BOMBARDIER COMEÇA A TESTAR DEMANDA PARA JATO MAIOR
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Maior rival da Embraer no mercado de jatos regionais, a canadense Bombardier Inc. vai em breve mostrar ao mundo como está se saindo em sua investida para concorrer com a Boeing Co. e a Airbus no mercado de aviões de médio porte.
A Bombardier deve anunciar já no domingo, antes do início do Salão Internacional da Aeronáutica de Farnborough, na Inglaterra, uma ou duas ordens significativas para o novo jato CSeries. O avião, que vai comportar até 150 passageiros e ser capaz de fazer voos internacionais, põe pela primeira vez a Bombardier contra o duopólio Boeing-Airbus que domina o mercado de aviões comerciais.
O presidente da Bombardier Aerospace, Guy Hachey, disse no mês passado que a empresa está perto de assinar "um punhado" de clientes na feira, depois de se reunir com mais de sessenta e realizar três grandes road shows do CSeries nos últimos nove meses.
A empresa já tem 90 ordens firmes e 90 potenciais para o CSeries da alemã Deutsche Lufthansa AG, da empresa irlandesa de leasing Lease Corp. International e da americana Republic Airways Holdings Inc., que opera as aéreas Frontier e Midwest. Mas essa é apenas uma fração das encomendas de que vai precisar para fazer do novo jato um sucesso.
Até agora a empresa comprometeu US$ 3,5 bilhões com o novo avião, dos quais US$ 2,5 bilhões são custos de desenvolvimento. Os custos estão sendo divididos igualmente com fornecedores e governos, entre eles os de Canadá e Reino Unido, onde a empresa tem grandes fábricas.
A Bombardier precisa provavelmente de 500 ordens firmes para cobrir os custos de desenvolvimento, diz Rick Erickson, um consultor de aviação de Calgary, Canadá.
Anúncios adicionais em Farnborough, a maior feira da aviação do mundo, indicariam um forte interesse pelo novo avião, cujas entregas estão programadas para começar em 2013. Uma falta de contratos poderia indicar turbulência à frente para o CSeries, diz Scott Rattee, um analista da Stonecap Securities Inc. de Toronto.
A empresa canadense está cortejando avidamente as empresas chinesas, montando a fuselagem do CSeries em Shenyang e levando recentemente o presidente chinês, Hu Jintao, para um tour de sua fábrica em Toronto. A Bombardier espera chegar a vender 630 jatos, ou 20% de sua produção estimada total, a aéreas chinesas.
A Bombardier, que tem sede em Montreal, pôs seu futuro e reputação em jogo com o CSeries. A empresa obtém quase metade de sua receita de US$ 19 bilhões da venda de jatos executivos e pequenos aviões que normalmente comportam menos de cem passageiros. Esses jatos são bons para trechos regionais de menos de 3.150 km e correspondem a apenas 14% da frota mundial.
A empresa afirma que o CSeries consumirá menos combustível e terá maior autonomia de voo que qualquer avião que ela já produziu. Os jatos podem comportar de 100 a 150 passageiros e fazer voos de até 5.460 km - o suficiente para cobrir a maior parte das rotas entre Europa e América do Norte, bem como entre a China e os países do sudeste da Ásia. O segmento que o CSeries almeja corresponde a quase metade da frota mundial.
A Bombardier afirma que o jato vai queimar 20% menos combustível que rivais como o Airbus A320, o Boeing 737 e o Embraer 195, já que usa novos materiais compósitos, mais leves, e uma nova geração de turbinas da Pratt & Whitney, uma divisão da United Technologies Corp.
Além disso, a Bombardier afirma que, comparado a outros jatos, o CSeries vai reduzir o óxido de nitrogênio, que é produzido durante a combustão, em 50%; o dióxido de carbono em 15%; e a poluição sonora em 30%. A companhia também afirma que vai o jato vai cortar custos de manutenção em 12% e custos operacionais em 15%.
A Bombardier estima que possa no final vender 3.150 CSeries ao longo de 20 anos, gerando receita anual de até US$ 8 bilhões. Alguns desses aviões substituiriam jatos atuais da Boeing e Airbus, o que afetaria as duas, dizem analistas.
O porta-voz da Boeing Tom Brabant diz que os novos jatos da Bombardier "vão trazer uma melhora econômica um tanto modesta em relação aos aviões atuais e deve ficar aquém das expectativas do mercado". A Airbus informou que não vê o CSeries como uma ameaça.
A Airbus, uma divisão da European Aeronautic Defence & Space Co., e a Boeing informaram que estão avaliando colocar novas turbinas em seus próprios aviões para aumentar a economia de combustível - um processo complicado que especialistas em aviação dizem que nem sempre tem sucesso. Além disso, elas enfrentam a concorrência de fabricantes de aeronaves do Japão, China e Rússia.
A principal rival da Bombardier, a Empresa Brasileira de Aeronáutica SA, também enfrenta decisões importantes sobre fazer novos jatos maiores ou usar turbinas mais novas.
fonte/WSJ/ValorEconomico
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