BRASIL PREPARA NOVA AVIAÇÃO DE PATRULHA
De olho na vigilância dos tesouros do mar territorial brasileiro a aviação especializada na defesa oceânica vai mudar, muito, a partir de 2010. Com nove novas aeronaves P-3Br, convertidas a partir de um lote de doze, o grupo especializado da Força Aérea vai levar a observação oceânica até o limite da África, expandindo consideravelmente a capacidade de busca e resgate. A área de cobertura de segurança sob responsabilidade do País é de cerca de 6 milhões de quilômetros quadrados sobre o Atlântico.
Mais que isso, os grandes turboélices de quatro motores ganharam notável capacidade de combate. Podem lançar o míssil ar-superfície Harpoon, com alcance de 90 quilômetros, e despejar minas antinavio. A capacidade total de carga é de 9 toneladas, incluídos aí torpedos, bombas guiadas, cargas de profundidade e mísseis ar-ar de curto alcance da classe Piranha.
O P-3Br é a versão militar do Electra, utilizado na Ponte Aérea entre Rio e São Paulo entre 1975 e 1992.
Em abril, segundo o Comando da Aeronáutica, chegam à Bahia as duas primeiras aeronaves, pesadas e de grande porte, que podem permanecer em voo por 16 horas no limite de alcance de até nove mil quilômetros - ou metade disso em missão de ataque. O complexo sistema de procura e de localização eletrônica é muito avançado, identifica objetos de 60 centímetros sobre a água e esquadrinha blocos de centenas de quilômetros simultaneamente. A capacidade de detecção submarina é informação classificada, sigilosa.
O ministro Nelson Jobim, da Defesa, acredita que "se esse recurso já estivesse disponível no Brasil, as buscas por eventuais sobreviventes e por destroços do A330-200 da Air France (o jato que fazia a rota Rio-Paris caiu no mar dia 1º de junho) ganhariam um poderoso incremento". Jobim gostaria de antecipar a entrega talvez para novembro próximo.
Os 12 aviões são usados, comprados por meio de negociação direta entre governos. Foram fabricados entre agosto de 1964 e dezembro de 1965. Estavam estocados no Centro de Manutenção e Recuperação (Amarc) mantido pela Força Aérea americana em Tucson, no extra seco deserto do Arizona. Os esquadrões saíram de serviço depois de operar por mais de 25 anos. O custo de cada um é estimado em US$ 800 mil - só a aeronave.
A história é diferente no miolo eletrônico. As unidades estão sendo revitalizadas. O sistema de bordo, digital e de alto desempenho, é de última geração, fornecido pela EADS-Casa, empresa espanhola. O valor total do contrato é de US$ 470,946 milhões.
A Aeronáutica vai receber nove aviões operacionais. Manterá, na reserva, três deles, para canibalizar - vão servir como depósito de peças e de componentes. Um terá arranjos internos para instrução de operadores, mantendo a capacidade de uso regular. Não foi um processo fácil, esse, da aquisição dos P-3 e da encomenda da configuração eletrônica. Em 2004, dois anos depois de a escolha ter sido feita pelo Comando da Aeronáutica, o deputado Carlos Melles (DEM-MG) e o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) solicitaram informações ao Ministério da Defesa preocupados com o que definiram como "a não adoção da solução nacional" para a encomenda. Os parlamentares, alertados pela Associação das Indústrias Aeroespaciais Brasileiras (Aiab), queriam saber o motivo pelo qual o jato P-99, da Embraer, não havia sido escolhido. O avião, montado sobre a plataforma do modelo de passageiros Emb-145 de 50 passageiros, divide. O Comando da Aeronáutica, na época, argumentou que o alcance do P-99 era de apenas 3 mil quilômetros. A Força anunciou em 2005 que estava interessada no desenvolvimento de um patrulheiro maior, provavelmente baseado no Emb-190, cuja versão civil transporta além de 100 pessoas por 4.500 quilômetros. Outros argumentos: os P-3, da Lockheed-Martin, voam em 16 países, somam 420 unidades e, modernizados, terão a vida útil estendida por 25 anos - o mesmo tempo previsto para os P-99, segundo o esclarecimento prestado ao senador e ao deputado.
O programa de revitalização da EADS-Casa está sendo conduzido na Espanha. O primeiro P-3Br, o FAB 7200, voou no dia 29 de abril na base aérea de Getafe, próximo a Madri. A entrega formal, no final do semestre, será seguida de um período estimado entre 90 e 120 dias de operações de adestramento no próprio avião. Pilotos e técnicos estão sendo preparados pelo Ejército del Aire para a transição.
O empreendimento implica ampla transferência de tecnologia, afirma o ministro Jobim. O conhecimento está sendo partilhado com a iniciativa privada, por meio da Atech Tecnologias Críticas, de São Paulo. A empresa mantém, na Espanha, 14 especialistas diretamente aplicados, mais três engenheiros supervisores na matriz.
Os investimentos nesse segmento do processo são da ordem de US$ 9,4 milhões, algo como 2% do pacote financeiro completo. O engenheiro Cláudio Carvas, da Atech, sustenta que "o País vai ganhar independência no domínio do conhecimento para, mais adiante, utilizá-lo em outros empreendimentos que exijam sistemas embarcados, como, por exemplo, nos novos submarinos a serem incorporados pela Marinha". O patrulheiro mede 35,5 metros de comprimento por 30,3 metros de envergadura. Leva 11 tripulantes e tem seis consoles digitais de trabalho. A sede do time será o 7º Grupo de Aviação, em Salvador.
Mais que isso, os grandes turboélices de quatro motores ganharam notável capacidade de combate. Podem lançar o míssil ar-superfície Harpoon, com alcance de 90 quilômetros, e despejar minas antinavio. A capacidade total de carga é de 9 toneladas, incluídos aí torpedos, bombas guiadas, cargas de profundidade e mísseis ar-ar de curto alcance da classe Piranha.
O P-3Br é a versão militar do Electra, utilizado na Ponte Aérea entre Rio e São Paulo entre 1975 e 1992.
Em abril, segundo o Comando da Aeronáutica, chegam à Bahia as duas primeiras aeronaves, pesadas e de grande porte, que podem permanecer em voo por 16 horas no limite de alcance de até nove mil quilômetros - ou metade disso em missão de ataque. O complexo sistema de procura e de localização eletrônica é muito avançado, identifica objetos de 60 centímetros sobre a água e esquadrinha blocos de centenas de quilômetros simultaneamente. A capacidade de detecção submarina é informação classificada, sigilosa.
O ministro Nelson Jobim, da Defesa, acredita que "se esse recurso já estivesse disponível no Brasil, as buscas por eventuais sobreviventes e por destroços do A330-200 da Air France (o jato que fazia a rota Rio-Paris caiu no mar dia 1º de junho) ganhariam um poderoso incremento". Jobim gostaria de antecipar a entrega talvez para novembro próximo.
Os 12 aviões são usados, comprados por meio de negociação direta entre governos. Foram fabricados entre agosto de 1964 e dezembro de 1965. Estavam estocados no Centro de Manutenção e Recuperação (Amarc) mantido pela Força Aérea americana em Tucson, no extra seco deserto do Arizona. Os esquadrões saíram de serviço depois de operar por mais de 25 anos. O custo de cada um é estimado em US$ 800 mil - só a aeronave.
A história é diferente no miolo eletrônico. As unidades estão sendo revitalizadas. O sistema de bordo, digital e de alto desempenho, é de última geração, fornecido pela EADS-Casa, empresa espanhola. O valor total do contrato é de US$ 470,946 milhões.
A Aeronáutica vai receber nove aviões operacionais. Manterá, na reserva, três deles, para canibalizar - vão servir como depósito de peças e de componentes. Um terá arranjos internos para instrução de operadores, mantendo a capacidade de uso regular. Não foi um processo fácil, esse, da aquisição dos P-3 e da encomenda da configuração eletrônica. Em 2004, dois anos depois de a escolha ter sido feita pelo Comando da Aeronáutica, o deputado Carlos Melles (DEM-MG) e o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) solicitaram informações ao Ministério da Defesa preocupados com o que definiram como "a não adoção da solução nacional" para a encomenda. Os parlamentares, alertados pela Associação das Indústrias Aeroespaciais Brasileiras (Aiab), queriam saber o motivo pelo qual o jato P-99, da Embraer, não havia sido escolhido. O avião, montado sobre a plataforma do modelo de passageiros Emb-145 de 50 passageiros, divide. O Comando da Aeronáutica, na época, argumentou que o alcance do P-99 era de apenas 3 mil quilômetros. A Força anunciou em 2005 que estava interessada no desenvolvimento de um patrulheiro maior, provavelmente baseado no Emb-190, cuja versão civil transporta além de 100 pessoas por 4.500 quilômetros. Outros argumentos: os P-3, da Lockheed-Martin, voam em 16 países, somam 420 unidades e, modernizados, terão a vida útil estendida por 25 anos - o mesmo tempo previsto para os P-99, segundo o esclarecimento prestado ao senador e ao deputado.
O programa de revitalização da EADS-Casa está sendo conduzido na Espanha. O primeiro P-3Br, o FAB 7200, voou no dia 29 de abril na base aérea de Getafe, próximo a Madri. A entrega formal, no final do semestre, será seguida de um período estimado entre 90 e 120 dias de operações de adestramento no próprio avião. Pilotos e técnicos estão sendo preparados pelo Ejército del Aire para a transição.
O empreendimento implica ampla transferência de tecnologia, afirma o ministro Jobim. O conhecimento está sendo partilhado com a iniciativa privada, por meio da Atech Tecnologias Críticas, de São Paulo. A empresa mantém, na Espanha, 14 especialistas diretamente aplicados, mais três engenheiros supervisores na matriz.
Os investimentos nesse segmento do processo são da ordem de US$ 9,4 milhões, algo como 2% do pacote financeiro completo. O engenheiro Cláudio Carvas, da Atech, sustenta que "o País vai ganhar independência no domínio do conhecimento para, mais adiante, utilizá-lo em outros empreendimentos que exijam sistemas embarcados, como, por exemplo, nos novos submarinos a serem incorporados pela Marinha". O patrulheiro mede 35,5 metros de comprimento por 30,3 metros de envergadura. Leva 11 tripulantes e tem seis consoles digitais de trabalho. A sede do time será o 7º Grupo de Aviação, em Salvador.
Primeiro voo do P-3BR ocooreu em 29 de Abril, nas instalações de Getafe (Espanha) da Airbus Military
De olho na vigilância dos tesouros do mar territorial brasileiro, a aviação especializada na defesa oceânica vai mudar, muito a partir de 2010. Com nove novas aeronaves P-3Br, o grupo especializado da Força Aérea vai levar a observação oceânica até o limite da África, expandindo a capacidade de busca e resgate. A área de cobertura de segurança sob responsabilidade do país é de cerca de 6 milhões de quilômetros sobre o Atlântico.
Os grandes turboélices de quatro motores podem lançar o míssil ar-superfície Harpoon, com alcance de 90 quilômetros e despejar minas antinavio. A capacidade total de carga é de 9 toneladas.
O P-3Br é a versão militar do Electra, utilizado na Ponte Aérea entre Rio e São Paulo de 1975 a 1992. Em abril, segundo a Aeronáutica, chegam à Bahia as duas primeiras aeronaves, pesadas e de grande porte, que podem permanecer em voo por 16 horas no limite de alcance de até 9 mil quilômetros – ou metade disso em missão de ataque.
fonte: Estadão/clicrbs
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