CINCO ANOS DEPOIS, A URUGUAIA PLUNA VOLTA A LEVANTAR VOO

Há cinco anos, os uruguaios estiveram perto de ver o fim da Pluna, sua pequena, mas emblemática companhia aérea nacional. A Varig, que controlava e administrava a empresa desde 1995, estava a ponto de quebrar e entregara a subsidiária à própria sorte. Sua frota era sucateada e os serviços encolheram. O governo local retomou o controle para salvar a Pluna do "desastre", como seus ministros qualificaram várias vezes a gestão da Fundação Ruben Berta. 

Quando voltou às mãos privadas, com a venda de 75% de suas ações ao fundo de investimentos Leadgate, o trauma da experiência anterior levou muita gente a olhar o negócio com desconfiança. Mas a recuperação da aérea já foi alvo de estudo da prestigiada Wharton Business School: de um prejuízo operacional de US$ 41 milhões em 2007, ano de entrada da Leadgate na Pluna, a companhia diminuiu o vermelho no balanço a cada temporada e deverá alcançar o equilíbrio no período de 12 meses que termina neste fim de junho.

"A nossa expertise é a reestruturação de empresas", disse ao Valor o diretor-geral da Pluna, Matías Campiani, um dos três sócios da Leadgate. Todos são argentinos, pós-graduados em administração, e tocavam suas carreiras em Munique quando decidiram montar uma gestora de investimentos própria. No Uruguai, já haviam assumido as operações da Parmalat, em 2004. Melhoraram a situação financeira da empresa e venderam-na em seguida ao grupo venezuelano Maldonado.

Na Pluna, por cuja participação majoritária havia desembolsado US$ 15 milhões, a Leadgate mexeu na malha aérea e unificou a frota. Cortou o voo deficitário a Madri e adotou como aeronave padrão o CRJ900 Next Generation (da Bombardier), com capacidade para 90 passageiros. Preço e cronograma de entrega fizeram a diferença na escolha do fornecedor. "Os canadenses apresentaram uma proposta que não pudemos resistir", sorriu Campiani, justificando a preferência pela Bombardier. "A Embraer tinha longa lista de espera e não pôde nos colocar na frente", disse o executivo, ao explicar que a impossibilidade de a fábrica de São José dos Campos entregar logo os novos aviões atrapalharia o plano de negócios da Pluna.

Hoje, a frota é composta por sete CRJ900. Outras três unidades chegam ainda neste ano - duas em setembro e uma em dezembro. Há opções de compra para mais três aviões em 2011 e três em 2012. A Pluna estuda fazer uma nova encomenda à Bombardier, desta vez de jatos CRJ200, para 50 passageiros.

O passo seguinte da Pluna, que tem acordos com TAM e Iberia, foi montar um "hub" regional em Montevidéu, estratégia que se mostrou crucial em um país de território diminuto. A companhia abriu rotas para seis destinos no Brasil (São Paulo, Rio, Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba e Foz do Iguaçu), além de Buenos Aires, Córdoba, Santiago e Assunção.

A aposta tem sido recolher passageiros em um país, propiciar conexão rápida na capital uruguaia e levá-los a um terceiro destino. Passagens mais baratas e tempo de permanência livre em Montevidéu, sem custo adicional, são a forma de compensar as horas a mais de viagem e a antipática política de cobrar US$ 8 por um sanduíche de presunto e queijo a bordo.

A Pluna acabou de ter 25% das ações vendidas à canadense Jazz Air. Foi um negócio de US$ 15 milhões - o mesmo valor pago pela Leadgate para ter uma fatia três vezes maior. Campiani e seus sócios têm 50% de participação e, o governo, 25%. Em até três anos, a ideia é abrir o capital. "São Paulo e Nova York são boas possibilidades, mas o IPO [oferta pública inicial] não é um fim em si, mas uma forma de levantar capital para expansão."

fonte/ValorEconomico

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