AEROPORTO DE RIO PRETO, SÃO PAULO, VAI GANHAR UMA TORRE DE CONTROLE

O aeroporto Eribelto Manoel Reino, em Rio Preto, vai ganhar uma torre para controle do tráfego aéreo. A iniciativa foi motivada pelo crescimento do número registrado de pousos e decolagens provocado pela instalação, no local, de novas rotas aéreas desde 2009. O Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo (Daesp) está contratando o projeto para a instalação de uma torre de controle no aeroporto.

Atualmente, as orientações para aeronaves que pousam e decolam são transmitidas apenas com o auxílio de um sistema de rádio. O assunto foi discutido, na última semana de março, o superintendente do Daesp, Ricardo Volpi e o deputado estadual Orlando Bolçone. Para que haja a instalação da torre de controle, é necessário que o aeroporto apresente um volume de passageiros ideal, o que já aconteceu em Rio Preto. “A instalação da torre está em fase de estudo, sendo submetida à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e outros órgãos técnicos”, disse Bolçone.

Hoje, o aeroporto de Rio Preto possui oito operadores de rádio, mas não há contato visual do operador com os aviões que se preparam para pousar ou decolar. A função da torre de controle é basicamente a mesma, mas com visualização de todo o tráfego aéreo no aeroporto e imediações. Assim, é a torre quem determina em qual cabeceira (lado da pista) a aeronave vai pousar e a vantagem é o contato visual com as aeronaves. Pelo atual sistema de orientação disponível, quem decide em qual cabeceira ocorrerá o pouso do avião é o piloto.

Desde 2009, Rio Preto ganhou três novas companhias aéreas, que se juntaram à TAM. Primeiro foram a Trip e a Passaredo, naquele ano. O resultado é que o movimento de pousos e decolagens regulares (relativos aos voos comerciais) saltou de 3.854 em 2008 para 4.735 no ano seguinte (aumento de 32,1%). No ano seguinte, em 2010, a Pantanal começou a operar na cidade e o número daquelas operações cresceu 75,1% (foram 8.295 registros, o que equivale a uma média de 22 ocorrências diárias).

Em janeiro deste ano, a Azul passou a oferecer seus serviços também. No primeiro bimestre do ano, segundo o Daesp, o aeroporto rio-pretense registrou 1.695 pousos e decolagens regulares, quase 30 operações diárias. A cidade já teve voos da Gol, que deixou de operar por aqui no ano de 2008.

Entre 2008 e 2010, o número de passageiros que embarcaram e desembarcaram pelo aeroporto de Rio Preto cresceu 39,5%, ao passar de 304.381 para 424.740. Nos dois primeiros meses deste ano, já passaram pelo aeroporto de Rio Preto 18% do total de passageiros do ano passado, o que representa 76.563 pessoas.

Instalação melhora segurança, dizem pilotos

A instalação de uma torre de controle no aeroporto de Rio Preto vai melhorar a segurança para a aeronaves que pousam e decolam. Para o piloto de aviação executiva Rafael Cândido da Silva, sem a torre, há o risco da chegada de alguma aeronave, que não tenha rádio, cruzar na frente de outro avião. “A torre nos dá informações mais precisas sobre temperatura, pressão e vento.”

Ele explica que atualmente a coordenação do tráfego para pousos e decolagens é dos pilotos e, com a torre, esse trabalho passa a ser da mesma. “A torre controla o tráfego nas proximidades de todo o aeroporto”, afirma.

O piloto de aviação executiva Anderson Diniz Nascimento diz que a instalação de uma torre no aeroporto de Rio Preto é cogitada desde 2002 e que, hoje, com cerca de 150 operações diárias, não se trata mais de uma opção, mas de uma necessidade. “O número de voos cresceu”, disse.

O aeroporto de Rio Preto se destaca também pela quantidade de voos não regulares, ou seja, os particulares e os fretados. Apenas em fevereiro, último dado disponibilizado pelo Daesp, foram 1.418 voos não regulares, número superior aos 906 regulares operados naquele mês.

Para Nascimento, a instalação de uma torre é importante para a qualidade do trabalho dos operadores de rádio, que estão sobrecarregados e, claro, para a segurança do transporte aéreo. “A rádio apenas informa o que está acontecendo, não tem autoridade para coordenar. Com a torre, a aeronave tem de acatar as determinações,”  

Animais serão monitorados

Assim como a contratação do projeto da torre de controle, o Daesp informou que está em andamento um estudo de monitoramento da fauna no entorno do local. A previsão é que o levantamento esteja finalizado em novembro.

Neste ano, a programação de melhorias no aeroporto inclui ainda a revitalização da sinalização horizontal e vertical da pista do aeroporto. Os investimentos são de R$ 850 mil e a previsão é de que as obras comecem no mês de julho e a entrega ocorra em setembro.

No mês de maio será lançada uma licitação para a administração das áreas dos dois estacionamentos do aeroporto, que comportam 79 e 85 vagas, e hoje são administradas num contrato emergencial que termina ainda neste mês. De acordo com o Daesp, foram investidos R$ 2,1 milhões em obras no aeroporto de Rio Preto, entre 2008 e ano passado.

Houve ampliação da sala de embarque do terminal de passageiros e a substituição do farol rotativo. Foram instaladas duas máquinas de raio-x, as salas de embarque e desembarque foram climatizadas e foram comprados dois rádios VHF.

Volume de passageiros cresce

O número de embarques e desembarques no aeroporto de Rio Preto totalizou 37.710 em fevereiro deste ano. Com isso, o Eribelto Manoel Reino ocupou a segunda posição no Estado, entre os aeroportos administrados pelo Daesp. O local ficou atrás apenas da unidade em Ribeirão Preto, que registrou 85.653 ocorrências.

A quantidade de embarques e desembarques em fevereiro teve um aumento de 50,7% em relação a fevereiro de 2010, quando foram transportadas 25.016 pessoas em Rio Preto. O número de voos, entre pousos e decolagens, totalizou 2.388 operações em fevereiro, volume 79,6% superior ao do mesmo mês do ano passado, quando foram 1.329 operações. Em dois meses, foram 4.687 voos.

O transporte de carga totalizou 42.462 toneladas em fevereiro, quantidade 28,3% menor do que a transportada em fevereiro do ano passado, quando 59.232 toneladas foram transportadas. No acumulado do ano, o volume chega a 89.619 toneladas.

Governo pretende fazer concessão

O governo de São Paulo está conversando com a União a fim de dar andamento ao plano de concessão de aeroportos do Estado, que contempla o terminal de Rio Preto e outros 30 em todo o Estado. De acordo com o superintendente do Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo (Daesp), Ricardo Rodrigues Barbosa Volpi, a decisão da concessão já foi tomada pelo governador Geraldo Alckmin e o Estado está avaliando qual será o modelo a ser adotado.

Durante seminário internacional de concessão de aeroportos, realizado na última sexta-feira em São Paulo, o executivo informou que os modelos estudados atualmente são de Parceria Público Privada (PPP) administrativa ou patrocinada. Outros modelos, no entanto, não estão descartados. O critério de seleção será a menor contraprestação do Estado. O modelo inicial prevê a concessão dos aeroportos em lotes, ainda não definidos, mas Volpi não descartou a possibilidade de rever esse modelo.

Sem dar detalhes, o diretor do Daesp revelou que a maioria dos aeroportos do Estado hoje são deficitários. Em 2010, revelou, os 31 aeroportos estaduais apuraram uma receita total de R$ 16,2 milhões e uma despesa total de R$ 33,8 milhões, com resultado operacional negativo de R$ 17,6 milhões. O executivo lembrou, no entanto, que o programa depende de autorização da recém-criada Secretaria Especial de Aviação Civil (Seac).

Ele lembra que o convênio entre o Estado de São Paulo e a União é de 1980 e previa que o governo paulista não poderia conceder ou repassar os aeroportos sem prévia autorização do antigo Departamento de Aviação Civil (DAC), atual Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que está sob o guarda-chuva da Seac. “Queremos conversar com a Seac duas coisas: um prazo maior para renovação do convênio, que atualmente é de 15 anos, e a autorização para concessão desses aeroportos”, afirma. 

fonte/DiarioWeb  
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