AERONAVE AGRÍCOLA DESAFIA LEGISLAÇÃO
Durante a tarde de domingo, uma aeronave agrícola fazendo manobras no centro da cidade (Campo Mourão), deixou os mourãoenses apreensivos. Desviando de barreiras como prédios e árvores o piloto ainda não identificado passou cerca de 30 minutos fazendo manobras arriscadas.
Quem morava em prédios na região chegou a descrever para a reportagem da TRIBUNA características físicas do piloto, para se ter uma ideia da pequena distancia entre eles e o avião.
Um homem de aproximadamente 50 anos, usando um boné preto. Essa foi a imagem que um adolescente que assistia as manobras da janela de sua casa guardou. Preferindo não se identificar, ele contou que em alguns momentos ele lembrava do 11 de setembro de 2001, quando dois aviões sequestrados derrubaram as torres gêmeas nos Estados Unidos.
“É claro que não é tão dramático, mas eu imagino que quem via o avião se aproximar há 10 anos pensava o mesmo que eu”, conta.Com as manobras arriscadas, a população que vive na área central temia o pior. Medo que não é sem sentido, de acordo com os dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), somente em 2010, foram registrados 11 acidentes envolvendo aeronaves agrícolas. Embora sem vítimas, a maioria deles foi por perda de controle durante o voo.
A aeronave não pertencia à empresa que faz aplicações de defensivos em Campo Mourão e segundo os registros do Aeroporto Municipal Geraldo Guias de Aquino, não decolou de lá. Para obter a permissão de operar no espaço aéreo é preciso ter um piloto habilitado e registro na Anac e no Ministério da Agricultura, além de informar à Secretaria de Agricultura do Estado sobre as aplicações e possuir um engenheiro agrônomo responsável.
Na cidade é preciso ter registro ainda na junta comercial. Um dos sócios da empresa explicou que atitudes irresponsáveis como aquela leva a demissão imediata.Exceto em pousos e decolagens é terminantemente proibido que a aeronave esteja a menos de 300 metros em um raio de 600 metros do maior obstáculo, ou seja, a partir do prédio mais alto, ele só pode transitar 300 metros acima.
Em outro prédio da área central, os moradores deixaram suas casas e foram para a rua observar a manobra. Não faltou quem acreditasse que o condutor estava um pouco embriagado. “Se na estrada eles estão fiscalizando tanto, agora vão ter de começar a fazer o bafômetro também no ar”, disse um deles em tom de ironia. Contestando essa ideia, outra senhora disse que aquilo estava parecendo coisa de homem tentando impressionar a namorada.
A reportagem tentou, mas não conseguiu identificar o piloto. Em contato com a assessoria de imprensa da Anac, a reportagem foi informada de que o órgão responsável por esse tipo de controle é o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea).
Quem tiver informações sobre o piloto, como, por exemplo, o número da aeronave deve encaminhar ao departamento, que recentemente criou uma junta para apurar casos como esse, em que há risco não só para o piloto, mas para a população. A página na internet do órgão é www.decea.gov.br.
fonte/ foto/ATribunaDoInterior
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