BRASIL CRIA MÍSSIL PARA GRIPEN

Concepção artística do lançamento do míssil a um alvo localizado a 90°. Foto: Divulgação Concepção artística do lançamento do míssil a um alvo localizado a 90°. Foto: Divulgação

Empresas de São José participam do desenvolvimento do armamento de 5ª geração que vai equipar os novos caças da Aeronáutica; lançamento de protótipo foi realizado com sucesso este mês na África do Sul

Brasil e África do Sul transformaram em realidade o objeto de uma parceria iniciada em 2006 ao concluírem com sucesso este mês o lançamento de um míssil de última geração denominado A-Darter.
O armamento será usado nos caças Gripen NG da Força Aérea Brasileira e deve começar a ser produzido no primeiro semestre de 2016. Com o sucesso no lançamento, começa agora a fase de certificação do míssil.

O míssil é fruto de uma parceria entre os dois países e envolve empresas baseadas em São José dos Campos, como a Mectron e a Avibras. Também integra o projeto a Opto Eletrônica, de São Carlos.
Ao todo, já foram investidos R$ 300 milhões no projeto.

Teste. O lançamento do protótipo foi feito de um caça Gripen da Força Aérea da África do Sul. O alvo, uma aeronave não tripulada, estava em uma rota a 90° da aeronave lançadora e se distanciava. Apesar disso, o sistema de mira do míssil conseguiu "travar" no alvo, que também estava em uma altitude 600 metros mais elevada.
Considerado um modelo de 5ª geração, o A-Darter mede 2,98 metros de comprimento e 90 kg de peso. O míssil não tem asas e consegue fazer manobras ao direcionar o empuxo do seu motor-foguete.
Com isto, o armamento consegue ser até 10 vezes mais rápido do que um caça moderno. Além disto, o A-Darter é guiado pelo calor e também consegue "enxergar" em mais de uma frequência de infravermelho, o que permite evitar iscas incandescentes lançadas para confundir os mísseis. O alcance máximo é de 12 quilômetros.
A previsão é que a montagem final dos protótipos do novo míssil seja feita na Avibras. Por meio de nota, a Avibras informou que “o projeto A-Darter é importante para o desenvolvimento de tecnologias e de produtos novos”.
Quanto ao impacto comercial do programa no faturamento da empresa, a Avibras informou que “é pequeno neste momento, mas poderá ser mais significativo nas fases de produção seriada para o Brasil e para exportação”.
A Mectron e a Opto Eletrônica não comentaram.

Gripen. Autoridades militares da Suécia estiveram em São José entre os dias 10 e 12 para articular um acordo bilateral que envolva a certificação dos caças Gripen e a garantia da qualidade de produtos aeronáuticos.

As tratativas são conduzidas pelo IFI (Instituto de Fomento Industrial), sediado no DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial) e pela Flugi, a autoridade militar de aeronavegabilidade da Suécia.

Início da parceria
2006

Prospecção
Ao final de 2012, a FAB contratou a Denel do Brasil por R$ 1,4 milhão para fazer um levantamento das empresas nacionais com potencial ou interesse em participar do programa

Empresas envolvidas
Brasil - Mectron, Avibras e Optoeletrônic
África do Sul - Denel Dynamics/ Denel do Brasil

Valor do projeto
R$ 300 milhões

Início de fabricação
Primeiro semestre de 2016

Estágio atual
Após o lançamento com sucesso, começa a certificação

Características
2,98 m de comprimento e 90 kg de peso, ausência de asas, resiste a forças de 100G, guiado por calor e capaz de "enxergar" em mais de uma frequência de infravermelho, alcance de 12 quilômetros

Crise econômica ameaça projeto


Para Expedito Bastos, especialista em assuntos militares da Universidade Federal de Juiz de Fora (MG), a crise econômica que ronda o Brasil e os problemas vivenciados pela Avibras ameaçam o sucesso do projeto do míssil.

Os funcionários estão há dois meses sem salário e em licença remunerada.
“Acho complicado saber se vai ter recurso para isso. A situação do país é preocupante e a da Defesa, pior ainda”, afirmou Bastos.
 

O especialista também questiona as vantagens para as empresas brasileiras com a transferência de tecnologia prevista pela parceria.
“Tem que saber se a parceria com a Denel (empresa da África do Sul) vai ser dessa forma e se vai ter desdobramentos. Temos outros projetos de mísseis que não deram em nada.”


fonte/foto/OVale

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