VOO TURÍSTICO ESPACIAL DEVERÁ OCORRER EM 2015

A única operadora brasileira a oferecer um pacote turístico para o espaço sideral aguarda a aprovação da International Academy of Astronautics (IAA) para a execução da primeira viagem comercial fora da Terra. Somente depois do aval, é que a empresa irá receber o pagamento das reservas de pelo menos três grandes empresários e artistas interessados em adquirir o produto, que foi lançado no País em 2012, com previsão de acontecer em março de 2015. Os passeios a bordo da nave espacial Lynx cumprirão jornadas de 60 minutos, com saídas da base aérea de Curaçao, no Caribe, de onde — bem do alto — é possível se ter a melhor visão das Américas do Sul e do Norte. Com capacidade para duas pessoas – o piloto e o turista —, a aeronave foi fabricada pela empresa norte-americana XCor Aerospace, que recentemente se uniu à holandesa Space Expedition Corporation (SXC), para vender pacotes espaciais em países como Estados Unidos, Alemanha, Canadá e Reino Unido. A operação tem um custo de US$ 107 mil por pessoa.

“A aeronave que realizará os passeios pode decolar e pousar em qualquer aeroporto. Por isso, compramos a ideia. Acreditamos que, no futuro, será possível viabilizar viagens com tempo reduzidíssimo para o Japão, por exemplo”, comenta o diretor-presidente da Operadora Sanchat Tour, Roberto Silva. Ele explica que os pacotes incluem também as passagens aéreas até Curaçao, além de hospedagem em resort antes da viagem ao espaço, uma vez que é necessário fazer um treinamento. 

“O passageiro deverá chegar a Curaçao com três dias de antecedência, para passar por simulações do voo”, informa. Outro requisito será o condicionamento físico e a boa saúde. O passageiro não pode ter problemas no coração, por exemplo. “O turista precisa apresentar atestado médico, que comprove capacidade de suportar uma velocidade 4G, ou seja, quatro vezes maior que o peso do corpo”, diz Silva. Segundo o empresário, o perfil dos interessados é bem específico: “em geral, são pilotos de fórmula 1, pilotos de avião e outras pessoas que gostam de velocidade.”

Entre o grupo de futuros “astronautas por uma hora”, está o estudante de Engenharia Elétrica da Universidade de Brasília (UNB) Pedro Henrique Dória Nehme, 23 anos, que foi contemplado com uma viagem ao espaço por ter vencido um concurso com mais de 129 mil participantes de todo o mundo, promovido pela companhia aérea holandesa KLM. O desafio lançado era adivinhar em que ponto um balão de alta altitude monitorado por câmeras e GPS iria estourar. O resultado proposto por Nehme foi o mais próximo.

“Foi um choque”, afirma Nehme, ao descrever a sensação que teve ao receber a notícia, em março de 2013. Passado o susto inicial, veio a felicidade e a expectativa de participar de um evento que promete ser “intenso e revolucionário”, na opinião do estudante. Pudera: o número de pessoas que viram a Terra de cima é pouco mais de 500. “Quero poder dividir esta experiência com o Brasil, a ponto de que haja uma repercussão grande no sentido de incentivar o desenvolvimento do setor espacial.” Estagiário da Agência Espacial Brasileira (AEB), Nehme pretende levar um experimento brasileiro para ser testado durante o treinamento e o voo.

Após decolar normalmente, a aeronave Lynx subirá verticalmente (90 graus), atingindo uma altura aproximada de 100 quilômetros acima do nível do mar, cruzando a chamada linha de Kármán, limite entre a atmosfera terrestre e o espaço sideral. A tripulação flutuará em gravidade zero por aproximadamente sete minutos, com os motores desligados. Depois, planará em círculos até retornar a seu ponto de partida, que inicialmente é a base aérea da ilha caribenha de Curaçao. Segundo Silva, até agora já há mais de 500 reservas para as viagens espaciais, realizadas junto a outras operadoras de turismo no mundo todo. “A ideia é operar com dois voos diários”, planeja Silva.

Passageiros participarão de missões de treinamento
Para poder estar completamente preparado para a viagem ao espaço, o passageiro pode participar de missões de treino opcionais da Space Expedition Corporation (SXC), empresa holandesa que vende pacotes turísticos com sete minutos de contemplação a vista para a Terra em agências dos Estados Unidos, Alemanha, Canadá e Reino Unido. O treinamento tem como objetivo mostrar e habituar o viajante aos níveis de gravidade e a voar em aeronave em alta velocidade.

De acordo com o diretor-presidente da operadora brasileira Sanchat Tour, Roberto Silva, há testes obrigatórios aos quais o turista deverá se submeter. Em uma primeira fase, o interessado deverá enviar dados completos com exames médicos para avaliação da equipe responsável pelos voos. Depois, o passageiro fará uma simulação de voo, para garantir que irá resistir à gravidade zero e à velocidade quatro vezes mais alta que o som.

O estudante de Engenharia Elétrica da Universidade de Brasília (UNB), Pedro Henrique Dória Nehme, que foi contemplado com uma viagem gratuita ao espaço a bordo da aeronave holandesa Lynx, afirma que já está praticando exercícios para ficar adaptado fisicamente aos testes.

“Primeiro, entrarei em jato de treinamento de pilotos, passando por acelerações, a cada 20 segundos, que alcançarão 4G, depois é a vez de entrar no simulador, uma espécie de centrífuga que fica rodando e submetendo novamente o corpo às acelerações. Por último, passarei pelo teste do voo zero G, realizado em avião comercial sem a maioria das poltronas”, detalha Nehme, empolgado com a missão. Neste último, se fica em um ambiente de gravidade zero durante 30 segundos. Isso se repete algumas vezes para ter a sensação antes do voo, e assim estar preparado para a aventura.

fonte/JornalDoComércio

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