O PERIGO DE VOAR RESFRIADO
No inverno as gripes e resfriados são comuns, mas as viroses que aparecem no verão podem fazer com que o piloto fique doente.
Para quem trabalha em terra, de maneira geral, os resfriados não trazem maiores conseqüências além de um desconforto temporário. Porém, para os que voam, um simples resfriado pode ter resultados bem mais sérios. O artigo a seguir alerta para as influências da mudança de pressão atmosférica-a que constantemente são submetidos os pilotos e comissários - sob determinados quadros clínicos como resfriados, infecções de ouvido e garganta e congestão nasal.
No compacto ósseo do crânio e da face, há cavidades nos ossos temporal, frontal e maxilar, de ambos os lados e que têm aberturas nas fossas nasais e laringe posterior. Comunicam-se, assim, com a atmosfera exterior circundante, que as enche e participa, como gás, da pressão atmosférica envolvente. Uma dessas cavidades é o ouvido médio, cuja comunicação com as cavidades nasais se faz através de um tubo membranoso. Já nas outras, os 'seios da face' (frontais, maxilares, esfenoidais e etmoidais) se abrem por pequenos óstios.O ouvido médio está limitado para o lado de fora (ouvido externo) pelo tímpano, que tem no seu interior uma cadeia de ossinhos (martelo, bigorna e estribo). As vibrações sonoras penetram no conduto auditivo externo, são transmitidas pelo tímpano e a cadeia de ossinhos e vão impressionar as terminações sensitivas do nervo auditivo, através de uma 'janela' que comunica o ouvido médio com o ouvido interno.
Ação
Em virtude de a pressão barométrica diminuir quando nos elevamos do nível do mar, há uma dilatação do ar contido no ouvido médio, que procura escapar.
Quando a pressão externa diminui aproximadamente 15mm de mercúrio, uma bolha de ar é forçada a ir para o exterior, adquirindo a membrana do tímpano sua forma primitiva, pois se encontra distendida para fora em função da maior pressão no interior do ouvido médio. Quando a bolha de ar atinge o exterior, ouvimos um 'click' e as pressões são igualadas para a altitude em que nos encontramos. Durante a descida, a correção das pressões não se faz automaticamente e a equalização delas é dificultada, devido ao fato de o orifício faringeano agir como uma válvula oscilante, facilitando a saída do ar para o exterior e dificultando, porém, a entrada desse ar para o ouvido médio. A sensação de plenitude vai progredindo até o ponto em que a dor de ouvido surge.
Quando a pressão externa diminui aproximadamente 15mm de mercúrio, uma bolha de ar é forçada a ir para o exterior, adquirindo a membrana do tímpano sua forma primitiva, pois se encontra distendida para fora em função da maior pressão no interior do ouvido médio. Quando a bolha de ar atinge o exterior, ouvimos um 'click' e as pressões são igualadas para a altitude em que nos encontramos. Durante a descida, a correção das pressões não se faz automaticamente e a equalização delas é dificultada, devido ao fato de o orifício faringeano agir como uma válvula oscilante, facilitando a saída do ar para o exterior e dificultando, porém, a entrada desse ar para o ouvido médio. A sensação de plenitude vai progredindo até o ponto em que a dor de ouvido surge.
A ventilação do ouvido médio deve ser ajudada por uma série de manobras, durante a descida, para que a equalização se faça sem maiores problemas. Assim, devemos deglutir, abrir a boca, procurar esticar o pescoço e forçar o ar a passar pelas narinas, mantendo-as fechadas pinçadas com os dedos. Estas manobras devem ser executadas a cada intervalo de 1.000 pés de descida. Há causas patológicas que tornam difícil a equalização de pressão nos ouvidos médios. Todas as causas que provocam irritação nasal e da faringe, como resfriados, faringites, amigdalites, dor de garganta e infecções do ouvido dificultam e até tornam impossível a sua ventilação.
Resfriado
Uma regra a ser observada é a de não voar resfriado. O muco pode obstruir ou impedir a equalização da pressão do ouvido médio, causando zumbidos, surdez, dores e, em casos de rápidas ascensões ou descidas, hemorragias e rupturas do tímpano. Pode também ocorrer o transporte pelas bolhas de ar que vão para o ouvido médio, de gotas de muco infectado para dentro do ouvido, desencadeando um quadro de otite média aguda, com sintomas de dor, febre, surdez e latejamento lancinante. Se isso ocorrer, o aeronauta deve consultar imediatamente um otorrino; constatada a existência de inflamação do ouvido médio, pode-se salvar o tímpano, com uma punção adequada, lavagem e drenagem da serosidade e do pus, instituindo um tratamento de antibióticos capazes de debelar a infecção. Caso contrário, a secreção purulenta abre caminho pelo tímpano, rompendo-o e inutilizando-o definitivamente.
Conseqüências
A ruptura do tímpano pode significar uma parada temporária de 60 dias na atividade profissional do aeronauta, muitas vezes tornando-se necessária uma correção por cirurgia plática (timpanoplastia). Outras vezes, isto pode levar à incapacidade definitiva para a atividade aérea. Por isso, a indicação de higiene do trabalho aéreo é não voar resfriado. Com dois ou três dias 'no chão', fazendo desinfecção das vias aéreas superiores, inalação e - sob controle médico - tratamento descongestionante e antibiótico, haverá recuperação e o afastamento de complicações que o vôo com resfriado ou rinofaringite pode causar.
Sintomas
Seios da Face: localizados nos maxilares superiores e frontais; encontramos cavidades ventiladas conhecidas como seios (de sinus = cavidade) que mantêm contato com o exterior através de orifícios que não têm válvulas, permitindo, quando em estado de rigidez, a passagem perfeita do ar, tanto nas ascensões como nas descidas.
Estas cavidades são forradas internamente por uma mucosa chamada mucosa dos seios. Em qualquer estado patológico que implique na congestão das mucosas ou no entupimento dos orifícios dos seios da face, como nos casos de resfriados, sinusites, estados alérgicos, aumento da secreção nasal, surge imediatamente a dor, pela impossibilidade das pressões interna e externa se igualarem. Se o seio frontal é o atingido, a dor será sobre os olhos, semelhante a uma cefaléia frontal. Se o seio atingido for o maxilar, teremos dor debaixo dos olhos, simulando, muitas vezes, dor de dentes.
As manobras usadas para a equalização das pressões no ouvido médio e nos seios da face (deglutição, abrir a boca fazendo pressão, soprar com a boca fechada e o nariz obstruído), só devem ser usadas quando não houver processo inflamatório de rino faringite, com catarro e coriza, para não projetar para dentro das citadas cavidades materiais infectante. O tratamento das aero sinusites pode ser feito com substâncias vasoconstritoras da mucosa - desde que com controle médico. Se os fenômenos persistirem, deve ser feita uma pesquisa mais profunda para serem procurados tumores, desvios de septo, polipos ou reações alérgicas da mucosa, capazes de provocar a congestão e a obstrução dos orifícios dos seios da face.
fonte/RevistaCocpit/Abag.
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