EUA TENTAM CONTROLAR ESCOLAS DE VOO PARA EVITAR TREINAR NOVOS TERRORISTAS
Patrick Murphy, diretor de uma escola de aviação
dos EUA (Foto: AP)
dos EUA (Foto: AP)
Dez anos após os ataques de 11 de Setembro, um sistema de triagem do
governo tornou mais difícil para estudantes estrangeiros se matricularem
em escolas de aviação civil do país, como um grupo de terroristas fez
nos atentados. Os controles mais rigorosos, entretanto, não se aplicam a
todos os alunos e instrutores. Escolas e formadores ainda têm de ser
especialmente alerta para evitar possíveis terroristas.
"Antes do 11 de Setembro, eu não teria pendurado o número de telefone e
o nome do agente local do FBI na minha parede. Hoje eu tenho", disse
Patrick Murphy, diretor do treinamento na Sunrise Aviation, em Ormond
Beach, Flórida, perto de Daytona Beach.
Centenas de escolas de voo dos EUA competem ferozmente pelos alunos. Na
Flórida, alguns ainda se aproveitam do clima como um diferencial que
permite aos estudantes voarem mais vezes e terminar programas mais
rapidamente. Este foi um dos motivos que atraíram os terroristas para
escolas de aviação dos EUA.
Escolas da Flórida têm razão para ter cuidado: três dos sequestradores
de 11 de Setembro foram simular voos em jatos grandes apenas seis meses
depois de chegar para o treinamento ali. Mohamed Atta (líder operacional
do sequestro), Marwan al Shehhi e Ziad Jarrah fizeram cursos no Estado.
Os terroristas obtiveram licenças e certificações, apesar de
indisciplinados e, muitas vezes, exibirem uma performance
insatisfatória.
Hoje, seria mais difícil para os quatro homens entrar escolas de voo
dos EUA. Há um processo mais rigoroso de visto para estudantes
estrangeiros que procuram o treinamento de voo no país. Eles não podem
começar até que a Administração de Segurança dos Transportes, criada
após o 11 de Setembro para proteger as viagens aéreas dos Estados Unidos, analisem o pedido.
Agora inspetores visitam as escolas com certificação pelo menos uma vez
por ano para garantir que os alunos tenham documentação adequada à
verificação da sua identidade e seus vistos.
Culpa indireta
Apesar das medidas do governo, o dono da escola onde Atta e Shehhi treinaram, Rudi Dekkers, diz que não está convencido de que pode-se evitar que o mesmo possa acontecer em outras escolas. "Se uma pessoa não se comporta, isso faz dela um terrorista? Então metade do país é terrorista", disse Dekkers.
Apesar das medidas do governo, o dono da escola onde Atta e Shehhi treinaram, Rudi Dekkers, diz que não está convencido de que pode-se evitar que o mesmo possa acontecer em outras escolas. "Se uma pessoa não se comporta, isso faz dela um terrorista? Então metade do país é terrorista", disse Dekkers.
Sua escola, a Huffman Aviation, foi fechada após os atentados de 11 de
Setembro. Ele diz que acabou julgado pelo público sem ter culpa. Dekkers
alega ter perdido US$ 12 milhões por causa do fechamento da empresa,
afirma ter sido ameaçado após os atentados e viu circularem boatos de
que teria ajudado os terroristas deliberadamente - acusação que nunca
foi fundamentada.
Segundo ele, os terroristas treinaram para os atentados usando um
simulador de voo da Microsoft e, pela lógica usada para acusá-lo, "Bill
Gates é culpado porque escreveu os planos para o simulador de voo",
disse, se defendendo, em entrevista a um jornal de Tampa, na Flórida.
Dez anos depois, Dekkers tem viajado para promover "Guilty by
association" (Culpado por associação), um livro sobre o fato de ter sido
responsável por pelo menos parte do treinamento dos terroristas
envolvidos no maior ataque já realizado em solo norte-americano.
Em entrevistas recentes, ele fala desta relação de "culpa" pelos
atentados. Diz ter "calafrios" sempre que toca no assunto e se sente mal
ao lembrar que se viu "envolvido no maior desastre que já aconteceu nos
Estados Unidos".
fonte/G1
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