E O LADO NEGATIVO DA INTERNET NOS ARES

Quando bati o olho no título desta matéria do New York Times, me identifiquei na hora, visto que fui um dos que já testou o serviço de Wi-Fi nos ares oferecido pela Aircell em voos da American Arlines.
Na ocasião em que experimentei o serviço, tive imediatamente uma reação das mais positivas possíveis, visto que eu poderia finalmente tornar em algo produtivo as horas “perdidas” voando, sem falar que o tempo passa absurdamente mais rápido quando você está realmente entretido com algo. O que a repórter Micheline Maynard aborda, porém, é justamente o lado negativo disso tudo.
Em primeiro lugar, a matéria cita protestos que já estão sendo realizados pela Associação de Comissários de Voo dos Estados Unidos, que em sua maior parte é contra a novidade. Segundo eles, o serviço embute uma série de novas preocupações no trabalho a bordo das aeronaves, talvez tanto quanto a oferta de bebidas alcoólicas — citando exemplos como acesso a sites impróprios, incômodo de sons de videozinhos do YouTube e até mesmo a possibilidade de terroristas planejarem e se comunicarem sobre ataques ou sequestros aéreos com muito mais facilidade.
Outro aspecto levado em consideração tem relação com o fato de voos — dos mais curtos aos mais longos — serem usados por executivos como “válvulas de escape” para o mundo tumultuado do dia a dia, de maneira que, enquanto estão no ar, não precisam sequer inventar desculpas para não terem que trabalhar.
É claro que muito pode ser feito offline (e muitos o fazem), porém ter uma conexão à disposição faz com que a pessoa seja obrigada a continuar realizando as suas tarefas comuns — apenas o ambiente de trabalho é que muda temporariamente. Na medida em que a autonomia das baterias de notebooks se tornar ainda melhor e serviços como esse se tornarem cada vez mais baratos — eu paguei US$13 pelo acesso num voo de cerca de cinco horas de duração —, ninguém mais poderá se afastar ou adiar afazeres porque está a 35.000 pés de altura.
Para as companhias aéreas, porém, isso tudo é algo mais do que válido e que pode gerar bastante renda extra, principalmente quando passar a estar disponível em todo e qualquer voo doméstico — e, futuramente, também em viagens internacionais. A depender da quantidade de pessoas pagando pelo serviço em determinado voo, a renda pode equivaler inclusive à venda de mais algumas poltronas de passageiros.
Independente do que acham ou deixam de achar, não há muito o que se fazer pra fugir disso: uma vez que a tecnologia permita e viabilize esse tipo de serviço, é só questão de tempo para que todos tenham acesso. Cada vez mais, a internet se aproxima de um estado de onipresença.
fonte: blog macmagzine/Rafael Fischmann

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