ÍNDIA PROÍBE VOOS DO SU-30MKI FLANKER

A força aérea da Índia determinou que toda a frota de caças Su-30MKi, um derivado do caça da era soviética Su-27 «Flanker», seja proibida de voar, até que os problemas do modelo sejam resolvidos e explicados.
A decisão de cancelar temporariamente todos os voos da frota de cerca de 100 aeronaves, vem na sequência de um acidente ocorrido no passado dia 30 de Novembro, e de outro ocorrido em 30 de Abril com outro Sukhoi Su-30MKi.

A força aérea da Índia tem sofrido um enorme numero de acidentes com as suas aeronaves e este ano já se perderam 13 aeronaves de vários modelos, em diversos tipos de acidentes.
A força aérea da Índia tem sido acusada pela imprensa de ter standards muito baixos relativamente à gestão e operacionalidade da frota.

A tentativa de nacionalizar sistemas no país, para reduzir a dependência directa dos fornecedores russos, não tem resultado, os materiais não conseguem cumprir com os padrões mínimos e a opção continua a ser a de comprar aos russos.
No entanto, mesmo os padrões russos não são sempre de confiar. O mesmo equipamento pode ser fornecido por mais que uma empresa e os controles de qualidade são praticamente inexistentes.

Ainda recentemente as autoridades russas processaram uma empresa por ter fornecido materiais defeituosos para um fornecimento para caças Mig. Como não existe controlo efectivo de qualidade, a empresa apresentou peças de boa qualidade na proposta inicial, mas entregou materiais diferentes nos modelos de produção [1].

Se o numero de incidentes tem sido apontado à idade da frota e à necessidade de manter pilotos com um elevado numero de horas de voo – necessárias para manter uma alta operacionalidade – o facto de os Sukhoi Su-30MKi serem aeronaves muito recentes, deixa os analistas perplexos, pois em principio, uma aeronave recente, não deveria apresentar problemas que pudessem levar à queda de duas aeronaves em apenas sete meses.

Excesso de confiança
Entre as razões do problema poderá estar o excesso de confiança. O caça de origem russa, desenhado há mais de trinta anos, foi aprimorado para permitir aos pilotos uma manobrabilidade excepcional, que permitisse evitar os cada vez mais sofisticados mísseis ar-ar ocidentais.
No entanto, para beneficiar dessa manobrabilidade, é necessário correr um grande numero de riscos e ter uma preparação muito intensa e cara, que a maioria das forças pura e simplesmente não pode, nem quer pagar.
Para somar a isto, o Su-27, é visto como uma aeronave muito adequada para acrobacia aérea, mas, pelas razões acima referidas, nem todos os pilotos podem com facilidade efectuar as manobras, que sendo possíveis, são complicadas e perigosas, mesmo para pilotos de teste e demonstração.
O tipo, é muito apreciado em festivais aéreos, onde é sempre uma grande atracção, mas é também tristemente famoso pelo grande numero de acidentes, pois mesmo pilotos muito bem treinados têm perdido o controle do avião.

Record desastroso
No campo dos festivais aéreos, o ano de 2009 tem sido mau para o caça russo. Ainda no passado mês de Agosto, dois Su-27 chocaram em pleno voo durante um festival aéreo na Rússia, tendo morrido no acidente o comandante da força de acrobacia aérea russa.
Alguns dias mais tarde, uma aeronave do mesmo tipo, da força aérea da Bielorrússia, também se despenhou num festival aéreo na Polónia , num acidente do qual resultou a morte dos dois pilotos.
O caso mais grave ocorreu em 2002 na Ucrânia, quando um Su-27 da força aérea daquele país se despenhou sobre a multidão que assistia a um festival aéreo matando 85 pessoas.

O Su-27 e os seus derivados têm constituído uma dor de cabeça para os países utilizadores. Os elevados custos de manutenção, levaram ainda recentemente a que em vez de proceder à substituição do Su-27 pelo mais moderno Su-30 forças aéreas do sudoeste asiático tenham considerado a sua substituição pelo muito mais barato MiG-29.
[1] – A incapacidade da industria russa em dar garantias de controle de qualidade, foi não oficialmente uma das razões que levou à desqualificação sumária do caça Su-30/Su-35 no programa F-X/2 da Força Aérea Brasileira.

fonte/DefesaBR

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