PERIGO NO AEROPORTO DE SOROCABA, SÃO PAULO - RELATO DE UM PILOTO
Caros colegas forenses;
Como faço parte do elo SIPAER, venho por meio deste informá-los o fato que ocorreu comigo na noite de 20/12/2010, com a finalidade de alertá-los e de alguma forma contribuir para que não passem pelo susto que passei.
Por motivo de sigilo, não citarei a matrícula da aeronave, o local de decolagem e tipo de voo bem como pessoas envolvidas.
Decolei na noite do dia 20/12/2010 com um Emb. 711, a atmosfera estava estável e muito agradável de se voar, estava tudo tranqüilo e o voo seguia normalmente através dos corredores visuais da TMA SP, por estes motivos, decidi fazer alguns toques e arremetidas e então retornaria para o local em que decolei.
Ao me aproximar da cidade de Sorocaba, aproximadamente as 22:10, logo avistei o aeródromo e notei que seu balizamento estava aceso.
Ao me aproximar mais, quase que a 5 minutos do ingresso no circuito de tráfego, percebi que havia falhas no balizamento, sendo que muitas lâmpadas do lado direito da pista 18 estavam apagadas. Achei estranho, mas continuei com a aproximação, próximo da final, notei que as luzes verdes que ficam na cabeceira, também estavam apagadas, mas tudo parecia estar normal, porque há pouco tempo antes uma aeronave tinha decolado.
Pousei normalmente, comandei flap up, apliquei toda potência e arremeti. Após passar 500 pés, percebi uma luz verde e para minha infelicidade, era algum inconseqüente que estava com aquele lazer verde de alta intensidade.
O voo continuava normal, ingressei na perna do vento, base e final... desta vez resolvi pousar com flap 40 e manter uma velocidade menor para um pouso mais suave. Talvez por sorte, esta decisão tenha me salvado.
O pouso na rwy 18 foi muito tranqüilo, como de praxe, fiz os procedimentos para arremeter, e quando olhei para frente, avistei uma placa de madeira de 2 por 3 metros, parecida com um pequeno outdoor bem na centerline.
Se quer deu tempo para dizer aquele famoso “Aiii baralho” hahahaha,... o impacto foi inevitável e após só pensei em cortar a mistura, desligar tudo que fosse elétrico, fechar a seletora e abandonar a aeronave.
Por alguns instantes, até pensei que fosse uma tentativa de assalto, tive receio de sair correndo da aeronave, mas ao abrir a porta e dar alguns passos encima da asa, escutei bem longe algumas pessoas gritarem “se fod....” “seu filho da p....” e etc...
Corri desesperadamente no meio da pista em direção ao terminal, como estava muito escuro, mal dava pra avistar alguém que estive próximo, após correr quase 700 metros, avistei uma viatura da PM, e alguns policiais à paisana que apareceram assustados ao me ver, tentei contar o que tinha acontecido, mas nem conseguia respirar direito e se quer pronunciar uma palavra.
Entrei na viatura e voltei para onde estava a aeronave. Em minutos, apareceram policiais de todos os lados, parecia que tinha acontecido um assalto à banco, mas infelizmente ninguém foi identificado.
O balizamento foi desligado e então o que me restava era aguardar a visita do CENIPA para averiguar o fato ocorrido e tomar suas providências.
O toque ocorreu as 22:21 e somente por volta das 02 da madrugada o CENIPA chegou. Para minha felicidade logo fui avisado de que não perderia o CCF, pois o que tinha ocorrido foi atribuído como interferência ilícita e não uma falha na operação. Então, por este motivo, o caso deveria ser conduzido pela polícia, aguardei mais uma hora pela visita do delegado e após algumas ligações, fui informado de que ele não poderia comparecer, mas que estava autorizado a remover a aeronave da pista para outro local.
Para finalizar, gostaria de ressaltar algumas colocações:
- O aeródromo de Sorocaba SDCO não possui bombeiros ou qualquer tipo de brigada contra incêndio.
- Não seria dever dos seguranças e administração prover segurança da operação e certificar de que todos auxílios estão em perfeito funcionamento?
- Como um aeródromo que possui operação de aeronaves de mais de 60 milhões de dólares pode apresentar tamanha falha?
Naquele momento me senti numa terra de ninguém e agora me sinto indignado com o que aconteceu, quando falo para os conhecidos, todos se espantam ao saber que colidi com madeiras sobre a pista. Realmente o caso é inacreditável e poderia ter me matado.
De tudo que ocorreu, aprendi a voar com mais responsabilidade, estar preparado para o inesperado e sempre consultar tudo que for auxiliar a segurança do voo, bem como solicitar informações via rádio do DAESP quando for operar nestes aeródromos.
Graças a Deus estou vivo e sai sem qualquer arranhão, somente um susto e mais uma história para contar...
Fotos que registrei:
Como faço parte do elo SIPAER, venho por meio deste informá-los o fato que ocorreu comigo na noite de 20/12/2010, com a finalidade de alertá-los e de alguma forma contribuir para que não passem pelo susto que passei.
Por motivo de sigilo, não citarei a matrícula da aeronave, o local de decolagem e tipo de voo bem como pessoas envolvidas.
Decolei na noite do dia 20/12/2010 com um Emb. 711, a atmosfera estava estável e muito agradável de se voar, estava tudo tranqüilo e o voo seguia normalmente através dos corredores visuais da TMA SP, por estes motivos, decidi fazer alguns toques e arremetidas e então retornaria para o local em que decolei.
Ao me aproximar da cidade de Sorocaba, aproximadamente as 22:10, logo avistei o aeródromo e notei que seu balizamento estava aceso.
Ao me aproximar mais, quase que a 5 minutos do ingresso no circuito de tráfego, percebi que havia falhas no balizamento, sendo que muitas lâmpadas do lado direito da pista 18 estavam apagadas. Achei estranho, mas continuei com a aproximação, próximo da final, notei que as luzes verdes que ficam na cabeceira, também estavam apagadas, mas tudo parecia estar normal, porque há pouco tempo antes uma aeronave tinha decolado.
Pousei normalmente, comandei flap up, apliquei toda potência e arremeti. Após passar 500 pés, percebi uma luz verde e para minha infelicidade, era algum inconseqüente que estava com aquele lazer verde de alta intensidade.
O voo continuava normal, ingressei na perna do vento, base e final... desta vez resolvi pousar com flap 40 e manter uma velocidade menor para um pouso mais suave. Talvez por sorte, esta decisão tenha me salvado.
O pouso na rwy 18 foi muito tranqüilo, como de praxe, fiz os procedimentos para arremeter, e quando olhei para frente, avistei uma placa de madeira de 2 por 3 metros, parecida com um pequeno outdoor bem na centerline.
Se quer deu tempo para dizer aquele famoso “Aiii baralho” hahahaha,... o impacto foi inevitável e após só pensei em cortar a mistura, desligar tudo que fosse elétrico, fechar a seletora e abandonar a aeronave.
Por alguns instantes, até pensei que fosse uma tentativa de assalto, tive receio de sair correndo da aeronave, mas ao abrir a porta e dar alguns passos encima da asa, escutei bem longe algumas pessoas gritarem “se fod....” “seu filho da p....” e etc...
Corri desesperadamente no meio da pista em direção ao terminal, como estava muito escuro, mal dava pra avistar alguém que estive próximo, após correr quase 700 metros, avistei uma viatura da PM, e alguns policiais à paisana que apareceram assustados ao me ver, tentei contar o que tinha acontecido, mas nem conseguia respirar direito e se quer pronunciar uma palavra.
Entrei na viatura e voltei para onde estava a aeronave. Em minutos, apareceram policiais de todos os lados, parecia que tinha acontecido um assalto à banco, mas infelizmente ninguém foi identificado.
O balizamento foi desligado e então o que me restava era aguardar a visita do CENIPA para averiguar o fato ocorrido e tomar suas providências.
O toque ocorreu as 22:21 e somente por volta das 02 da madrugada o CENIPA chegou. Para minha felicidade logo fui avisado de que não perderia o CCF, pois o que tinha ocorrido foi atribuído como interferência ilícita e não uma falha na operação. Então, por este motivo, o caso deveria ser conduzido pela polícia, aguardei mais uma hora pela visita do delegado e após algumas ligações, fui informado de que ele não poderia comparecer, mas que estava autorizado a remover a aeronave da pista para outro local.
Para finalizar, gostaria de ressaltar algumas colocações:
- O aeródromo de Sorocaba SDCO não possui bombeiros ou qualquer tipo de brigada contra incêndio.
- Não seria dever dos seguranças e administração prover segurança da operação e certificar de que todos auxílios estão em perfeito funcionamento?
- Como um aeródromo que possui operação de aeronaves de mais de 60 milhões de dólares pode apresentar tamanha falha?
Naquele momento me senti numa terra de ninguém e agora me sinto indignado com o que aconteceu, quando falo para os conhecidos, todos se espantam ao saber que colidi com madeiras sobre a pista. Realmente o caso é inacreditável e poderia ter me matado.
De tudo que ocorreu, aprendi a voar com mais responsabilidade, estar preparado para o inesperado e sempre consultar tudo que for auxiliar a segurança do voo, bem como solicitar informações via rádio do DAESP quando for operar nestes aeródromos.
Graças a Deus estou vivo e sai sem qualquer arranhão, somente um susto e mais uma história para contar...
Fotos que registrei:
Balizamento (ultima lampada acesa à esquerda da pista)
Pedaços do balizamento jogado na pista com a intenção de causar danos aos pneus da aeronave.
Objeto colocado sobre a centerline próximo a marca de mil pés.
O que sobrou da roda
Por muito pouco a hélice não tocou o asfalto.
AOG...
Brincadeiras a parte, Murphy existe... a hélice sempre para na horizontal, desta vez ela parou na vertical. Gostaram do meu primeiro e último FR ? hahaha
Segue a vida e seguem os voos!
Segue a vida e seguem os voos!
fonte/Forum/ContatoRadar
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