COMO O ACIDENTE FATAL DE UM GENERAL QUASE REVELOU TODOS OS SEGREDOS DA ÁREA 51




Em seu novo livro “Area 51: An Uncensored History of America’s Top Secret Military Base” (inédito no Brasil) a autora Annie Jacobson conta alguns dos maiores segredos militares dos EUA – incluindo a história de como o passeio fatal de um general em um caça inimigo capturado quase deflagrou a base inteira.

Em outubro de 1979 foi iniciada a construção da unidade de apoio para o desenvolvimento do caça invisível F-117 Nighthawk em Tonopah, dentro da Área 52. Tonopah estava distante da já distante e restrita Área 51 e da Área de Testes de Nevada, um lugar que ninguém além dos envolvidos nos projetos jamais ouviu falar.



A Área 51 serviu como modelo para a unidade em construção na Área 52. Pistas de pouso e taxiamento eram construídas de modo similar, bem como o hangar de manutenção, por equipes livres de contratos de trabalho em Nevada. Dezesseis casas móveis foram levadas e vários prédios de apoio foram construídos. Sandia não queria chamar atenção ao projeto, então os oficiais da USAF (Força Aérea Americana) foram ordenados a deixar o cabelo e barba compridos. Com um visual hippie, oposto ao visual militar, seria menos provável que chamassem a atenção indesejada para o projeto altamente secreto que surgia nos arredores. Dessa forma, os homens poderiam fazer os negócios necessários na cidade de Tonopah.

As duas unidades, Área 51 e Área 52, trabalharam juntos para deixar o F-117 pronto para a batalha. Quando um ataque simulado foi realizado nos portões da Área 51 em 1982, os voos de testes do F-117 – que só aconteciam à noite – já estavam em pleno andamento. Ambas as unidades permaneceram secretas durante trinta anos. Estima-se que dez mil pessoas conseguiram manter o programa F-117 totalmente oculto. Houve muito esforço coletivo e ordens sucintas de seguir em frente. Dez anos mais tarde, o programa foi quase encerrado quando um general da USAF quebrou o protocolo e decidiu passear em um dos caças MiG capturados e mantidos na Área 51 para testes de combates simulados.

A morte do Tenente General Rober M. Bond em 26 de abril de 1984 foi uma tragédia evitável. Com 267 missões de combate real em seu currículo – 44 na Coreia e 213 no Vietnã – Robert Bond era um piloto condecorado, um veterano de guerra reverenciado por muitos.

Na época do acidente, ele era o vice-comandante do Comando de Sistemas da USAF, na base de Andrews em Maryland, o que fazia dele um VIP quando se tratava do programa F-117 na Área 51. Em março de 1984, o General Bond chegou à unidade secreta para ver o progresso do trabalho. A visita do general não deveria ser diferente daquelas feitas pelos generais cujos passos Bond estava seguindo, visitas estas que começaram em 1955. Os dignitários sempre foram tratados em grande estilo; eles comeriam, beberiam e testemunhariam a história secreta sendo escrita. Seguindo a tradição, a primeira visita do General Bond ocorreu sem incidentes.



Mas além de ficar impressionado pelo F-117 Nighthawk, o General Bond também era fascinado pelo programa secreto dos MiGs, que ainda estavam ativos na Área 51. Nos quinze anos passados desde que a CIA colocou suas mãos num MiG-21 de Munir Redfa, a CIA e a Força Aérea haviam adquirido de diversas fontes uma frota de aviões soviéticos que incluía um MiG-15, um MiG-17 e, mais recentemente, o supersônico com asas de geometria variável MiG-23.

Em uma visita à Área 51 no mês seguinte, o General Bond requisitou um voo no MiG-23. “Cada hora em um avião soviético era preciosa. Não tínhamos peças de reposição. Não podíamos bancar desgastes desnecessários. Normalmente um piloto treinaria por, no mínimo, duas semanas antes de voar em um MiG. Em vez disso, o General Bond teve uma breve instrução já sentado no avião, com o instrutor dizendo ‘faça isso e aquilo’.” Em outras palavras, em vez de passar duas semanas treinando, ele simplesmente atropelou o procedimento. Poucas horas depois o General Bond estava sentado no cockpit de um MiG, sobrevoando o Lago Groom.

Tudo parecia bem, mas logo que cruzou a Área de Testes de Nevada, Bond chamou a torre pelo canal de emergência no rádio. “Estou fora de controle”, disse, aflito. O MiG estava acima de Mach 2. “Preciso sair, estou sem controle” foram as últimas palavras do general. O MiG entrou em parafuso e começou a cair. Bond ejetou-se do avião, mas aparentemente foi morto quando a tira de seu capacete quebrou seu pescoço. O general e o avião caíram na Área 25, em Jackass Flats, onde o solo ainda estava altamente contaminado pelos testes secretos do NERVA (um foguete nuclear) que haviam sido realizados ali.


A morte do General Bond abriu a possibilidade de exposição de cinco programas e unidades secretas, incluindo o programa MiG, o F-117, Área 51, Área 52 e as explosões do reator nuclear em Jackass Flats. Ao contrário das mortes dos pilotos da CIA em voo na Área 51, que puderam ser justificadas como um acidente genérico de treinamento, a morte do general precisava de uma explicação detalhada. Se a imprensa fizesse muitas perguntas, poderia desencadear uma investigação federal. Um dos programas teria que ser exposto para proteger os outros.

O Pentágono decidiu expor o MiG. Silenciosamente, Fred Hoffman, um jornalista militar na Associated Press, “vazou” a informação de que Bond morreu no controle de um MiG-23 soviético. A questão enfatizada era como o Pentágono conseguiu obter um avião do bloco soviético. “O governo sempre foi relutante em discutir tais aquisições por receio de constranger as doações amistosas, mas os holofotes estavam sobre a morte de um general de três estrelas da Força Aérea em um acidente de avião em Nevada no dia 26 de abril que foi rapidamente abafado”, escreveu Hoffman, adicionando que “fontes sigilosas disseram que o MiG-23, o mais avançado avião de guerra soviético em posse dos americanos, foi fornecido pelo Egito”.

Com esta cobertura parcial, os segredos da Área 51, Área 52 e do F-117 estavam seguros. Levaria outros quatro anos para que o público tivesse a mínima ideia de que o F-117 Nighthawk existia. Em novembro de 1988, uma imagem granulada do avião futurista em forma de ponta de lança foi divulgada a um público impressionado, apesar de as variações do F-117 terem voado nas Áreas 51 e 52 durante onze anos em segredo.

Nota do editor: o local onde o MiG-23 caiu foi marcado com uma pequena placa de granito negro, contrastante com o deserto ao seu redor e dentro de uma propriedade do governo dos EUA. Sua inscrição diz: “BOBBY BOND, 26 DE ABRIL DE 1984. FOI UM HOMEM FORTE, UM AMIGO LEAL E DEDICADO, QUE DEU SUA VIDA PELO PAÍS QUE AMAVA”

Esta história foi originalmente publicada em “Area 51: An An Uncensored History of America’s Top Secret Military Base” e foi republicada com permissão dos autores.

fonte/Jalopnick

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