EM PRIMEIRA AÇÃO CONJUNTA DE DRONES, POLÍCIA FEDERAL E FAB APREENDEM DROGAS NA FRONTEIRA
Em uma ação inédita, os drones (veículos aéreos não tripulados – ou
vants, na sigla em português) da Força Aérea Brasileira e da Polícia Federal começaram a voar juntos para reprimir crimes na fronteira do Paraná com o Paraguai.
O G1 acompanhou nesta quinta-feira (23) uma operação na base da PF em São Miguel do Iguaçu,
a 40 km de Foz de Iguaçu, de onde partiram dois drones da FAB e um da
PF para vasculhar a fronteira. Com câmeras infravermelhas e sensores
térmicos, os drones têm permitido o monitoramento de suspeitos de
tráfico, fazendo com que policiais em terra abordem os carros e as
embarcações após a visualização.
Nesta quinta, o tempo fechado não permitiu muitos voos e os aviões
fizeram apenas uma identificação de áreas na fronteira para mapeamento.
Mas na terça-feira (22), quando os drones começaram a operar
conjuntamente pela primeira vez, os militares e os policiais dividiram o
espaço aéreo sobre o Lago de Itaipu, cercando completamente a área. A
ação resultou na apreensão de cerca de 200 kg de maconha, segundo o
chefe do Centro de Inteligência e Análise Estratégica da PF, Disney
Rossetti
A PF não diz se a droga estava em uma embarcação ou em um carro, pois não fornece informações sobre investigações em andamento.
A ideia é que o teste conjunto de drones da PF e da FAB possa ser
expandido de forma ininterrupta nas fronteiras, em especial no Norte do
país, afirma o delegado Rossetti. A ação integrada permite que “alvos”,
como a polícia denomina quadrilhas sob investigação, possam ser
monitorados diuturnamente. Isso porque se o drone da PF precisar voltar
para a base para reabastecer, o da FAB pode “rendê-lo” e continuar
seguindo os suspeitos.
“Estamos unindo forças e compartilhando conhecimento. A PF tem um
know-how de agir como polícia e usamos os vants neste sentido, como arma
de inteligência. O uso de vants ainda é novo para todos nós”, diz
Rossetti.
O coronel Donald Gramkow, comandante do Esquadrão Hórus, a tropa da FAB
que voa com os drones no Brasil, destaca a união das instituições. “Os
vants têm finalidades diferentes e nós também possuímos conhecimentos e
empregos diferentes. Somos militares de uma força armada, formados para a
guerra. Eles são policiais, possuem uma formação de inteligência. Como
estamos atuando há mais tempo, nossos pilotos, que são pilotos de caça e
outros aviões também, já adquiriram uma técnica que pode ser
compartilhada sobre como atuar com segurança."
'Disputa'
A PF e a FAB, que usam aviões de empresas concorrentes, negam que haja uma eventual disputa entre as corporações. “Não há briga nenhuma entre os vants da PF e da FAB. Isso nunca houve. A ideia do trabalho conjunto é para gerar padrões de atuação. Eles são militares, têm uma visão diferente. Nós temos uma visão policial. Eu tenho quatro pilotos formados para o vant, todos são pilotos comerciais também.
Os três pilotos deles que estão aqui são pilotos de caça. Aqui é a oportunidade para nossos pilotos conversarem, trocarem experiências que podem gerar um padrão de atuação para o futuro, para os grandes eventos”, diz o coordenador do projeto vant da PF, Álvaro Marques.
Apesar de serem de empresas concorrentes, tanto os drones da PF como os
da FAB são israelenses. A PF opera dois drones Heron, da Israel
Aeroespace Industries (IAI), que pesam até 1.100 kg e possuem autonomia
de até 36 horas. Mas como possui apenas uma central de controle em solo,
que recebe as imagens captadas e retransmite para um centro de controle
em Brasília, a PF não tem capacidade de colocar os dois aviões voando
ao mesmo tempo.
Já a FAB opera quatro drones do modelo Hermes, da Elbit, com autonomia
média de 16 horas e peso de 450 kg. Na operação, porém, apenas dois são
empregados.
Mecânicos e técnicos de ambas as empresas israelenses conversam e
participam, nos bastidores, do teste, comparando o desempenho dos
drones.
“A primeira coisa que queríamos descobrir era se, voando juntos, um não
interferia no outro. Os vants possuem radares e antenas para que possam
transmitir as imagens, em tempo real, para nossa base de controle em
solo. Com o vant da FAB e o nosso próximos no ar, constatamos que não
havia problemas, que a integração era perfeita”, diz Álvaro Marques.
“Outro teste que fizemos era para o caso de perda do link (chamado pela
FAB de “enlace”), que permite que o piloto em terra veja e controle o
vant. Se, por acaso, os três vants voando (os dois da FAB e um da PF)
perdessem o contato com o solo ao mesmo tempo, o que podia acontecer?
Como faríamos para eles voarem em segurança e pousarem sem cair ou se
chocar no ar? Combinamos que cada um voltaria para a pista por um lado
de uma cabeceira. E deu tudo certo”, acrescenta Marques.
Antes de ser agente da PF, Marques foi militar da Força Aérea e colega
do coronel Gramkow na academia militar que forma os oficiais. “Fomos
colegas e somos amigos. Aqui é de piloto para piloto, não tem
competição”, afirma.
fonte/foto/G1/TahianeStochero
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