FORNECEDORES BUSCAM OPÇÕES À EMBRAER
Os efeitos da crise financeira mundial sobre o setor aeronáutico brasileiro foram marcantes: demissões em massa, redução drástica da produção e incerteza quanto ao futuro. Passados dois anos de dificuldades, as empresas também puderam conhecer o lado positivo da crise e perceberam que, para continuar sobrevivendo nesse mercado, teriam de promover uma mudança urgente em relação ao nível de dependência do seu principal cliente, a Embraer.
Com duas fábricas no Brasil, uma em Jambeiro, no Vale do Paraíba, e outra em Botucatu (SP), a Globo Usinagem conseguiu sair da crise e se fortalecer através da diversificação da carteira de clientes.
Acaba de fechar dois importantes contratos de exportação de peças aeronáuticas para a Eaton Aerospace, dos EUA e para a Asco Industries, da Bélgica.
"Estamos investindo R$ 4 milhões este ano na ampliação das fábricas de Jambeiro e de Botucatu para atender aos novos pedidos", explica o diretor financeiro e um dos sócios da Globo, Mauro Aparecido de Paula Ferreira.
A dependência da Embraer, segundo Ferreira, ainda é alta, na casa dos 80%, mas já representa uma redução importante, se comparada ao nível de 2009, quando as encomendas da fabricante de aviões respondiam por 95% da receita da Globo. A meta da empresa para este ano, segundo ele, é que os negócios com a Embraer respondam por 70% da receita. Os outros 30% virão dos novos contratos de exportação e também de clientes do setor automobilístico, como a Fiat e a Cofap.
"Depois da crise, a Embraer agora pede para seus fornecedores nacionais para que o nível de dependência dos seus pedidos não ultrapasse os 60% e esse é um objetivo que ainda estamos perseguindo." Para enfrentar o período de recessão, segundo Ferreira, a empresa usou as reservas que tinha para capital de giro e com isso conseguiu manter o fluxo normal de produção.
"Tive que demitir 15% da minha força de trabalho, mas hoje já recontratei todos eles e estamos com um número de funcionários superior ao que nós tínhamos antes da crise", comentou. A Globo conta com 170 empregados na fábrica de Jambeiro e outros 90 em Botucatu, unidade dedicada à usinagem de peças para o jato executivo Phenom, da Embraer.
Até 2009 o nível de dependência da maioria das empresas do setor aeronáutico era de quase 100%. Hoje elas também fornecem para os setores de petróleo e gás, automotivo e linha branca e já estão exportando. Segundo o gerente executivo do Cecompi (Centro para a Competitividade e Inovação do Cone Leste Paulista), Agliberto Chagas, das 59 empresas que compõem o Arranjo Produtivo Local (APL) Aeroespacial, 40% conseguiram diversificar suas atividades e 70% retomaram o nível de produção pré-crise.
A Alltec, fabricante de peças em material composto para aplicações aeronáuticas e aeroespaciais, reduziu de 70% para 50% a dependência das encomendas da fábrica da Embraer no Brasil. Mas é para a unidade da fabricante brasileira de aviões em Portugal que a empresa começará a exportar, dentro de dois a três meses, conjuntos em material composto, que serão usados na fabricação de jatos executivos.
Segundo o diretor Euvaldo Rodriguez Albaladejo, cerca de 50% dos seus clientes são das áreas médica e automobilística. A Alltec possui quatro unidades, sendo duas em São José dos Campos, uma em Brasópolis (MG) e a mais nova em Lorena (SP), em fase final de conprojeto da nova fábrica, onde a Alltec pretende centralizar a sua produção, consumiu investimentos da ordem de R$ 15 milhões. A unidade de São José ficará dedicada aos projetos de engenharia e também para estoque de produtos.
"Nosso maior problema hoje não são recursos para a produção, mas para investimentos de risco, que são exigidos em contratos de fornecimento para grandes empresas aeronáuticas estrangeiras". O programa do novo cargueiro da Embraer, por exemplo, que deverá começar a ser produzido em 2015, só começará a dar retorno para seus parceiros, que farão investimento de risco, depois de três ou quatro anos.
"Temos muito interesse em participar desse projeto, com a fabricação de peças e montagem de conjuntos da fuselagem e estamos tentando encontrar um parceiro para dividir esse risco. O executivo estima que seria necessário um investimento da ordem de R$ 5 milhões a R$ 7 milhões somente para o KC-390.
A Graúna Aerospace, de Caçapava (SP), também está conseguindo sobreviver à crise, abrindo novas frentes nos setores aeronáutico e de petróleo. A empresa exporta componentes estruturais e peças usinadas para turbinas aeronáuticas. "A diferença cambial tem prejudicado um pouco os negócios com exportação, pois fazemos a venda em dólar e recebemos menos dinheiro em real do que quando fechamos o contrato", explica o sócio-diretor da empresa, Urbano Cícero de Fleury Araújo.
"Temos muito interesse em participar desse projeto, com a fabricação de peças e montagem de conjuntos da fuselagem e estamos tentando encontrar um parceiro para dividir esse risco. O executivo estima que seria necessário um investimento da ordem de R$ 5 milhões a R$ 7 milhões somente para o KC-390.
A Graúna Aerospace, de Caçapava (SP), também está conseguindo sobreviver à crise, abrindo novas frentes nos setores aeronáutico e de petróleo. A empresa exporta componentes estruturais e peças usinadas para turbinas aeronáuticas. "A diferença cambial tem prejudicado um pouco os negócios com exportação, pois fazemos a venda em dólar e recebemos menos dinheiro em real do que quando fechamos o contrato", explica o sócio-diretor da empresa, Urbano Cícero de Fleury Araújo.
A situação da empresa, segundo o executivo, ainda não voltou à normalidade, mas já melhorou bastante em relação ao período de crise. "Estamos hoje com 50% do nível de produção que tínhamos em 2008, antes do início da crise", disse. O BNDES Participações S.A (BNDESPar) tornou-se acionista da Graúna em 2008, quando apoiou a empresa em seu projeto de capacitação para o desenvolvimento de componentes de turbinas, que hoje são exportados para o Canadá.
fonte/ValorEconomico
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