PORTUGAL- Évora - perde fábrica de aviões
Évora, 6 set (Lusa) - O prefeito de Évora, José Ernesto Oliveira, lamentou neste sábado a opção pela França dos promotores do projeto de construção do avião Skylander, garantindo que mantém a intenção de criar um pólo aeronáutico na cidade portuguesa."Há outros projetos de dimensão muito maior. O pólo aeronáutico em Évora mantém-se como uma perspectiva muito sólida", afirmou o prefeito alentejano, em referência ao anúncio da Embraer de investir 169 milhões de euros na criação de duas fábricas aeronáuticas no município.José Ernesto Oliveira afirmou que "nada fazia prever" que o grupo francês GECI International, promotor do projeto Skylander, fosse desistir de construir a fábrica em Portugal."Os contactos oficiais com a GECI e com outras entidades ligadas ao investimento faziam prever que, no curto prazo, se daria a concretização do projeto em Évora", disse o prefeito, garantindo que o projeto estava bem encaminhado e envolvia um financiamento público "muito grande".O projeto do Skylander, de responsabilidade da Sky Aircraft Industries, criada pela GECI em parceria com investidores portugueses, envolvia investimento de mais de 100 milhões de euros, incluindo a construção de uma fábrica na zona do aeródromo municipal de Évora.A Sky Aircraft Industries falava em produzir 1.100 aviões entre 2011 e 2027, prevendo o vôo do primeiro protótipo para finais de 2009. O projeto apontava para a criação de 3 mil postos de trabalho, sendo 900 diretos.DecepçãoNeste sábado, as autoridades de Évora exigiram em nota oficial esclarecimentos dos promotores do projeto e da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (Aicep) sobre as razões da transferência do investimento para a região de Lorraine, na França.O município exige ao grupo francês que, "em nome da transparência e de todo o bom acolhimento" durante os quatro anos de negociações, preste "todos os esclarecimentos das razões que o levaram a esta súbita mudança de orientação".Simultaneamente, o governo de Évora diz esperar das autoridades portuguesas envolvidas na negociação, em particular da Aicep, "os esclarecimento necessários para que os alentejanos e os eborenses conheçam verdadeiramente todos os recentes desenvolvimentos deste assunto".O município garante que "fez tudo o que estava ao seu alcance para instalar o Skylander em Évora, respondendo positivamente a todas as solicitações dos promotores do projeto.Manifestando-se "desapontada" pela não materialização do projeto, a prefeitura reforça sua "firme determinação em concretizar em Évora outros projetos da indústria aeronáutica"."É oportuno reafirmar que os projetos de construção de duas unidades de produção de componentes aeronáuticos da responsabilidade do construtor Embraer se mantêm em evolução adiantada, conforme o calendário já acordado", salienta.EmbraerA Assembléia Municipal de Évora já aprovou a "isenção total" do Imposto Municipal sobre Imóveis e do Imposto Municipal sobre as Transmissões às duas empresas anunciadas pela Embraer.O investimento da Embraer se divide entre a criação de uma fábrica de estruturas metálicas (cerca de 117 milhões) e outra de produção de peças em materiais compósitos e montagem de conjuntos (cerca de 52 milhões).A primeira, que deve criar "440 postos de trabalho qualificados e diretos", vai produzir estruturas a partir de peças e conjuntos, em ligas de alumínio, aço e titânio aeronáuticos.A unidade será equipada com "a tecnologia mais avançada disponível no mercado" e contará com "trabalho altamente qualificado", assegurou o município.Já a segunda unidade industrial prevê a criação de "cerca de 129 postos de trabalho qualificados e diretos".O investimento da Embraer em Évora foi formalizado em 26 de julho, em Lisboa, em cerimônia que contou com a presença do primeiro-ministro português, José Sócrates, e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
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