TRANSTORNOS EM AEROPORTOS ELEVAM ALERTA PARA VOOS NO NATAL E RÉVEILLON
Foto:
Dani Barcellos
A poucos dias do início da temporada de maior movimento nos
aeroportos, os atrasos e cancelamentos de voos envolvendo a Gol entre
quinta-feira e domingo, elevaram o nível de alerta para evitar possíveis
transtornos para quem viaja no fim de ano. Os problemas levaram a
Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) a anunciar ontem auditoria no
sistema de gerenciamento de tripulação da empresa e cobrar da companhia
um plano para impedir que os contratempos se repitam.
Devido às falhas, agravadas pela falta de assistência adequada aos
passageiros, a Anac multou a Gol em R$ 2,5 milhões. Após a conclusão da
fiscalização, o valor pode até dobrar, disse o diretor da agência
responsável pela regulação do setor aéreo, Marcelo Guaranys.
O problema teve início com a chuva que fechou os aeroportos de São
Paulo e do Rio, com reflexos em outros terminais, mas a Gol foi a única
que não conseguiu contornar a dificuldade com a mesma agilidade. Com os
atrasos, a carga horária dos tripulantes da companhia ultrapassou o
permitido e a empresa não conseguiu deslocar outros funcionários para
solucionar o problema. Procurada, a Gol informou que não iria se
manifestar. No Salgado Filho, que chegou a ter reflexos dos problemas no
Sudeste, a situação dos voos ontem era normal.
Empresas e aeronautas negociam dissídio salarial
Para o especialista em transporte aéreo Respício Espirito Santo
Junior, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, os
contratempos causados pelo clima não eram insolúveis.
– Isso pode ser resolvido com melhor programação de escala da
tripulação, de horários de voo e também com maior eficiência dos
aeroportos – opina Respício.
Na avaliação do presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas
(SNA), Marcelo Ceriotti, os transtornos enfrentados pelos passageiros da
Gol têm origem na falta de capacidade dos aeroportos de operar com mau
tempo, mas o principal motivo seria o quadro reduzido de tripulantes em
um período de maior movimento.
Além das deficiências operacionais, discordâncias entre empresas e
aeronautas em relação ao acordo coletivo da categoria ampliam a
incerteza. Enquanto as companhias oferecem reajuste equivalente à
inflação (5,77% nos últimos 12 meses), o SNA quer aumento de 8%. Nova
reunião entre as partes ocorre nesta semana e os aeronautas fazem
assembleia na sexta-feira. Caso não haja acordo, os trabalhadores
ameaçam "algum tipo de movimento" da categoria no final do ano.
Na quinta-feira, as empresas aéreas e outros órgãos que atuam na
administração aeroportuária se reúnem para divulgar o plano de
contingência que vai tentar assegurar a tranquilidade para quem pretende
viajar entre o Natal e o final do ano.
A Anac lista os pontos que as empresas precisam reforçar
Comprometer-se com a ocupação máxima das posições de check-in nos horários de pico
Reforçar o número de funcionários em guichês exclusivos para informações e registros de reclamações
Não praticar overbooking
Colocar aeronaves reserva e aumentar o quadro de tripulantes
Remanejar as manutenções programadas nas aeronaves e reforçar o treinamento das equipes de solo
O que levou aos atrasos
Na última quinta-feira, os aeroportos de Guarulhos e Congonhas, em
São Paulo, e Santos Dumont e Galeão, no Rio, fecharam por algumas horas
devido à chuva.
Num efeito cascata, o fechamento também impactou os terminais de
Brasília, Belo Horizonte, Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre.
Com isso, diversos voos de diferentes companhias aéreas atrasaram ou foram cancelados.
A maior parte das empresas conseguiu resolver os problemas, que perduraram até o início da sexta-feira.
A Gol, no entanto, não resolveu os problemas com a mesma agilidade das demais companhias.
No caso da Gol, os tripulantes extrapolaram a carga horária permitida
por limitações de segurança e a empresa não conseguiu deslocar outros
profissionais de forma ágil. Com isso, os transtornos prosseguiram até
domingo.
fonte/ZeroHora
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