PASSAREDO PÕE PILOTO NO LUGAR DO MECÂNICO


Por economia, a Passaredo Linhas Aéreas dispensou mecânicos e pôs os pilotos para supervisionar e acompanhar o abastecimento das aeronaves. 

A mudança foi implantada em março em três dos aeroportos onde a empresa opera --Vitória da Conquista e Barreiras, ambas na Bahia, e Araguaína, em Tocantins

Sétima em participação no mercado, a Passaredo opera nessas rotas com aeronaves Embraer ERJ-145, jatos para cerca de 50 passageiros. 

Normalmente, o abastecimento é feito por um funcionário terceirizado e acompanhado pelo mecânico. Aos pilotos, cabe verificar os equipamentos de cabine e fazer uma ronda externa no avião antes do voo.
Agora, um deles fica na cabine enquanto o outro abre e fecha o bocal de combustível e acompanha o processo. 

A decisão, afirma a empresa, se deve à necessidade de "otimização operacional".
Um dos pilotos da Passaredo denunciou o caso ao Sindicato Nacional dos Aeronautas e à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). 

Na denúncia, ele disse temer a medida, pois não teve treinamento adequado. Segundo o autor, sair para inspecionar o abastecimento prejudica a checagem pré-voo e, consequentemente, põe em risco a segurança.

 

Piloto da Passaredo observa abastecimento de aeronave em Vitória da Conquista (BA), onde empresa cortou mecânico
Piloto da Passaredo observa abastecimento em Vitória da Conquista (BA), onde empresa cortou mecânico
 
'RISCO'
Um bocal mal fechado, por exemplo, pode resultar em acidente durante o voo, diz o comandante Carlos Camacho, diretor de segurança do sindicato. Do mesmo modo, um piloto desacostumado a fazer esse tipo de serviço pode comprometer a operação. 

O abastecimento por um piloto inexperiente causou a queda de um Learjet-35 no entorno do Campo de Marte, em São Paulo, em 2007. Com mais querosene em uma das asas, o avião ficou desbalanceado e caiu logo após decolar. Oito pessoas morreram. 

Segundo a Anac, o procedimento da Passaredo é inusual, mas permitido mediante treinamento. A agência inspecionou a empresa; por volta das 19h30 de ontem, informou não ter constatado irregularidades.
A Passaredo diz ter treinado a equipe. Quem não apresentou "competência" foi "desligado". A segurança, sustenta a empresa, não foi afetada. O avião usado, acrescentou, não exige "presença de mecânico para despacho de voo". 

fonte/foto/FolhaSP
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