BRASIL QUESTIONA SUBSÍDIOS JAPONESES A RIVAL DA EMBRAER
Genebra - O Brasil questiona na Organização Mundial do Comércio OMC
os subsídios dados pelo Japão à fabricação de jatos, acusando Tóquio de
estar distorcendo o mercado e prejudicando as vendas da Embraer.
Os japoneses planejam entrar no mercado de jatos regionais neste ano,
com um modelo que promete ser mais eficiente em termos de consumo.
O caso foi apresentado na terça-feira, 28, em Genebra pelo Itamaraty,
mesmo não se tratando ainda de uma disputa comercial nos órgãos de
solução de controvérsias.
O Brasil cobra uma explicação sobre o dinheiro concedido pelo governo à
Mitsubishi, que está desenvolvendo a linha de jatos MitsubishiRegional
Jet.
Segundo o Itamaraty, quase 3 bilhões de ienes foram destinados a um
programa para pesquisa e desenvolvimento de eficiência na aviação.
A suspeita é de que esses recursos seriam subsídios ilegais e violariam
as regras da OMC. Isso porque, ao receber essa ajuda, os jatos
japoneses estariam concorrendo no mercado internacional em melhores
condições que a Embraer.
O Brasil pediu que Tóquio informasse a dimensão dessa ajuda e o motivo
pelo qual o Japão não notificou a OMC da existência desse programa.
Reação
Em resposta, o governo do Japão garantiu que sua política para o setor
da aviação era "consistente" com as regras da OMC e com os acordos de
subsídios. Além disso, Tóquio garante que notificou a organização de
comércio sobre seu projeto.
Sobre os programas não notificados, como o que o Brasil questionou, a
diplomacia japonesa apenas indicou que eles se referem a financiamento
para a pesquisa e que não são destinados a uma empresa específica, o que
ficaria isento de notificações na OMC.
Há quatro anos o Brasil levantou pela primeira vez o assunto. Hoje, o
mercado de jatos regionais é dominado por Brasil e Canadá.
Neste ano, Tóquio se prepara para lançar um modelo para 92 pessoas. E
já conta com 223 encomendas. A americana SkyWest, por exemplo, fez uma
encomenda de 100 jatos, com opção para mais 100.
A meta do Japão é controlar 20% do mercado mundial desse segmento e,
assim, recuperar investimentos de US$ 1,5 bilhão gastos no
desenvolvimento do modelo.
Em 2011, Brasil, Japão, EUA, Canadá e Europa assinaram um acordo
estabelecendo limites para a ajuda dos Estados ao setor aéreo, na
esperança de pôr fim à crise e às guerras comerciais. Mas o tratado não
impediu novas acusações.
De acordo com a Mitsubishi, seu novo modelo é 20% mais eficiente em termos de consumo de combustível que a média do segmento.
O jato também será mais silencioso que os concorrentes, segundo a
empresa. Aguardado como o "jato regional mais confortável do mundo", o
Mitsubishi Regional Jet ainda promete uma redução significativa de
poluentes.
Concorrência
A história da aviação no Japão está ligada à Segunda Guerra Mundial.
Nos anos 40, a Fuji Heavy Industries produziu 11 mil caças.
Mas centenas deles foram usados em ataques kamikazes. Quando Tóquio foi
derrotada na guerra, o governo americano proibiu a fabricação de aviões
pelos japoneses.
Décadas depois, a indústria japonesa foi retomada, mas apenas como
fornecedor de peças para a Boeing, inclusive para o modelo 787
Dreamliner.
Os japoneses ainda têm tecnologia de ponta para diversos segmentos da
produção de jatos. Mas até agora não tinham conseguido integrá-los em um
jato comercial inteiramente produzido no Japão. As informações são do
jornal O Estado de S. Paulo.
fonte/Exame/foto/RobertoFantinel
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