EMBRAER DEMITE 220 EM BOTUCATU

A Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A. (Embraer) demitiu 220 funcionários da empresa em Botucatu (100 quilômetros de Bauru). Os trabalhadores atuavam na área do “chão de fábrica” e foram avisados de última hora sobre as dispensas. O motivo alegado para a dispensa foi a crise financeira mundial.
O sindicato que representa os trabalhadores contestou a política da empresa e vai se reunir para discutir o assunto. A Força Sindical e o Conlutas, em conjunto com os sindicatos dos metalúrgicos de São José dos Campos, Botucatu e Gavião Peixoto, irão entrar na Justiça contra as demissões na Embraer. A ação judicial será ajuizada na quarta-feia no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de Campinas contra as 4.200 demissões anunciadas em todas as unidades da empresa de aeronave.
Os trabalhadores foram “pegos de surpresa” com a demissão na troca dos turnos na tarde da quarta-feira. De acordo com Abelardo Wanderlino da Costa Neto, vereador (PV) e vice-presidente do Sindiaeroespacial, não houve lealdade e democracia nas demissões, que foram feitas em cima da hora. “Não houve diálogo e a empresa não avisou nada”, lamentou.
Abelardo relatou que o sindicato vem buscando conversar com a empresa desde outubro do ano passado, mas sem resultados. Entre dezembro do ano passado e o começo deste mês, outros cerca de 80 funcionários foram dispensados aos poucos pela unidade botucatuense. “Eles não deram respostas. Havia excelentes profissionais que foram mandados embora, alguns com até dez anos na empresa”, disse. O sindicato calcula que as demissões ficaram em 13% na empresa local.
Na próxima quinta-feira, o sindicato pretende analisar a situação daqueles que foram demitidos. Neto quer confirmar se havia funcionários que estavam para se aposentar e se tinham alguma pendência de acidente de trabalho. Para o vice-presidente da organização que representa os trabalhadores, a empresa poderia ter adotado outra postura. “Poderia ter sido algo democrático, como a redução de salário com garantia de emprego (aprovado em assembléia) ou um programa de demissão voluntária”, explicou.
A Embraer, que tem unidade em São José dos Campos e Gavião Peixoto, não quis se manifestar sobre os desligamentos regionais em Botucatu. Em comunicado à imprensa, a empresa destacou que “como decorrência da crise sem precedentes que afeta a economia global, em particular o setor de transporte aéreo, tornou-se inevitável efetivar uma revisão de sua base de custos e de seu efetivo de pessoal, adequando-os à nova realidade de demanda por aeronaves comerciais e executivas”.
A Embraer destacou que, embora tenha sede no Brasil, depende fundamentalmente do mercado externo e do desempenho do mercado externo e da economia global – mais de 90% de suas receitas são provenientes de exportações, pouco se beneficiando, da resiliência que o mercado doméstico brasileiro vem demonstrando”. As demissões representam cerca de 20% do efetivo de 21.362 empregados da empresa, com exceção das subsidiárias OGMA (Portugal) e HEAI (China). A mão-de-obra dispensada se concentra nas áreas operacional, administrativa e lideranças, além da eliminação de um nível hierárquico de sua estrutura gerencial.
A empresa também informou que reviu suas estimativas e previsão de investimentos para 2009. A Embraer lidera na fabricação de jatos comerciais de até 120 assentos e é uma das maiores exportadoras brasileiras. Na empresa de Botucatu havia cerca de 2 mil funcionários, onde há produção do avião Ipanema, fabricação de peças, estruturas e cablagens para os jatos das famílias ERJ 145, Embraer 170/190 e Phenom, montagem da estrutura da fuselagem do Super Tucano e fabricação de ferramental. Preocupados com as demissões nas indústrias nos últimos meses, os subsecretários Antônio Carlos Stein (Comércio e Serviços), e Paulo Urbanavicius (Indústria) se reuniram com o diretor regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de Botucatu, Moacir Fernandes. O prefeito de Botucatu, João Cury (PSDB), está preocupado com as demissões no município.

Fonte: Jornal da Cidade de Bauru

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