CHUVA DE PINHÕES FRACASSA DEVIDO À AÇÃO DE ROEDORES
Experimento no norte do Rio Grande do Sul não deu certo porque faltou querosene para impedir animais de avançarem nas sementes
Em
julho do ano passado, uma chuva de pinhões caiu sobre duas ilhas na
área da Usina Hidrelétrica Passo Fundo para iniciar o experimento de
reflorestamento de araucária
Foto:
Marielise Ferreira / Agencia RBS
Quando uma aeronave assumiu o papel das gralhas e fez chover pinhões
no norte do Estado, no ano passado, esperava-se que cerca de 40 mil
araucárias brotassem no solo de Campinas do Sul.
Mas a ideia de um rápido reflorestamento não foi combinada com os
roedores: faltou repelente para espantá-los e, em vez de brotar, quase
todos os 210 mil pinhões que tocaram o chão foram devorados. Havia
expectativa que ao menos 20% germinassem.
Foi a estreia da técnica de cultivo com o uso de aviões no Estado.
Coordenado pelo Departamento de Florestas e Áreas Protegidas (Defap) da
Secretaria Estadual de Meio Ambiente, o projeto planejava fazer nascer
10 milhões de mudas de araucária, em três anos.
O pinheiro brasileiro (Araucaria angustifolia) já cobriu
parte de Minas Gerais, Espírito Santo e da Região Sul. A planta vem
sendo substituída por lavouras e está ameaçada de extinção. A
experiência-piloto foi realizada em duas ilhas na área alagada de uma
hidrelétrica.
Responsáveis por monitorar, em terra, os pinhões que caíram do céu,
especialistas do curso de engenharia florestal do campus da Universidade
Federal de Santa Maria (UFSM) em Frederico Westphalen observam que,
para evitar que se tornassem alimento, os pinhões deveriam ter sido
banhados em uma solução de água e querosene, que funcionaria como uma
espécie de repelente.
A recomendação técnica seria mergulhar as sementes em um litro de
querosene para cada litro de água, dois dias antes do lançamento. A
mistura teria sido feita na proporção de 200 mililitros para um litro.
Segundo Roberto Ferron, ex-diretor do Defap e idealizador do projeto, a
Rio Grande Energia (RGE), uma das parceiras na iniciativa, era
responsável por adquirir os pinhões. A empresa deve repor vegetação sob
as redes de transmissão de energia.
Fabrício Steffens, engenheiro florestal e analista de gestão
ambiental da RGE, diz que o viveiro que forneceu as sementes aplicou a
mistura com querosene e água.
Outro temor era que, ao serem lançados no solo pelo avião, os pinhões
se partissem, o que não ocorreu. Os pesquisadores cultivaram amostras
de sementes que foram lançadas e 88% delas germinaram.
– Não esperávamos que aparecessem tantas capivaras e
ratões-do-banhado. Foram atraídos pelos pinhões. Mesmo assim, a
avaliação do experimento é positiva – diz Ferron.
Segundo o idealizador do projeto, é possível dar eficácia à ação. Uma
opção seria cercar a área de germinação, uma alternativa de alto custo.
Balanço da experiência
Ilha 1 (10 hectares)
6 mil sementes por hectare
63,15% desapareceram
29,82% não germinaram
7,02% foram roídas
Nenhuma germinou
Ilha 2 (30 hectares)
5 mil sementes por hectare
73,97% desapareceram
9,56% não germinaram
9,52% foram roídas
6,88% germinaram
fonte/ZeroHora
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