AEROPORTUÁRIOS AMEAÇAM "RADICALIZAR" GREVE
O Sina (Sindicato Nacional dos Aeroportuários) recusou o acordo para estabilidade de 12 meses oferecida pela Infraero aos trabalhadores dos aeroportos de Brasília, São Paulo e Campinas. Com isso, o tom ameno dos grevistas, que permaneceu durante todo o dia, mudou no início da noite.
"Há muitos aeroportuários que querem adotar uma postura mais firme com o governo e paralisar todos os três aeroportos. Estamos segurando. Esse movimento não afetou a vida dos usuários e o governo não está reconhecendo isso", disse Francisco Lemos, presidente do Sina.
A razão para abreviar o movimento é uma eventual oferta de participação da categoria na discussão do edital que será lançado para a concessão dos três terminais.
A categoria quer negociar estabilidade de pelo menos dez anos, após a concessão dos aeroportos, e também quer entrar na discussão de temas operacionais dos três complexos aeroportuários.
Os aeroportuários não aceitam negociar temas pela via da consulta pública já aberta. Querem fazer parte do grupo que confecciona a modelagem que estará no edital.
No início da tarde, o sindicato disse que havia tido indicações de que receberia alguma proposta para anunciar aos trabalhadores parados nos três aeroportos. A situação mudou no final do dia.
"Estão nos oferecendo uma reunião na próxima quarta-feira, mas sem qualquer garantia de que vamos ter uma proposta que atenda as nossas reivindicações. Não quero ir lá novamente só para tomar café e beber água", disse.
A questão do Sina agora é de credibilidade. Ao convocar a categoria para uma mobilização, o sindicato assumiu um compromisso de obter uma proposta que seja considerada um avanço, algo que os grevistas não viram até o momento.
Lemos afirma, que sem isso, o sindicato pode se sentir forçado a radicalizar a greve e isso pode resultar em caos para a vida dos usuários de aeroportos nesta sexta-feira, com interrupções de serviços que funcionaram hoje graças ao plano de contingência montado pela Infraero e as companhias aéreas.
A greve moderada de todo o dia de hoje, pode sofrer um revés nas próximas horas. É a nova posição do Sina.
MOVIMENTO
A greve não teve forte impacto no movimento dos passageiros durante o dia. Dos 203 voos domésticos programados para o aeroporto de Guarulhos até as 19h, 16 sofreram atrasos e oito foram cancelados. Nas rotas internacionais, oito dos 179 voos programados para o período atrasaram e um foi cancelado.
O aeroporto de Viracopos, em Campinas, registrou quatro cancelamentos -- um internacional -- e dois atrasos, de um total de 101 voos programados até as 19h.
Em Brasília, o aeroporto funciona normalmente na tarde desta quinta-feira, apesar da paralisação dos funcionários da Infraero e das previsões de atrasos e cancelamentos pelo Sina.
A Infraero mantém plano de contingenciamento para que as operações de pouso e decolagem não sejam prejudicadas. Segundo a empresa, funcionários de outras áreas foram remanejados para atividades essenciais ao funcionamento do terminal, como o sistema de informações de voos e a fiscalização de pátio e pousos.
Dos 157 voos nacionais operados entre 0h e 19h de quinta, houve dez atrasos e nove cancelamentos. De acordo com a Infraero, os cancelamentos não são resultado da greve e estão sob a responsabilidade das companhias aéreas.
GREVISTAS
No estacionamento do aeroporto de Brasília, membros do Sina posicionaram um carro de som em frente à área de desembarque. No início da tarde, cerca de 70 funcionários estiveram no local para apoiar a paralisação.
Em alguns pontos do aeroporto, estão penduradas faixas com os dizeres: "Privatização é aumento de passagens e tarifas".
Segundo Francisco Hélio de Barros, um dos diretores do sindicato, os grevistas não estão atrapalhando o plano de contingenciamento da Infraero por entenderem que os aeroportos "não podem parar".
"Estamos mantendo o funcionamento em nível crítico. Nas atividades essenciais, estão os funcionários de cargo de confiança [como gerentes e diretores]. Se mantivermos a greve durante as 48h previstas, haverá pressão", disse Barros.
O diretor informou que há estimativa de que 500 funcionários entrem em greve em Brasília.
fonte/Folha
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