MÍSTERIO REVELADO - ANTOINE SAINT-EXUPÉRY...

Foi um segredo guardado durante 64 anos. Horst Rippert, piloto alemão da Luftwaffe, admitiu, aos 88 anos, ter abatido Antoine de St Exupéry ao largo de Marselha durante a Segunda Guerra Mundial. Filmado pelos autores do livro que verá a luz do dia em França, no fim do ano, combinou primeiro que o seu testemunho só fosse revelado após a sua morte - mas foi depois convencido a fazê-lo antes. O seu depoimento é uma das revelações deste livro, que apresenta fotografias inéditas, e outros pormenores inéditos sobre o autor de "O Pequeno Príncipe", um dos livros mais populares do mundo inteiro. O piloto que abateu o avião de St Exupéry revela que desejou mil vezes não o ter matado, já que era um admirador do escritor francês. "Na nossa juventude, todos lemos e adorávamos os seus livros. A sua obra despertou a vocação de voar em muitos de nós", afirmou. "Se soubesse quem era, jamais teria disparado", confessou aos autores do livro.

A obra, cujo título não é conhecido, uniu os esforços de quatro autores: Luc Vanrell, o explorador subaquático que descobriu o avião de St Exupéry no fundo do mar, perto de Marselha, em 2004, a 83 metros de profundidade; Lino von Gartzen, um Alemão que fundou a Associação de Busca de Aviões Perdidos durante a Guerra; Bruno Faurite, piloto e investigador aeronáutico; e François d' Agay, sobrinho e afilhado do escritor.
Quem nunca leu "O Pequeno Príncipe" e descobriu que "o essencial é invisível para os olhos"? Poucos, certamente - como poucos também serão os que não gostariam de ver resolvido o mistério da morte do autor francês, desaparecido após um último voo de reconhecimento, a 31 de agosto de 1944, durante a Segunda Guerra Mundial. O corpo do aviador, nunca encontrado, alimentou uma incerteza que se prolongou por décadas.

O último voo

Pouco passava das nove da manhã do dia 31 de julho de 1944 quando Antoine de St Exupéry descolou da base aérea de Borgo-Poretta, a sul de Bastia, na Córsega, a bordo do seu Lockheed Lightning P-38. A missão tinha como objetivo realizar um reconhecimento fotográfico para preparar o desembarque dos Aliados na Provença, fotografando as tropas alemãs em diversos pontos do país. Radares americanos na Córsega seguiram-no até Hyères, mas pouco depois os radares alemães também detetaram a sua presença entre Annecy e Grenoble, fazendo soar o alarme.
O piloto alemão Horst Rippert descolou da base de Aix-les-Milles com o fito de reconhecer e atacar o inimigo. A bordo de um Masserschmidt ME-109, o piloto teve pouca dificuldade em localizar St Exupéry, que surpreendentemente, voava abaixo da altitude de segurança. O escritor voava a 2000 metros de altitude, quando o normal é voar a 10 000 - o que o torna normalmente inalcançável. Sem dificuldades, Horst apontou, atirou e acertou. O avião caiu a pique sobre o mar, e ninguém se ejetou. Dias depois, quando a notícia do desaparecimento do escritor surgiu, Rippert pediu secretamente que não fosse ele a vítima do seu fogo. E manteve o segredo durante 64 longos anos.

A última nota do escritor, encontrada na sua secretária, dizia assim: "Se for abatido, não lamentarei. A termiteira futura espanta-me e odeio a sua virtude de robôs. Estava feito para ser jardineiro". Como se Antoine, 44 anos, intuísse a proximidade do fim. Por que razão voava tão baixo um piloto com mais de 6500 horas de voo?. O mistério nunca foi respondido, e décadas passaram sem vestígios de corpo ou destroços do avião de St Exupéry.

Até que em 1998, um pescador de Marselha, Jean Claude Bianco, pescou mais do que peixe nas suas redes. Uma pulseira prateada, com o nome de Antoine de Saint Exupéry e da mulher inscritos, voltou a dar fôlego a um caso cujas pistas haviam esfriado há muito. Este foi o ponto de partida para Luc Vanrell, arqueólogo submarino (e um dos autores do livro) iniciar uma busca que duraria 10 anos e viria a revelar os destroços de duas avionetas - um Messerschmitt do príncipe alemão zu Bentheim uns Steinfurt, e o Lightning de St Exupéry. Uma parte do aparelho encontra-se hoje no Museu do Ar e do Espaço de Bourget.

Do corpo de Antoine de St Exupéry, continua sem haver rastro. Mas a obra fala mais alto. O homem que escreveu que "amar não é olhar um para o outro, é olhar juntos na mesma direção", ou que disse "aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós" não precisa de registro material para já constar no Panteão dos maiores.

fonte/MsnNotícias

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