NÃO DÁ PARA TRADUZIR
Em recente reunião em Brasília, Nelson Faria Marinho, presidente da associação das vítimas brasileiras da tragédia com voo 447 da Air France, entregou um documento importante sobre o acidente ao coronel aviador da FAB Luís Cláudio Lupoli. O oficial da Aeronáutica foi designado pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) como o “representante credenciado” junto ao Escritório de Investigações e de Análises (BEA) da Aviação Civil da França, órgão responsável pela apuração das causas do acidente com o avião Airbus A330-203 no qual morreram as 228 pessoas a bordo.
Detalhe edificante: o documento desconhecido pelo “representante credenciado” era inteiramente escrito no idioma de Molière, autor da comédia Tartufo. Ou seja, em francês. O coronel Lupoli, visivelmente incomodado, perguntou a Marinho: “Não dá para traduzir?” A Aeronáutica informou que o coronel “tem acompanhado diuturnamente os trabalhos realizados pelo BEA”, uma investigação comandada 100% por… franceses. O inglês de Alain Bouillard, investigador-chefe do BEA, exige bastante atenção para se captar o sentido do que ele tenta expressar na língua que lembra a de Sheakeaspeare.
Se os diálogos e a linguagem corporal entre o representante credenciado brasileiro e o inspetor-chefe francês não entrarem para história dos grandes esforços de entendimento entre o Brasil e França, a contribuição às artes cênicas está garantida.
fonte/Veja/foto/Veja
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