AEROVIÁRIOS APOSENTADOS ACAMPAM EM PRÉDIO DE PENSÃO NO RIO

 

Média de idade dos manifestantes é de 72 anos.
Eles querem uma solução para o pagamento de pensões do Aerus.

Alba Valéria Mendonça Do G1 Rio
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Aeroviários aposentados ocupam e dormem na sede do Instituto Aerus, no Centro do Rio (Foto: Alba Valéria Mendonça/ G1)Aeroviários aposentados ocupam e dormem na sede do Instituto Aerus, no Centro (Foto: Alba Valéria Mendonça/ G1)
 
Um grupo de aposentados ocupa uma sala da sede do fundo de pensão dos aeroviários, o Instituto Aerus, no Centro do Rio, e promete resistir até encontrar uma solução para o pagamento das pensões e benefícios. Praticamente acampados no instituto desde a tarde de quinta-feira (27), eles dizem que só saem de lá quando o impasse vivido há sete anos for concluído.

"Não temos mais condições de fazer passeata, mas vamos resistir aqui até que haja uma solução. Ou melhor, a gente vai sobreviver até o fim. Como piloto, contribuí durante 38 anos. Tinha um salário de cerca de R$ 7 mil. Hoje recebo do INSS R$ 688 e não consigo complementar minha renda com o dinheiro do fundo para o qual contribuí", disse nesta sexta-feira (28) o piloto aposentado Zoroastro Ferreira Lima Filho, de 82 anos, que comandou voos pela Cruzeiro e pela Varig.

O interventor do governo federal no Aerus, José Pereira Filho disse que vai ver com Brasília, como fica a situação dos ocupantes do prédio. Diz que sabe que a situação dos aposentados é difícil, mas que a decisão está nas mãos do STF.

“O Governo nada pode fazer. Ao longo dos anos temos conseguido pagar os benefícios, com vendas de ações. Do contrário, os pagamentos já teriam sido suspensos há muitos anos”, disse Pereira Filho, que ainda ia avaliar a ocupação do instituto durante o fim de semana, quando o prédio fica fechado.

Ex-diretora do Sindicato Nacional dos Aeronautas, a comissária de bordo aposentada Graziella Biaggio, diz que o Aerus só pagará até julho o benefício mensal - que atualmente equivale a 8% do que aposentados e pensionistas têm direito. O fundo de pensão apresenta problemas desde 2001, quando a Transbrasil recolhia dinheiro dos funcionários mas não fazia os repasses ao fundo. O mesmo aconteceu anos depois com a Varig.

“O Aerus enganou todo mundo por muito tempo. Os informes que recebíamos era de um céu de brigadeiro, mas as empresas não repassaram o que recolheram dos funcionários e o instituto quebrou. Faltou fiscalização. Por isso, estamos nessa penúria, atualmente”, disse Graziella.

Segundo ela, em 2006 os aposentados e pensionistas entraram com uma ação civil pública e conseguiram a antecipação de tutela e uma ação de defasagem tarifária. Os aposentados e pensionistas foram vitoriosos em todas as instâncias, diz Graziella, mas a União continua recorrendo. O caso foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF) e teve voto favorável da relatora do processo. Mas o presidente do STF pediu vistas ao processo.

“Já ganhamos o caso, mas ainda não levamos. O governo federal tem a oportunidade de fazer um acordo com os trabalhadores, mas falta vontade política. Estamos numa situação crítica, com aposentados e pensionistas vivendo em estado precário, depois de ter contribuído uma vida inteira para ter uma velhice tranquila”, lamentou a ex-comissária.

O que é mais triste, segundo Zoroastro, é que desde o início deste processo, em 2006, 832 aposentados já morreram. Cinco deles, segundo o ex-piloto, morreram na semana passada.
“Os interventores nomeados pelo Governo federal para o Aerus nos dizem que temos de esperar a decisão final do STF. Quanto tempo mais vai durar isso? Dez anos? Quando tiver 92 anos? O que estão fazendo com a gente é crime social. Estão massacrando e matando trabalhadores. Mas vou sobreviver. Não tenho mais nada a perder. Poderia curtir meus netos, mas só saio daqui com uma solução”, disse ex-comandante.

fonte/foto/G1

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