MERCADO DO BRASIL GANHA PESO NA ATR
O Brasil representou no ano passado 25% das vendas de aviões novos do fabricante franco-italiano de turboélices ATR, que redecolaram em 2010 e atingiram 80 encomendas firmes, o dobro do registrado em 2009. E novos possíveis contratos com companhias aéreas brasileiras estão sendo discutidos atualmente, disse ao Valor Filippo Bagnato, presidente da ATR, ao anunciar ontem, em Paris, os resultados da empresa em 2010.
"Diria que há 70% de chances de que novas vendas a uma companhia aérea brasileira possam ser anunciadas no salão da aviação do Le Bourget, na França, em junho próximo", disse Bagnato, que não forneceu detalhes sobre as discussões. "O mercado da aviação regional no Brasil está em grande evolução e o crescimento do país é enorme", afirmou o presidente.
A América Latina representou no ano passado 38% das vendas da ATR, que informa ser a líder mundial do setor de turboélices, com aviões de 50 a 74 lugares. Os mercados emergentes - Brasil, Rússia China, Índia e outros países - se tornaram o grande filão da empresa com sede em Toulouse, no sudoeste da França. O Brasil e a Rússia totalizaram metade das encomendas firmes do fabricante em 2010.
A brasileira Azul anunciou em julho passado a compra de 20 aviões ATR 72-600, de última geração, além de 20 opções de compra, em um negócio estimado em US$ 850 milhões. Uma companhia aérea cujo nome não foi revelado, mas que Bagnato disse ao Valor ser russa, comprou outros 20 aviões.
Além das 80 aeronaves vendidas no ano passado, a ATR também praticamente dobrou em 2010 o número de opções de compra de aviões, que totalizaram 33 (sendo 20 da brasileira Azul). O montante global dos negócios, incluindo as opções, é estimado em US$ 2,4 bilhões.
A companhia faturou US$ 1,35 bilhão no ano passado, o que representa um leve recuo em relação ao anterior (US$ 1,4 bilhão), mas na comparação com o faturamento de 2005 - quando ocorreu a retomada do mercado de turboélices em razão da alta dos preços do petróleo - a ATR quase triplicou suas vendas.
Para a fabricante franco-italiana, os resultados registrados demonstram os primeiros sinais da retomada do mercado de aviação. A prova disso seria o número mais elevado do estoque de encomendas. O fabricante encerrou 2010 com um volume global de encomendas de 159 aviões, o que representa três anos de produção e um aumento considerável em relação a 2009, que era de 136 aeronaves.
A ATR entregou 51 aviões no ano passado, dos quais seis ATR 72-500 para a brasileira Trip, que já é a segunda maior frota mundial do fabricante europeu). O número ficou pouco abaixo dos 54 aviões entregues em 2009. Em 2011, esse volume deverá ser semelhante ao do ano passado, segundo Bagnato, mas a partir de 2012 a previsão é de um aumento expressivo.
Bagnato afirma que a demanda por turboélices chegará a 3 mil aviões nos próximos 20 anos, de acordo com as estimativas do mercado, sendo que 60% seria devida ao crescimento da frota e 40% se refere à troca de aeronaves antigas. "Para corresponder a esse aumento da demanda, estamos prontos para ultrapassar uma nova etapa de crescimento a partir de 2012, com entregas de 70 aviões por ano e um faturamento de US$ 1,8 bilhão nos próximos anos", diz Bagnato.
Em 2011, deverão ser entregues à brasileira Azul três aviões, informou Bagnato, os primeiros ATR 72-600, cuja certificação deverá sair em maio, e, no próximo ano, 12 aeronaves dessa nova geração para a mesma companhia.
Para acompanhar o aumento da produção global, a ATR pretende contratar este ano entre 40 e 50 funcionários para a linha de montagem, em Toulouse. "Mas o impacto do aumento de empregos deverá ser maior para os nossos fornecedores", afirma.
A companhia, joint venture em partes iguais entre o grupo italiano Finmeccanica e o consórcio europeu EADS, holding que controla a Airbus, estuda lançar aviões com 90 lugares ou mais. "A demanda por turboélices maiores está aumentando", disse Bagnato, que poderá apresentar o projeto aos dois acionistas da ATR a partir de 2012.
O fabricante anunciou a abertura de centros de formação neste ano em Paris, Toronto, Johanesburgo (África do Sul) e Bangalore (Índia). O Brasil não fazia parte dessa lista apresentada ontem, mas o presidente da ATR disse ao Valor que o Brasil também terá, em razão do aumento das vendas no país, uma unidade para a formação de pilotos.
fonte/VEconomico
Comentários