AEROPORTO SANTOS DUMONT PODERÁ TER MENOS VOOS
A secretária estadual do Ambiente, Marilene Ramos, garantiu ontem que, até o fim do ano, o Aeroporto Santos Dumont reduzirá o número de pousos e decolagens por hora. A restrição operacional é uma das exigências do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) para que a Infraero (autarquia federal que administra os aeroportos) consiga, em definitivo, a licença de operação do aeroporto. O objetivo é diminuir o impacto ambiental causado pelos ruídos dos aviões que passam sobre bairros da Zona Sul e pelo Centro.
A secretária admite, no entanto, a possibilidade de a redução não ser de 23 para 14 pousos e decolagens por hora, como foi proposto à Infraero. Além disso, o Inea quer alterar o horário de funcionamento do aeroporto, que passaria a operar das 7h às 22h, em vez de 6h até 23h. A negociação foi noticiada anteontem pela coluna de Ancelmo Gois no GLOBO.
Para apresentar a proposta de restrição de voos, técnicos do Inea, com auxílio de uma empresa de consultoria, começaram a estudar o impacto dos ruídos em dezembro de 2009. A exigência da licença ambiental foi feita, há cerca de dois anos, quando o Santos Dumont ampliou suas operações e sua estrutura.
— O Santos Dumont fazia 14 procedimentos por hora e não havia reclamação de barulho. Não existe a possibilidade de não haver redução de voos, mas pode ser que a diminuição não seja a que foi proposta — comentou Marilene.
A Anac e a Infraero têm até 11 de novembro para apresentar uma contraproposta. Marilene informou que a tendência é o Aeroporto Internacional Tom Jobim absorver os voos que deixarão de ser operados no Santos Dumont. As reclamações contra os ruídos provocados pelos aviões se intensificaram em março do ano passado, quando o Santos Dumont voltou a operar outras rotas regionais além da ponte aérea Rio-São Paulo. E o aumento de pousos e decolagens foi registrado logo nos primeiros meses.
Entre abril e maio de 2009, o número de voos chegou à marca de 6.036, um aumento de 28,6%, em comparação com o mesmo período de 2008. Já o volume de passageiros cresceu 19,31% no mesmo período, de 655.451 para 782.009, segundo dados divulgados na época pela Agência Nacional de aviação Civil (Anac). Agora, para conceder a licença ambiental definitiva, o governo do estado volta a cobrar a redução do número de voos. Para o diretor-técnico do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea), comandante Ronaldo Jenkins, a restrição operacional vai prejudicar as companhias aéreas e os passageiros, que terão menos opções de voos.
— Vai causar um impacto muito grande no mercado. Criticam o barulho dos aviões, mas ruído urbano é superior ao ruído aeronáutico, que é eventual. Os aviões passam e o barulho some. Esta medida vai beneficiar os moradores dos bairros em volta, em detrimento de milhares de pessoas que serão prejudicadas pelos cortes do voos — diz Jenkins.
Já a presidente da Associação de Moradores e Amigos de Botafogo (Amab), Regina Chiaradia, que participou de um movimento contra a ampliação das operações no Santos Dumont, comemorou: — Estamos felizes. Há quatro meses fazemos pressão no Inea, pedido esta redução. O barulho dos aviões é ensurdecedor. Sabemos que as companhias passam por cima do bairros porque é mais barato. Se passarem pela baía, gastam mais combustível.
Atualmente, segundo o estudo do Inea, cerca de 30% dos pousos e decolagens são feitos pela chamada Rota 2, que passa sobre trechos de Centro, Santa Teresa, Catete, Flamengo, Botafogo.
fonte/OGlobo
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