CONTINUAM AS INCERTEZAS SOBRE O ACIDENTE COM O SUPER PUMA NA NORUEGA
Um ano após o acidente fatal do helicóptero H225 (EC225) da Airbus Helicopters, também conhecido por ‘Super Puma’, operado pela CHC, perto de Turoy, na Noruega, a 29 de abril de 2016, o Conselho de Investigação de Acidentes da Noruega (AIBN) anunciou que ainda estão a tentar perceber a ocorrência de uma fenda no rotor principal (MGB) do aparelho e como se propagou ( notícia relacionada, post abaixo).
Através de um relatório prévio sobre o acidente divulgado no passado
dia 28 de abril, os investigadores levantaram questões sobre o processo
de certificação, como o modo da falha “parece ir contra ao que era
esperado”.
A AIBN confirmou “muitas semelhanças” com a falha do MGB que levou ao
acidente fatal de um AS332 L2 (matrícula G-REDL), da Airbus
Helicopters, na costa de Peterhead, na Escócia, em 2009.
“O AIBN continuará a investigar sobre o como e porquê da existência
de dois acidentes catastróficos semelhantes, em helicópteros idênticos
com apenas sete anos de diferença”, afirma o relatório da AIBN. “Uma
avaliação mais adicional do seguimento nas recomendações de segurança do
G-REDL e da manutenção de aeronavegabilidade da caixa de velocidades
após 2009 é uma edição relevante.”
A investigação mostrou que o acidente de 29 de abril de 2016, que
resultou na morte de 11 passageiros e dois tripulantes que seguiam a
bordo, continua a centrar-se no conjunto da barra de suspensão MRH, na
caixa de velocidades principal (MGB) e na cabeça do rotor principal.
No entanto, o AIBN ainda não conseguiu chegar a conclusões definitivas sobre o que originou o acidente.
De salientar que nenhum material de conformidade ou problemas de fabricação foram revelados durante a investigação.
Como revelado anteriormente, o MGB tinha estado envolvido num
acidente de viação durante o transporte, em 2015, mas a AIBN disse que
não encontrou nenhuma conexão com a fenda.
Quanto à semelhança com o acidente de 2009, o Conselho de
Investigação de Acidentes da Noruega observou que houve um aviso de
possível fratura de engrenagem. Infelizmente, as ações tomadas não
reconheceram a degradação do equipamento de segunda etapa, que
posteriormente falhou.
A AIBN revelou que vai continuar os testes metalúrgicos para perceber
os mecanismos por detrás das fraturas por fatiga do material. Estes
testes incluem o estudo de peças recentemente recolhidas do local do
acidente. No entanto, os investigadores dizem que ainda não conseguem
estimar uma data para o término do relatório final.
Em resposta ao relatório preliminar publicado pela AIBN, a Agência
Europeia para a Segurança da Aviação (AESA) afirmou que continua a dar
todo o seu apoio à investigação. “A EASA continua a implementar
processos de certificação robustos e comprovados tendo em conta todas as
informações disponíveis”, acrescentou o regulador. “A EASA toma
proativamente todas as medidas necessárias para mitigar os possíveis
fatores contributivos identificados, a fim de garantir a segurança dos
voos”.
Entretanto, em comunicado emitido após o lançamento do relatório, o
presidente executivo da Airbus Helicopters, Guillaume Faury, disse que a
empresa não tinha conhecimento de qualquer problema relacionado com o
acidente de 2009 no momento em que se verificou o acidente em Turoy, na
Noruega.
“As informações disponíveis para nós a partir do acidente de 2016
permitiram-nos tomar medidas de proteção que infelizmente não teríamos
posto em prática em 2009 com base nos conhecimentos e evidências
disponíveis na época, e também porque partes significativas do acidente
de 2009 nunca foram recuperados”, disse.
“No decurso da investigação do acidente de 2016, implementámos um
conjunto de medidas de proteção que foram solicitadas e validadas pela
EASA. Nada neste relatório preliminar altera isto. ”
Faury acrescentou que a Airbus estava “totalmente comprometida com a
transparência” em todas as questões relativas à segurança da aviação e
regulamentos internacionais de helicópteros.
fonte/foto/NewsAvia
ACIDENTE
Um helicóptero Eurocopter EC-225, conhecido por ‘Super Puma’,
despenhou-se nesta sexta-feira, dia 29 de abril, cerca do meio-dia
local, numa zona costeira da Noruega, junto da ilha de Troey, com 11
passageiros e dois tripulantes a bordo. A queda do aparelho verificou-se
após uma violenta explosão que destruiu o helicóptero ainda no ar,
tendo caído aos pedaços junto da costa e em rochas sobranceiras ao mar.
As equipas de salvamento recolheram 11 corpos no próprio dia do
acidente, estando desaparecidos dois, que as autoridades norueguesas dão
como mortos. Os trabalhos de busca prosseguiram no local do acidente,
por terra, mar e ar, com dezenas de meios envolvidos, com vista a
encontrar os outros ocupantes da aeronave sinistrada. Passados dois dias
ainda não apareceram os dois corpos desaparecidos provavelmente no mar.
Há ainda a possibilidade de terem sido carbonizados com os destroços do
aparelho, questão que as autoridades forenses estão a analisar.
Segundo informação das autoridades de segurança aérea o ‘Super Puma’
viajava de uma das maiores plataformas petrolíferas da Noruega, a
GulffaksB, que é explorada pela companhia nacional de petróleos, a
Statoil. Dirigia-se para o aeroporto de Flesland, em Bergen, onde
deveria deixar os passageiros. A bordo seguiam 11 noruegueses, um
britânico e um italiano, entre passageiros e tripulantes, informou a
empresa petrolífera.
O helicóptero tinha o registo LN-OJF e era operado pela empresa CHC
Helikopter Service AS, que presta serviço de transporte de técnicos para
as plataformas da Statoil.
Desde 2012 que diversas companhias tinham retirado das suas frotas os
‘Super Puma’ depois de dois acidentes graves na costa norueguesa. Este
era um dos poucos que ainda estava ao serviço na Noruega.
No dia seguinte ao acidente a imprensa norueguesa revelou que o
helicóptero acidentado tinha falhado as duas últimas inspeções técnicas
que deveriam ter sido feitas no ano passado.
A CAA, autoridade nacional de aviação civil do Reino Unido, que tem
um acordo de cooperação técnica com a sua homóloga norueguesa para as
inspeções das frota de helicópteros, mandou suspender todas as operações
que envolvam os velhos ‘Super Puma’ que ainda estão no ativo de alguma
empresas, sobretudo no transporte de trabalhadores para plataformas
petrolíferas no Mar do Norte.
fonte/NewsAvia
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