB) enviaram
técnicos e investigadores, aos quais se juntaram especialistas da
Boeing.
Entre a esperança e a resignação
À espera de notícias sobre o destino da aeronave, as famílias dos
passageiros que chegaram em Kuala Lumpur oscilam entre esperança e a
resignação.
Nesta terça-feira, as famílias chinesas se recusaram "a receber uma
ajuda financeira" de US$ 5.000 por pessoa oferecida pela Malaysia
Airlines.
"Todos os membros da família tentam manter-se otimistas e esperam que
eles tenham sobrevivido (mas) nós nos preparamos para o pior",
indicaram os parentes de Catherine e Bob Lawton, um casal de 50 anos
entre os seis australianos no voo MH370.
O Boeing 777-200 transportava 239 pessoas, incluindo duas crianças.
Além dos 153 chineses e quatro franceses, estavam a bordo 38 malaios,
sete indonésios, seis australianos, três americanos e dois canadenses,
mas também russos e ucranianos.
Se a aeronave caiu realmente no mar, este poderá ser o mais mortífero
desastre aéreo de um avião de passageiros desde 2001, data do acidente
de um Airbus A300 da American Airlines, que registrou 265 mortes nos
Estados Unidos.
fonte/ZeroHora
Comentários